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FOLHAPRESS – Quando não se pode trabalhar com sutilezas, encontra-se um meio de colocá-las na direção. Desse modo, uma olhada no espelho se transforma em um enquadramento requintado de “Peter Pan & Wendy”, nova atração da Disney+ e nova adaptação com atores de uma das animações clássicas do estúdio.

David Lowery é um diretor ambicioso. Seu longa anterior, “A Lenda do Cavaleiro Verde”, de 2021, tem o selo da A24, produtora de “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” que tem angariado defensores fanáticos e críticos implacáveis por suas produções cheias de um verniz artístico bem discutível.

Aqui, ele trabalha dentro de um estúdio de entretenimento infantojuvenil, num contexto em que o público de cinema se tornou extremamente infantilizado. O enfrentamento é estabelecido desde o início: a ambição artística num meio que busca de todos os modos frear qualquer demonstração de autoria.

A trama é bem conhecida. Peter Pan é o menino que se recusa a crescer. Wendy vive com ele uma emocionante aventura na Terra do Nunca, sempre acompanhada de seus dois irmãos menores e com o antagonismo do Capitão Gancho.

O episódio será para Wendy um rito de passagem. Ela começará a entender o contrassenso de permanecer sempre criança e aceitará que já não pertence mais à infância.

Steven Spielberg, diretor mais tarimbado que Lowery, teve dificuldade de narrar a história de Peter Pan em “Hook – A Volta do Capitão Gancho”, mesmo contando com atores famosos como Robin Williams, Julia Roberts e Dustin Hoffman.

Lowery trabalha com um inspirado Jude Law no papel do vilão, aqui sem os cabelos negros que o caracterizaram até então. Mas Law é um ator sem tanto apelo comercial, assim como Alexander Molony e Ever Anderson, que interpretam Peter Pan e Wendy.

Por outro lado, talvez essa ausência de grandes estrelas tenha dado oportunidade de inserir no roteiro algumas ideias progressistas dentro desse tipo de produção. A Disney parece ter percebido e mandou o filme direto para o streaming, o que pode ser interpretado como falta de confiança no próprio produto.

É um filme trôpego, cuja força está nos elementos contrários que se digladiam. Um filme feito de contradições, que contaminam todo o relato e o tornam surpreendentemente interessante, embora não de todo bem-sucedido para adultos não infantilizados.

A longa sequência inicial de “Peter Pan & Wendy”, por exemplo, é toda composta de imagens escuras. São 18 minutos de penumbra, algo bem ousado para a adaptação de uma fantasia juvenil. Há ainda um longo e revelador diálogo entre Capitão Gancho e Wendy que deixará muitas crianças impacientes.

Depois, há algumas implicações políticas que trazem novas camadas ao filme. Por exemplo, há a necessidade de aceitação das responsabilidades que surgem com a maturidade, das quais Peter Pan fugiu e, como ele, das quais Wendy também pretendia fugir. Isso já estava na animação original de 1953 e no conto de J.M.Barrie, mas aqui parece ter maior destaque.

Peter Pan aqui não é branco e as crianças perdidas que o acompanham formam uma miscigenação de excluídos que usam arco e flecha para se defender. Nesse sentido, o filme é a correção política da animação de 1953, que representava os agora chamados povos originários como selvagens.

A atriz que interpreta Sininho, Yara Shahidi, é negra. Ela fala, mas não a entendemos, simbolizando as vozes caladas das mulheres negras ao longo da história. “Obrigada por me ouvir”, ela diz para Wendy em certo momento do filme. Nesse momento, nós também a ouvimos bem.

As tramas costumam revelar que Hollywood é predominantemente democrata. Suas produções costumam disfarçar a prática imperialista dominadora das salas de cinema de todo o mundo -agora também do streaming- com alguns traços bem evidentes de uma ideologia progressista, geralmente contra opressores de qualquer espécie.

Ao ressuscitar a saudosa prática do contrabando de ideias “subversivas” em um dos estúdios mais fechados à ambiguidade e à crítica, e de quebra ainda traçar alguns comentários críticos sobre o “etarismo”, praga ainda aceita em muitos círculos de esquerda, Lowery injeta um pouco de gás no decadente cinema comercial americano.

