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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Gargalhada Selvagem”, peça de humor em cartaz no Teatro Porto até 28 de maio, é uma dramédia. A história, escrita pelo americano Christopher Durang em 1987 e agora adaptada pelo brasileiro Guilherme Weber, parte de um homem e uma mulher que se encontram em um supermercado.

A mulher, encarnada por Alexandra Richter, quer pegar uma lata de atum, mas não consegue chegar até o produto. É impedida por um homem, que está prostrado em frente à prateleira, lendo eternamente o rótulo de uma das embalagens.

A mulher espera e espera, até choraminga, mas ele não abre passagem. Humilhada, enfim pede licença, mas não sem antes atingi-lo na cabeça e ainda encaixar um xingamento. O homem fica atônito, uma criança que estava por perto começa a chorar e a mulher, irritada, segue sua vida.

Mas a plateia não acompanha essa cena logo de cara. Antes, ouve o relato da boca da própria personagem, que logo se revela uma típica “Karen” —termo pejorativo para a mulher branca, loira e rica que vive desconectada da realidade.

Dos três atos que compõem a peça, os dois primeiros são monólogos. No da mulher, que nunca ganha um nome, o público descobre tratar-se de uma atriz frustrada, dependente de álcool e com dificuldade para separar delírio e realidade. Uma figura que causa, ao mesmo tempo, asco e simpatia.

O homem, também sem nome, vivido por Rodrigo Fagundes, tem um discurso digno de coach de internet. É ator como a mulher, bissexual e tem um namorado chamado Beto.

Está em busca de um propósito e, depois de tentar de tudo, do misticismo à terapia, foi parar em um workshop que o ensinou a importância de pensar positivo. Tomou a ideia para a vida, mas não é bom nisso. Logo começa a espiralar e cair no pessimismo.

Homem, mulher e Beto vão se encontrar. Entre suas buscas e experimentações, o homem decide, para o desgosto de Beto, sair com uma mulher: a mulher. Daí para a frente, a história ganha contornos oníricos, ao mostrar encontros e confusões envolvendo os três personagens.

O tom de sonho acontece vem em cenas que às vezes estabelecem alguma continuidade, às vezes recontam o mesmo episódio. Conforme a história avança, as cenas se desconectam cada vez mais da realidade. “Eu quero acordar deste pesadelo”, a mulher grita a certa altura, sem ser atendida.

A peça tirou seu título de uma citação à “Ode à Perspectiva Distante do Elton College”, poema do inglês Thomas Gray (1716-1771) que aparece em “Dias Felizes”, do dramaturgo essencial Samuel Beckett (1906-1989).

“Uma gargalhada selvagem no meio da mais severa aflição”, escreveu Gray. Na obra de Durang, essa ideia reverbera porque o riso parte da angústia dos personagens. Como diz Beckett e Guilherme Weber gosta de citar, “não existe nada mais engraçado do que a infelicidade”.

“Gargalhada Selvagem” é uma paródia de Christopher Durang ao teatro do absurdo —conjunto de peças que surgem nos destroços do fim da Segunda Guerra Mundial e redefinem as regras do fazer teatral refletindo a desolação e a solidão da época. Sobre essa paródia, Weber amontoa uma segunda, do próprio teatro queer e “Camp”, isto é, gay, do dramaturgo americano.

Ao escolher seu elenco, Weber quis deslocar comediantes populares para um humor diferente. Escolheu Alexandra Richter e Rodrigo Fagundes, vindos de programas como o Zorra Total, e Joel Vieira, acostumado a fazer o humor da internet, exatamente pelo contraste entre o que fizeram até então e a peça.

“Uma das coisas mais sedutoras deste trabalho é colocá-los numa comédia provocativa, solicitar deles seus repertórios transformados e aproveitar da empatia que têm com o popular para apresentar ao público um outro tipo de humor: doente, neurótico e insano”, explica Weber.

“Tem um elemento surpresa de um público que já está acostumado a me ver fazendo ‘comédiona’ e de repente me vê em uma personagem com uma dose de densidade”, afirma Alexandra Richter. Para Joel Vieira, a mistura de elementos ajuda o público a se envolver com a peça. “O humor vai desde o requintado e chique, que precisa de uma interpretação, até o escrachado.”

Esse “fetiche”, como Weber descreve sua escolha de elenco, também tem influência de Beckett, que já trabalhou com atores como Bert Lahr (1895-1967), o Leão Covarde de “O Mágico de Oz”, e Buster Keaton (1895-1966), comediante celebrado do cinema mudo.

Os atores temeram que o público respondesse mal às piadas ácidas da peça, em anos de cancelamento. “A gente está apontando uma crítica. Mostrando como as pessoas realmente são e como estão ficando doentes”, afirma Rodrigo Fagundes. “Resolvemos peitar o julgamento das redes sociais. E o público está entendendo o tom de crítica.”

Guilherme Weber acredita que a comédia vem para ventilar saúde dentro da sociedade. “O humor é o caminho mais direto da inteligência para o coração. É uma flechada direta, sem pausa nem filtro. E ele pode mudar o mundo.”

GARGALHADA SELVAGEM

– Quando Sex. e sáb., às 20h, e dom., às 17h. Até 28 de maio

– Onde Teatro Porto – al. Barão de Piracicaba, 740, São Paulo

– Preço De R$ 25 a R$ 100

– Link: https://bileto.sympla.com.br/event/80713/d/183975

DIOGO BACHEGA / Folhapress

Peça ‘Gargalhada Selvagem’ é dramédia cult e delirante em mercado com elenco pop

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Gargalhada Selvagem”, peça de humor em cartaz no Teatro Porto até 28 de maio, é uma dramédia. A história, escrita pelo americano Christopher Durang em 1987 e agora adaptada pelo brasileiro Guilherme Weber, parte de um homem e uma mulher que se encontram em um supermercado.

