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BUDAPESTE, HUNGRIA (FOLHAPRESS) – Cerca de 35 mil pessoas marcharam neste sábado (15) na 28ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ em Budapeste, capital da Hungria. Com uma fila de carros de som, a manifestação percorreu o panteão de símbolos nacionais, algo nada trivial para o país liderado pelo premiê Viktor Orbán, conhecido por se valer do nacionalismo reacionário.

Há um ano, o líder, hoje em seu quinto mandato, realizou um referendo para qualificar pessoas LGBTQIA+ como ameaça a crianças. Sem a participação necessária, a tentativa naufragou.

A parada do orgulho deste sábado teve início e fim no parque central da cidade, local icônico que abriga um monumento dos heróis húngaros, passando pela avenida principal de Budapeste, a Andrassy.

Com pessoas acenando de suas janelas e sem grades de ferro pelo percurso, a emoção dos participantes era visível e foi ofuscada apenas pelo suor e pelos jatos d’água para refrescar a multidão no calor de 32°C.

Com a imprensa local controlada por aliados de Orbán, manifestantes dão ainda mais valor aos protestos e atos públicos como uma questão de sobrevivência de suas agendas. Em discurso na edição deste ano, o prefeito de Budapeste, Gergely Karácsony, da oposição, afirmou que a cidade é uma “ilha”.

“Cuide-se, ame esta cidade, porque esta cidade também ama você.”

O que ativistas já perceberam é que ser uma ilha não é suficiente para reverter o reacionarismo presente, em especial, no interior do país. Expandir o alcance além dos muros da cidade de Budapeste é essencial, diz à Folha a porta-voz da parada do orgulho de Budapeste, Zita Hrubi.

“A única mensagem que chega a um vilarejo a uns 200 quilômetros de Budapeste é o que vão ver na televisão: que isso é uma coisa ruim. Mas, se houver um evento lá, então se torna uma coisa viva, algo que você pode ver com seus próprios olhos. É um tipo de alcance muito diferente.”

Para um país acostumado a lembrar de sua história mesmo em conversas de mesas de bar, o pano de fundo histórico da parada não passa despercebido. A marcha volta a inundar a principal avenida húngara com as cores do arco-íris após anos nos quais grupos extremistas requisitavam o uso do espaço público com antecedência, justamente para impedir que a parada LGBT+ passasse por ali.

Agora, a parada do orgulho de Budapeste tem superado, em número e relevância, a contramanifestação de extremistas e neonazistas que, tradicionalmente, estão presentes no mesmo dia e hora. Em 2008, por exemplo, esses grupos jogaram ovos na direção dos participantes.

Na edição deste sábado, os que vociferavam contra o evento eram cerca de dez a 15 pessoas. Participantes da parada os mandavam beijos.

A atual parada de Budapeste ocorre dois anos depois do Fidesz, partido do premiê Orbán, ter proposto e aprovado em 2021 uma lei contra pessoas LGBTQIA+ sob o alegado pretexto de proteger crianças de conteúdos que incentivem a mudança de gênero e a homossexualidade.

Relatório de janeiro de 2023 da maior organização LGBTQIA+ do país, a Háttér Society, diz que a lei tem produzido efeitos nefastos, desde o aumento da violência contra essa população à censura a qualquer conteúdo na mídia sobre o tema. Às vésperas do evento deste sábado, um vídeo de animação de 30 segundos produzido pela organização do evento foi considerado impróprio para menores de 18 anos.

Em particular desde 2020, a agenda anti-LGBT+ tem se fortalecido no país. Naquele ano, a Hungria proibiu que pessoas trans retificassem seu gênero nos documentos e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo.

“Eles não são tão estúpidos quanto parecem”, diz Eszter Polgari, diretora do programa jurídico da Háttér Society. Ela afirma que embrulhar a retórica anti-LGBTQIA+ em ideias de proteção a crianças tem sido uma estratégia de reacionários a nível global.

Polgari lidera a estratégia de litígio nas cortes europeias contra retrocessos na Hungria. Pela primeira vez, em abril passado, 15 países europeus, entre eles França e Alemanha, juntaram-se em apoio à ação legal contra a lei húngara de 2021 perante a Corte Europeia de Justiça.

A despeito das investidas de Orbán, a aceitação social da comunidade LGBT+ no país nunca foi tão alta. Pesquisas de opinião revelam que 71% dos húngaros rejeitam a ideia de que gays e lésbicas corrompem as crianças.