PETER PAN E WENDY

Avaliação Bom

Onde Disponível no Disney+

Classificação 10 anos

Elenco Alexander Molony, Ever Anderson e Jude Law

Produção EUA, 2023

Direção David Lowery

SÉRGIO ALPENDRE / Folhapress

Boa direção de ‘Peter Pan & Wendy’ injeta gás em Hollywood decadente

FOLHAPRESS – Quando não se pode trabalhar com sutilezas, encontra-se um meio de colocá-las na direção. Desse modo, uma olhada no espelho se transforma em um enquadramento requintado de “Peter Pan & Wendy”, nova atração da Disney+ e nova adaptação com atores de uma das animações clássicas do estúdio.

David Lowery é um diretor ambicioso. Seu longa anterior, “A Lenda do Cavaleiro Verde”, de 2021, tem o selo da A24, produtora de “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” que tem angariado defensores fanáticos e críticos implacáveis por suas produções cheias de um verniz artístico bem discutível.

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Aqui, ele trabalha dentro de um estúdio de entretenimento infantojuvenil, num contexto em que o público de cinema se tornou extremamente infantilizado. O enfrentamento é estabelecido desde o início: a ambição artística num meio que busca de todos os modos frear qualquer demonstração de autoria.

A trama é bem conhecida. Peter Pan é o menino que se recusa a crescer. Wendy vive com ele uma emocionante aventura na Terra do Nunca, sempre acompanhada de seus dois irmãos menores e com o antagonismo do Capitão Gancho.

O episódio será para Wendy um rito de passagem. Ela começará a entender o contrassenso de permanecer sempre criança e aceitará que já não pertence mais à infância.

Steven Spielberg, diretor mais tarimbado que Lowery, teve dificuldade de narrar a história de Peter Pan em “Hook – A Volta do Capitão Gancho”, mesmo contando com atores famosos como Robin Williams, Julia Roberts e Dustin Hoffman.

Lowery trabalha com um inspirado Jude Law no papel do vilão, aqui sem os cabelos negros que o caracterizaram até então. Mas Law é um ator sem tanto apelo comercial, assim como Alexander Molony e Ever Anderson, que interpretam Peter Pan e Wendy.

Por outro lado, talvez essa ausência de grandes estrelas tenha dado oportunidade de inserir no roteiro algumas ideias progressistas dentro desse tipo de produção. A Disney parece ter percebido e mandou o filme direto para o streaming, o que pode ser interpretado como falta de confiança no próprio produto.

É um filme trôpego, cuja força está nos elementos contrários que se digladiam. Um filme feito de contradições, que contaminam todo o relato e o tornam surpreendentemente interessante, embora não de todo bem-sucedido para adultos não infantilizados.

A longa sequência inicial de “Peter Pan & Wendy”, por exemplo, é toda composta de imagens escuras. São 18 minutos de penumbra, algo bem ousado para a adaptação de uma fantasia juvenil. Há ainda um longo e revelador diálogo entre Capitão Gancho e Wendy que deixará muitas crianças impacientes.

Depois, há algumas implicações políticas que trazem novas camadas ao filme. Por exemplo, há a necessidade de aceitação das responsabilidades que surgem com a maturidade, das quais Peter Pan fugiu e, como ele, das quais Wendy também pretendia fugir. Isso já estava na animação original de 1953 e no conto de J.M.Barrie, mas aqui parece ter maior destaque.

Peter Pan aqui não é branco e as crianças perdidas que o acompanham formam uma miscigenação de excluídos que usam arco e flecha para se defender. Nesse sentido, o filme é a correção política da animação de 1953, que representava os agora chamados povos originários como selvagens.

A atriz que interpreta Sininho, Yara Shahidi, é negra. Ela fala, mas não a entendemos, simbolizando as vozes caladas das mulheres negras ao longo da história. “Obrigada por me ouvir”, ela diz para Wendy em certo momento do filme. Nesse momento, nós também a ouvimos bem.

As tramas costumam revelar que Hollywood é predominantemente democrata. Suas produções costumam disfarçar a prática imperialista dominadora das salas de cinema de todo o mundo -agora também do streaming- com alguns traços bem evidentes de uma ideologia progressista, geralmente contra opressores de qualquer espécie.

Ao ressuscitar a saudosa prática do contrabando de ideias “subversivas” em um dos estúdios mais fechados à ambiguidade e à crítica, e de quebra ainda traçar alguns comentários críticos sobre o “etarismo”, praga ainda aceita em muitos círculos de esquerda, Lowery injeta um pouco de gás no decadente cinema comercial americano.

PETER PAN E WENDY

Avaliação Bom

Onde Disponível no Disney+

Classificação 10 anos

Elenco Alexander Molony, Ever Anderson e Jude Law

Produção EUA, 2023

Direção David Lowery

SÉRGIO ALPENDRE / Folhapress

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