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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Numa série de fotografias de Helena Almeida, a artista é encurralada num dos cantos do seu ateliê por uma grande onda de pigmento preto. Em outra, ela dá uma pincelada em azul no ar e depois guarda no bolso do jaleco o rabisco. Numa terceira, levanta a parte de baixo do vestido enquanto fica na ponta do pé esquerdo, na sola do qual aparece uma mancha vermelha.

“O corpo é o meu instrumento de trabalho. Como se fosse um quadro, ou uma pintura, é o meu meio. Sem qualquer preocupação com a evolução do meu corpo, a idade não tem importância, nem sequer a transformação que nós sofremos através dos anos -ficamos mais velhos”, disse à artista numa entrevista de 2005 à televisão pública de Portugal.

“A única coisa que eu de fato penso que gostaria de manter é que meu corpo me obedeça sempre, a maleabilidade do corpo, que obedeça aquilo que eu quero fazer, que às vezes são poses um pouco mais difíceis.”

A investigação de si própria pela fotografia e por movimentos do corpo que remetem à performance são elementos centrais das preocupações estéticas da portuguesa, um dos principais nomes no cenário artístico da segunda metade do século 20 e que ganha agora, pela primeira vez, uma exposição individual no Brasil.

“Fotografia Habitada” reúne no Instituto Moreira Salles de São Paulo um conjunto de 120 obras que repassam a carreira de Almeida entre o final da década de 1960 e 2018, ano de sua morte. É uma mostra inédita, organizada por Isabel Carlos, que trabalhou diversas vezes com a artista, de quem se tornou amiga.

O período coberto pela exposição, organizada em ordem cronológica, compreende o desenvolvimento da linguagem que tornou Almeida conhecida e mostrada internacionalmente, numa carreira que coincide com a democratização de Portugal após o fim da ditadura.

Depois de uma fase dedicada à pintura, fruto da formação da artista em Lisboa e em Paris, a partir de 1969 Almeida se volta às fotografias em preto e branco, sobre as quais intervém com manchas de tinta e fios de crina de cavalo, por exemplo.

Na série “Estudo para um Enriquecimento Interior”, de 1977, a artista se representa comendo uma mancha de tinta azul. A cor, bastante frequente em seus trabalhos, é uma fusão das variações cobalto e marítimo do azul, uma mistura criada por ela para transmitir a ideia de energia, de acordo com a organizadora da mostra.

Na sequência de imagens “Desenho Habitado”, vemos a mão da artista traçando um risco preto à caneta na primeira tela, enquanto na seguinte ela pinça um fio costurado com precisão ao final do rabisco.

Alguns de seus trabalhos têm contornos políticos, numa resposta à ditadura do Estado Novo, regime no qual Almeida nasceu e foi criada até os 40 anos. Na segunda sala da exposição, dedicada aos sentidos, está uma de suas obras mais famosas, uma série fotográfica onde vemos a palavra “ouve” escrita sobre a boca da artista como se costurasse seus lábios.

“É também uma reivindicação do lugar da mulher numa sociedade patriarcal”, afirma a organizadora da mostra, lembrando que até 1974, quando a Revolução dos Cravos colocou fim à ditadura de Salazar, as mulheres precisavam de autorização dos homens para abrir conta em banco ou viajar para o exterior.

Conforme as décadas passavam, o corpo da artista aparecia mais e mais nos trabalhos -embora raramente o rosto. Quem a fotografava era seu marido, o arquiteto Artur Rosa, com quem tinha uma intimidade que dizia não ser possível caso contratasse um assistente para operar a câmera. Os retratos eram feitos no ateliê da artista em Lisboa, mesmo espaço de trabalho que pertenceu a seu pai, o escultor Leopoldo de Almeida, para quem posava quando criança.

Na fase avançada de seu trabalho, que se estenderia até sua morte, o corpo começa a virar quase uma escultura, diz a organizadora. A artista interage com pouquíssimos elementos -um banco, pigmento de tinta, sapatos de salto alto, um saco de pano-, em posições rascunhadas milimetricamente antes de as fotografias serem tiradas. Antes da impressão, Almeida também determinava o corte exato da imagem.

Contenção parece ser a palavra de ordem. “Uso aquilo que tenho. Quanto mais restrito for, menos eu tenho e maior a intensidade que posso dar ao trabalho. É depuração, vai concentrando em intensidade”, afirmou artista à televisão portuguesa.