A mulher, encarnada por Alexandra Richter, quer pegar uma lata de atum, mas não consegue chegar até o produto. É impedida por um homem, que está prostrado em frente à prateleira, lendo eternamente o rótulo de uma das embalagens.

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A mulher espera e espera, até choraminga, mas ele não abre passagem. Humilhada, enfim pede licença, mas não sem antes atingi-lo na cabeça e ainda encaixar um xingamento. O homem fica atônito, uma criança que estava por perto começa a chorar e a mulher, irritada, segue sua vida.

Mas a plateia não acompanha essa cena logo de cara. Antes, ouve o relato da boca da própria personagem, que logo se revela uma típica “Karen” —termo pejorativo para a mulher branca, loira e rica que vive desconectada da realidade.

Dos três atos que compõem a peça, os dois primeiros são monólogos. No da mulher, que nunca ganha um nome, o público descobre tratar-se de uma atriz frustrada, dependente de álcool e com dificuldade para separar delírio e realidade. Uma figura que causa, ao mesmo tempo, asco e simpatia.

O homem, também sem nome, vivido por Rodrigo Fagundes, tem um discurso digno de coach de internet. É ator como a mulher, bissexual e tem um namorado chamado Beto.

Está em busca de um propósito e, depois de tentar de tudo, do misticismo à terapia, foi parar em um workshop que o ensinou a importância de pensar positivo. Tomou a ideia para a vida, mas não é bom nisso. Logo começa a espiralar e cair no pessimismo.

Homem, mulher e Beto vão se encontrar. Entre suas buscas e experimentações, o homem decide, para o desgosto de Beto, sair com uma mulher: a mulher. Daí para a frente, a história ganha contornos oníricos, ao mostrar encontros e confusões envolvendo os três personagens.

O tom de sonho acontece vem em cenas que às vezes estabelecem alguma continuidade, às vezes recontam o mesmo episódio. Conforme a história avança, as cenas se desconectam cada vez mais da realidade. “Eu quero acordar deste pesadelo”, a mulher grita a certa altura, sem ser atendida.

A peça tirou seu título de uma citação à “Ode à Perspectiva Distante do Elton College”, poema do inglês Thomas Gray (1716-1771) que aparece em “Dias Felizes”, do dramaturgo essencial Samuel Beckett (1906-1989).

“Uma gargalhada selvagem no meio da mais severa aflição”, escreveu Gray. Na obra de Durang, essa ideia reverbera porque o riso parte da angústia dos personagens. Como diz Beckett e Guilherme Weber gosta de citar, “não existe nada mais engraçado do que a infelicidade”.

“Gargalhada Selvagem” é uma paródia de Christopher Durang ao teatro do absurdo —conjunto de peças que surgem nos destroços do fim da Segunda Guerra Mundial e redefinem as regras do fazer teatral refletindo a desolação e a solidão da época. Sobre essa paródia, Weber amontoa uma segunda, do próprio teatro queer e “Camp”, isto é, gay, do dramaturgo americano.

Ao escolher seu elenco, Weber quis deslocar comediantes populares para um humor diferente. Escolheu Alexandra Richter e Rodrigo Fagundes, vindos de programas como o Zorra Total, e Joel Vieira, acostumado a fazer o humor da internet, exatamente pelo contraste entre o que fizeram até então e a peça.

“Uma das coisas mais sedutoras deste trabalho é colocá-los numa comédia provocativa, solicitar deles seus repertórios transformados e aproveitar da empatia que têm com o popular para apresentar ao público um outro tipo de humor: doente, neurótico e insano”, explica Weber.

“Tem um elemento surpresa de um público que já está acostumado a me ver fazendo ‘comédiona’ e de repente me vê em uma personagem com uma dose de densidade”, afirma Alexandra Richter. Para Joel Vieira, a mistura de elementos ajuda o público a se envolver com a peça. “O humor vai desde o requintado e chique, que precisa de uma interpretação, até o escrachado.”

Esse “fetiche”, como Weber descreve sua escolha de elenco, também tem influência de Beckett, que já trabalhou com atores como Bert Lahr (1895-1967), o Leão Covarde de “O Mágico de Oz”, e Buster Keaton (1895-1966), comediante celebrado do cinema mudo.

Os atores temeram que o público respondesse mal às piadas ácidas da peça, em anos de cancelamento. “A gente está apontando uma crítica. Mostrando como as pessoas realmente são e como estão ficando doentes”, afirma Rodrigo Fagundes. “Resolvemos peitar o julgamento das redes sociais. E o público está entendendo o tom de crítica.”

Guilherme Weber acredita que a comédia vem para ventilar saúde dentro da sociedade. “O humor é o caminho mais direto da inteligência para o coração. É uma flechada direta, sem pausa nem filtro. E ele pode mudar o mundo.”

GARGALHADA SELVAGEM

– Quando Sex. e sáb., às 20h, e dom., às 17h. Até 28 de maio

– Onde Teatro Porto – al. Barão de Piracicaba, 740, São Paulo

– Preço De R$ 25 a R$ 100

– Link: https://bileto.sympla.com.br/event/80713/d/183975

DIOGO BACHEGA / Folhapress

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