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FOLHAPRESS – “Lupicínio: Uma Biografia Musical”, de Arthur de Faria, narra vida e obra de um dos maiores nomes da música popular brasileira: Lupicínio Rodrigues, um sambista do Sul do país, no momento em que uma das principais políticas culturais da Era Vargas era a nacionalização do samba carioca.

Um dos muitos achados do livro é situar a tradição de samba-canção capitaneada por Lupicínio em contraste com a dos cariocas Braguinha e Alberto Ribeiro e do baiano Dorival Caymmi.

Enquanto esses últimos “apontavam para o futuro”, com um samba que “desembocaria em compositores como Dolores Duran, Maysa, Billy Blanco, Johnny Alf e Tom Jobim -até chegar na bossa nova”, Lupicínio participava de uma tradição que daria no sambolero do final dos anos 1950 e início dos 1960 e em compositores considerados cafonas, mas muito populares, como Altemar Dutra, Angela Maria, Nelson Gonçalves e a turma da sofrência nos dias de hoje.

Diga se os versos de Lupicínio em “Nervos de Aço” não poderiam ter sido compostos por Marília Mendonça: “Você sabe o que é ter um amor, meu senhor/ E por ele quase morrer/ E depois encontrá-lo em um braço/ Que nem um pedaço do seu pode ser?”

Lupicínio era conhecido como “o criador da dor de cotovelo” e não à toa estava associado a essa segunda corrente do samba-canção.

Tardou até que o interesse por sua obra fosse recuperado -o que ocorre, segundo Faria recorda, quando o gênero começa a ser considerado elegante, a partir da valorização de compositores como Cartola e Nelson Cavaquinho pela zona sul carioca, via Nara Leão.

Ao mesmo tempo, Lupicínio era devoto de Mário Reis e cantava baixinho, em estilo cool, com a voz quase embargada, o que na época lhe rendeu muitas críticas num momento em que a moda era a impostação de voz. Quando João Gilberto revolucionou a história da música com sua batida de violão e jeito suave de cantar, Lupi já cantava assim havia décadas.

A biografia tem passagens fortes, como quando o sambista não foi atendido em uma lanchonete em Porto Alegre única e exclusivamente por ser negro. Imediatamente, saiu de lá e voltou “com uma radiopatrulha, repórteres e o amparo da Lei Afonso Arinos, vigente desde 1951”. Como consequência irrompeu um protesto, o dono do estabelecimento foi preso e a lanchonete foi ocupada por pessoas negras.

Com o letramento racial possível para o Brasil da época, e levando-se em consideração seu próprio contexto cultural de formação, Lupicínio protagonizou naquele dia um ato de desobediência civil à altura das maiores lideranças do movimento negro americano daquele período.

Arthur de Faria relata passagens que mostram a digital de Lupicínio em revoluções estéticas importantes ocorridas no decurso da história da canção popular brasileira. O momento em 1948, por exemplo, no qual Francisco Alves gravou “Quem Há de Dizer” e “Esses Moços”, ambas canções de Lupi, e pela primeira vez o gênero romântico mais popular no país deixou de ser a valsa e passou a ser o samba-canção.

“Lupicínio: Uma Biografia Musical” descreve não apenas um Brasil que não existe mais, mas também o recria com riqueza de detalhes, profusão de cores, cheiros e sons, ao dar a justa importância a um dos principais criadores não apenas da música popular, mas da própria sensibilidade romântica moderna brasileira.

LUPICÍNIO: UMA BIOGRAFIA MUSICAL

Avaliação Ótimo

Preço R$ 69,90 (376 págs.)

Autoria Arthur de Faria

Editora Arquipélago

GABRIEL TRIGUEIRO / Folhapress

Biografia conta Lupicínio Rodrigues como criador da dor de cotovelo

FOLHAPRESS – “Lupicínio: Uma Biografia Musical”, de Arthur de Faria, narra vida e obra de um dos maiores nomes da música popular brasileira: Lupicínio Rodrigues, um sambista do Sul do país, no momento em que uma das principais políticas culturais da Era Vargas era a nacionalização do samba carioca.

Um dos muitos achados do livro é situar a tradição de samba-canção capitaneada por Lupicínio em contraste com a dos cariocas Braguinha e Alberto Ribeiro e do baiano Dorival Caymmi.

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Enquanto esses últimos “apontavam para o futuro”, com um samba que “desembocaria em compositores como Dolores Duran, Maysa, Billy Blanco, Johnny Alf e Tom Jobim -até chegar na bossa nova”, Lupicínio participava de uma tradição que daria no sambolero do final dos anos 1950 e início dos 1960 e em compositores considerados cafonas, mas muito populares, como Altemar Dutra, Angela Maria, Nelson Gonçalves e a turma da sofrência nos dias de hoje.

Diga se os versos de Lupicínio em “Nervos de Aço” não poderiam ter sido compostos por Marília Mendonça: “Você sabe o que é ter um amor, meu senhor/ E por ele quase morrer/ E depois encontrá-lo em um braço/ Que nem um pedaço do seu pode ser?”

Lupicínio era conhecido como “o criador da dor de cotovelo” e não à toa estava associado a essa segunda corrente do samba-canção.

Tardou até que o interesse por sua obra fosse recuperado -o que ocorre, segundo Faria recorda, quando o gênero começa a ser considerado elegante, a partir da valorização de compositores como Cartola e Nelson Cavaquinho pela zona sul carioca, via Nara Leão.

Ao mesmo tempo, Lupicínio era devoto de Mário Reis e cantava baixinho, em estilo cool, com a voz quase embargada, o que na época lhe rendeu muitas críticas num momento em que a moda era a impostação de voz. Quando João Gilberto revolucionou a história da música com sua batida de violão e jeito suave de cantar, Lupi já cantava assim havia décadas.

A biografia tem passagens fortes, como quando o sambista não foi atendido em uma lanchonete em Porto Alegre única e exclusivamente por ser negro. Imediatamente, saiu de lá e voltou “com uma radiopatrulha, repórteres e o amparo da Lei Afonso Arinos, vigente desde 1951”. Como consequência irrompeu um protesto, o dono do estabelecimento foi preso e a lanchonete foi ocupada por pessoas negras.

Com o letramento racial possível para o Brasil da época, e levando-se em consideração seu próprio contexto cultural de formação, Lupicínio protagonizou naquele dia um ato de desobediência civil à altura das maiores lideranças do movimento negro americano daquele período.

Arthur de Faria relata passagens que mostram a digital de Lupicínio em revoluções estéticas importantes ocorridas no decurso da história da canção popular brasileira. O momento em 1948, por exemplo, no qual Francisco Alves gravou “Quem Há de Dizer” e “Esses Moços”, ambas canções de Lupi, e pela primeira vez o gênero romântico mais popular no país deixou de ser a valsa e passou a ser o samba-canção.

“Lupicínio: Uma Biografia Musical” descreve não apenas um Brasil que não existe mais, mas também o recria com riqueza de detalhes, profusão de cores, cheiros e sons, ao dar a justa importância a um dos principais criadores não apenas da música popular, mas da própria sensibilidade romântica moderna brasileira.

LUPICÍNIO: UMA BIOGRAFIA MUSICAL

Avaliação Ótimo

Preço R$ 69,90 (376 págs.)

Autoria Arthur de Faria

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