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SÃO PAULO, SP, E BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Guatemaltecos vão às urnas neste domingo (25) em uma das eleições mais conturbadas desde 1996, quando um acordo de paz pôs fim à guerra civil de 36 anos no país centro-americano.

Eleitores escolherão entre 22 candidatos à Presidência, mas o destaque vai para as ausências: quatro aspirantes ao cargo tiveram suas candidaturas suspensas, incluindo o líder nas pesquisas.

A nação de pouco mais de 18 milhões de habitantes não escapa da ameaça autoritária que vivem seus vizinhos e convive com perseguição a jornalistas, cerco a opositores e exílio de agentes da Justiça, que, segundo críticos, está aparelhada. Esse é o contexto da exclusão de candidatos aparentemente contrários ao impopular presidente Alejandro Giammattei, no cargo desde o início de 2020.

Com as suspensões, resta aos eleitores escolher entre direita e centro-direita. A última pesquisa de opinião da empresa ProDatos, divulgada na quinta-feira (22), aponta para um segundo turno em 30 de agosto. Candidatos estão longe de angariar mais da metade dos votos, assim como em todas as eleições desde a redemocratização do país.

O nome da Unidade Nacional da Esperança, Sandra Torres, é líder com 21% das intenções de voto. Ela tenta pela quarta vez chegar à Presidência –na primeira, em 2011, foi impedida de participar, e na última, em 2019, conseguiu o maior número de eleitores no primeiro turno, mas perdeu para Giammattei no segundo.

A política, porém, já esteve bem perto do cargo: de 2008 a 2011, ganhou protagonismo como primeira-dama quando seu marido, Álvaro Colom, dirigiu a nação pela sigla que eles fundaram em 2002.

Em sua odisseia à cadeira presidencial –que lhe custou o divórcio por questões constitucionais–, Torres pendeu da Em segundo lugar, com 13% das intenções de voto, o ex-diplomata e crítico do governo Edmond Mulet sai pelo partido de centro-direita Cabal, apostando no seu passado de chefe de missões da ONU no Haiti em 2006 e 2010. “Fui pacificar e estabilizar o Haiti, que havia caído nas mãos das gangues”, afirmou num debate, citando os grupos armados que fazem o Triângulo Norte, região da América Central composta pela Guatemala, sustentar as mais altas taxas de homicídio do mundo.

Essa configuração foi traçada em maio, quando o Tribunal Constitucional excluiu o empresário Carlos Pineda da corrida. Segundo a Justiça, seu partido, o Prosperidade Cidadã, teria cometido uma série de ilegalidades durante a assembleia em que ele foi proclamado candidato. O direitista, que ganhou popularidade na rede de vídeos TikTok e angariava o primeiro lugar nas pesquisas, alega fraude.

Outra impedida de participar foi Thelma Cabrera, a única indígena num país em que metade da população se identifica como tal. Ela ficou em quarto lugar em 2019, mas desta vez foi afastada porque seu candidato a vice, o ex-procurador de direitos humanos Jordán Rodas, foi acusado de supostos atos de corrupção e se exilou na Espanha. Foram suspensas também as candidaturas de Roberto Arzú, filho do ex-presidente Álvaro Arzú, e de Óscar Rodolfo Castañeda.

A expectativa é de que nenhum dos concorrentes consiga ganhar dos votos nulos e brancos, que somaram 26% na última pesquisa.

“Na Guatemala, assim como em outros lugares, houve um processo sério de despolitização. Essa distância entre sociedade e política faz com que tenhamos 30 partidos vigentes que, em sua maioria, não têm capacidade de fazer um contradiscurso”, afirma Byron Morales, cientista político e membro da organização Intrapaz.

O país tem o quinto pior índice de percepção da corrupção da América Latina, segundo a ONG Transparência Internacional, e vive num sistema democrático que alguns analistas definem como híbrido. “Pacto dos corruptos” é uma expressão comumente usada para descrever um modus operandi das relações políticas que envolveria oligarquias, militares, empresários e narcotraficantes.

“Não é tão fácil marcar a deterioração do Estado, porque há uma simulação de um Estado democrático”, afirma o sociólogo Marcel Arévalo, da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) local. A perda de independência dos Poderes e a perseguição judicial a opositores são apontadas como as faces mais visíveis da guinada autoritária.

Alguns exemplos: o Parlamento é dominado por aliados do governo; a chefe do Ministério Público, María Consuelo Porras, foi classificada como “consideravelmente corrupta” pelos Estados Unidos; e a imprensa sofre ataques recorrentes.

Estimam-se que há mais de 30 juristas e 20 jornalistas em autoexílio, além de ativistas. O caso mais emblemático é o de José Rubén Zamora, jornalista condenado a seis anos de prisão na semana passada.

Com todo esse debate, propostas sobre políticas públicas ficaram em segundo plano na campanha eleitoral, num país em que 48% da população é rural e o equivalente a 17% migrou em busca de melhores condições de vida. “Mais da metade do nosso povo tem menos de 30 anos, e o que a maioria quer é ir para os EUA. Quando vão ganhar US$ 20 por hora na Guatemala?”, diz Raquel Zelaya, presidente da Associação de Investigação e Estudos Sociais.