FOTOGRAFIA HABITADA, ANTOLOGIA DE HELENA ALMEIDA, 1969-2018

Quando De 8 de junho a 24 de setembro; de ter. a dom., das 10h às 20h

Onde IMS Paulista – av. Paulista, 2.424, São Paulo

Preço Grátis

JOÃO PERASSOLO / Folhapress

Como a artista Helena Almeida fez do próprio corpo vetor de emoções e protestos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Numa série de fotografias de Helena Almeida, a artista é encurralada num dos cantos do seu ateliê por uma grande onda de pigmento preto. Em outra, ela dá uma pincelada em azul no ar e depois guarda no bolso do jaleco o rabisco. Numa terceira, levanta a parte de baixo do vestido enquanto fica na ponta do pé esquerdo, na sola do qual aparece uma mancha vermelha.

“O corpo é o meu instrumento de trabalho. Como se fosse um quadro, ou uma pintura, é o meu meio. Sem qualquer preocupação com a evolução do meu corpo, a idade não tem importância, nem sequer a transformação que nós sofremos através dos anos -ficamos mais velhos”, disse à artista numa entrevista de 2005 à televisão pública de Portugal.

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“A única coisa que eu de fato penso que gostaria de manter é que meu corpo me obedeça sempre, a maleabilidade do corpo, que obedeça aquilo que eu quero fazer, que às vezes são poses um pouco mais difíceis.”

A investigação de si própria pela fotografia e por movimentos do corpo que remetem à performance são elementos centrais das preocupações estéticas da portuguesa, um dos principais nomes no cenário artístico da segunda metade do século 20 e que ganha agora, pela primeira vez, uma exposição individual no Brasil.

“Fotografia Habitada” reúne no Instituto Moreira Salles de São Paulo um conjunto de 120 obras que repassam a carreira de Almeida entre o final da década de 1960 e 2018, ano de sua morte. É uma mostra inédita, organizada por Isabel Carlos, que trabalhou diversas vezes com a artista, de quem se tornou amiga.

O período coberto pela exposição, organizada em ordem cronológica, compreende o desenvolvimento da linguagem que tornou Almeida conhecida e mostrada internacionalmente, numa carreira que coincide com a democratização de Portugal após o fim da ditadura.

Depois de uma fase dedicada à pintura, fruto da formação da artista em Lisboa e em Paris, a partir de 1969 Almeida se volta às fotografias em preto e branco, sobre as quais intervém com manchas de tinta e fios de crina de cavalo, por exemplo.

Na série “Estudo para um Enriquecimento Interior”, de 1977, a artista se representa comendo uma mancha de tinta azul. A cor, bastante frequente em seus trabalhos, é uma fusão das variações cobalto e marítimo do azul, uma mistura criada por ela para transmitir a ideia de energia, de acordo com a organizadora da mostra.

Na sequência de imagens “Desenho Habitado”, vemos a mão da artista traçando um risco preto à caneta na primeira tela, enquanto na seguinte ela pinça um fio costurado com precisão ao final do rabisco.

Alguns de seus trabalhos têm contornos políticos, numa resposta à ditadura do Estado Novo, regime no qual Almeida nasceu e foi criada até os 40 anos. Na segunda sala da exposição, dedicada aos sentidos, está uma de suas obras mais famosas, uma série fotográfica onde vemos a palavra “ouve” escrita sobre a boca da artista como se costurasse seus lábios.

“É também uma reivindicação do lugar da mulher numa sociedade patriarcal”, afirma a organizadora da mostra, lembrando que até 1974, quando a Revolução dos Cravos colocou fim à ditadura de Salazar, as mulheres precisavam de autorização dos homens para abrir conta em banco ou viajar para o exterior.

Conforme as décadas passavam, o corpo da artista aparecia mais e mais nos trabalhos -embora raramente o rosto. Quem a fotografava era seu marido, o arquiteto Artur Rosa, com quem tinha uma intimidade que dizia não ser possível caso contratasse um assistente para operar a câmera. Os retratos eram feitos no ateliê da artista em Lisboa, mesmo espaço de trabalho que pertenceu a seu pai, o escultor Leopoldo de Almeida, para quem posava quando criança.

Na fase avançada de seu trabalho, que se estenderia até sua morte, o corpo começa a virar quase uma escultura, diz a organizadora. A artista interage com pouquíssimos elementos -um banco, pigmento de tinta, sapatos de salto alto, um saco de pano-, em posições rascunhadas milimetricamente antes de as fotografias serem tiradas. Antes da impressão, Almeida também determinava o corte exato da imagem.

Contenção parece ser a palavra de ordem. “Uso aquilo que tenho. Quanto mais restrito for, menos eu tenho e maior a intensidade que posso dar ao trabalho. É depuração, vai concentrando em intensidade”, afirmou artista à televisão portuguesa.

FOTOGRAFIA HABITADA, ANTOLOGIA DE HELENA ALMEIDA, 1969-2018

Quando De 8 de junho a 24 de setembro; de ter. a dom., das 10h às 20h

Onde IMS Paulista – av. Paulista, 2.424, São Paulo

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JOÃO PERASSOLO / Folhapress

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