DANIELA ARCANJO E JÚLIA BARBON / Folhapress

Guatemala vai às urnas sob sombra autoritária regional e candidatos impedidos

SÃO PAULO, SP, E BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Guatemaltecos vão às urnas neste domingo (25) em uma das eleições mais conturbadas desde 1996, quando um acordo de paz pôs fim à guerra civil de 36 anos no país centro-americano.

Eleitores escolherão entre 22 candidatos à Presidência, mas o destaque vai para as ausências: quatro aspirantes ao cargo tiveram suas candidaturas suspensas, incluindo o líder nas pesquisas.

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A nação de pouco mais de 18 milhões de habitantes não escapa da ameaça autoritária que vivem seus vizinhos e convive com perseguição a jornalistas, cerco a opositores e exílio de agentes da Justiça, que, segundo críticos, está aparelhada. Esse é o contexto da exclusão de candidatos aparentemente contrários ao impopular presidente Alejandro Giammattei, no cargo desde o início de 2020.

Com as suspensões, resta aos eleitores escolher entre direita e centro-direita. A última pesquisa de opinião da empresa ProDatos, divulgada na quinta-feira (22), aponta para um segundo turno em 30 de agosto. Candidatos estão longe de angariar mais da metade dos votos, assim como em todas as eleições desde a redemocratização do país.

O nome da Unidade Nacional da Esperança, Sandra Torres, é líder com 21% das intenções de voto. Ela tenta pela quarta vez chegar à Presidência –na primeira, em 2011, foi impedida de participar, e na última, em 2019, conseguiu o maior número de eleitores no primeiro turno, mas perdeu para Giammattei no segundo.

A política, porém, já esteve bem perto do cargo: de 2008 a 2011, ganhou protagonismo como primeira-dama quando seu marido, Álvaro Colom, dirigiu a nação pela sigla que eles fundaram em 2002.

Em sua odisseia à cadeira presidencial –que lhe custou o divórcio por questões constitucionais–, Torres pendeu da Em segundo lugar, com 13% das intenções de voto, o ex-diplomata e crítico do governo Edmond Mulet sai pelo partido de centro-direita Cabal, apostando no seu passado de chefe de missões da ONU no Haiti em 2006 e 2010. “Fui pacificar e estabilizar o Haiti, que havia caído nas mãos das gangues”, afirmou num debate, citando os grupos armados que fazem o Triângulo Norte, região da América Central composta pela Guatemala, sustentar as mais altas taxas de homicídio do mundo.

Essa configuração foi traçada em maio, quando o Tribunal Constitucional excluiu o empresário Carlos Pineda da corrida. Segundo a Justiça, seu partido, o Prosperidade Cidadã, teria cometido uma série de ilegalidades durante a assembleia em que ele foi proclamado candidato. O direitista, que ganhou popularidade na rede de vídeos TikTok e angariava o primeiro lugar nas pesquisas, alega fraude.

Outra impedida de participar foi Thelma Cabrera, a única indígena num país em que metade da população se identifica como tal. Ela ficou em quarto lugar em 2019, mas desta vez foi afastada porque seu candidato a vice, o ex-procurador de direitos humanos Jordán Rodas, foi acusado de supostos atos de corrupção e se exilou na Espanha. Foram suspensas também as candidaturas de Roberto Arzú, filho do ex-presidente Álvaro Arzú, e de Óscar Rodolfo Castañeda.

A expectativa é de que nenhum dos concorrentes consiga ganhar dos votos nulos e brancos, que somaram 26% na última pesquisa.

“Na Guatemala, assim como em outros lugares, houve um processo sério de despolitização. Essa distância entre sociedade e política faz com que tenhamos 30 partidos vigentes que, em sua maioria, não têm capacidade de fazer um contradiscurso”, afirma Byron Morales, cientista político e membro da organização Intrapaz.

O país tem o quinto pior índice de percepção da corrupção da América Latina, segundo a ONG Transparência Internacional, e vive num sistema democrático que alguns analistas definem como híbrido. “Pacto dos corruptos” é uma expressão comumente usada para descrever um modus operandi das relações políticas que envolveria oligarquias, militares, empresários e narcotraficantes.

“Não é tão fácil marcar a deterioração do Estado, porque há uma simulação de um Estado democrático”, afirma o sociólogo Marcel Arévalo, da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) local. A perda de independência dos Poderes e a perseguição judicial a opositores são apontadas como as faces mais visíveis da guinada autoritária.

Alguns exemplos: o Parlamento é dominado por aliados do governo; a chefe do Ministério Público, María Consuelo Porras, foi classificada como “consideravelmente corrupta” pelos Estados Unidos; e a imprensa sofre ataques recorrentes.

Estimam-se que há mais de 30 juristas e 20 jornalistas em autoexílio, além de ativistas. O caso mais emblemático é o de José Rubén Zamora, jornalista condenado a seis anos de prisão na semana passada.

Com todo esse debate, propostas sobre políticas públicas ficaram em segundo plano na campanha eleitoral, num país em que 48% da população é rural e o equivalente a 17% migrou em busca de melhores condições de vida. “Mais da metade do nosso povo tem menos de 30 anos, e o que a maioria quer é ir para os EUA. Quando vão ganhar US$ 20 por hora na Guatemala?”, diz Raquel Zelaya, presidente da Associação de Investigação e Estudos Sociais.

DANIELA ARCANJO E JÚLIA BARBON / Folhapress

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