Mas ver casais LGBTQIA+ de mãos dadas no país ainda é raro, mesmo no centro da “ilha” de Budapeste, como disse o prefeito Gergely Karácson. A figura de linguagem é curiosa para um país sem acesso ao mar, embora seja banhado pelo rio Danúbio.

Questionada sobre como imagina o futuro no país, Zita Hrubi, a porta-voz da parada do orgulho de Budapeste, responde: “Um futuro em que a parada seja tão grande que nossas ruas não serão mais suficientes”.

THIAGO AMPARO / Folhapress

Parada LGBT+ transforma Budapeste em ‘ilha’ contra reacionarismo na Hungria

BUDAPESTE, HUNGRIA (FOLHAPRESS) – Cerca de 35 mil pessoas marcharam neste sábado (15) na 28ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ em Budapeste, capital da Hungria. Com uma fila de carros de som, a manifestação percorreu o panteão de símbolos nacionais, algo nada trivial para o país liderado pelo premiê Viktor Orbán, conhecido por se valer do nacionalismo reacionário.

Há um ano, o líder, hoje em seu quinto mandato, realizou um referendo para qualificar pessoas LGBTQIA+ como ameaça a crianças. Sem a participação necessária, a tentativa naufragou.

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A parada do orgulho deste sábado teve início e fim no parque central da cidade, local icônico que abriga um monumento dos heróis húngaros, passando pela avenida principal de Budapeste, a Andrassy.

Com pessoas acenando de suas janelas e sem grades de ferro pelo percurso, a emoção dos participantes era visível e foi ofuscada apenas pelo suor e pelos jatos d’água para refrescar a multidão no calor de 32°C.

Com a imprensa local controlada por aliados de Orbán, manifestantes dão ainda mais valor aos protestos e atos públicos como uma questão de sobrevivência de suas agendas. Em discurso na edição deste ano, o prefeito de Budapeste, Gergely Karácsony, da oposição, afirmou que a cidade é uma “ilha”.

“Cuide-se, ame esta cidade, porque esta cidade também ama você.”

O que ativistas já perceberam é que ser uma ilha não é suficiente para reverter o reacionarismo presente, em especial, no interior do país. Expandir o alcance além dos muros da cidade de Budapeste é essencial, diz à Folha a porta-voz da parada do orgulho de Budapeste, Zita Hrubi.

“A única mensagem que chega a um vilarejo a uns 200 quilômetros de Budapeste é o que vão ver na televisão: que isso é uma coisa ruim. Mas, se houver um evento lá, então se torna uma coisa viva, algo que você pode ver com seus próprios olhos. É um tipo de alcance muito diferente.”

Para um país acostumado a lembrar de sua história mesmo em conversas de mesas de bar, o pano de fundo histórico da parada não passa despercebido. A marcha volta a inundar a principal avenida húngara com as cores do arco-íris após anos nos quais grupos extremistas requisitavam o uso do espaço público com antecedência, justamente para impedir que a parada LGBT+ passasse por ali.

Agora, a parada do orgulho de Budapeste tem superado, em número e relevância, a contramanifestação de extremistas e neonazistas que, tradicionalmente, estão presentes no mesmo dia e hora. Em 2008, por exemplo, esses grupos jogaram ovos na direção dos participantes.

Na edição deste sábado, os que vociferavam contra o evento eram cerca de dez a 15 pessoas. Participantes da parada os mandavam beijos.

A atual parada de Budapeste ocorre dois anos depois do Fidesz, partido do premiê Orbán, ter proposto e aprovado em 2021 uma lei contra pessoas LGBTQIA+ sob o alegado pretexto de proteger crianças de conteúdos que incentivem a mudança de gênero e a homossexualidade.

Relatório de janeiro de 2023 da maior organização LGBTQIA+ do país, a Háttér Society, diz que a lei tem produzido efeitos nefastos, desde o aumento da violência contra essa população à censura a qualquer conteúdo na mídia sobre o tema. Às vésperas do evento deste sábado, um vídeo de animação de 30 segundos produzido pela organização do evento foi considerado impróprio para menores de 18 anos.

Em particular desde 2020, a agenda anti-LGBT+ tem se fortalecido no país. Naquele ano, a Hungria proibiu que pessoas trans retificassem seu gênero nos documentos e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo.

“Eles não são tão estúpidos quanto parecem”, diz Eszter Polgari, diretora do programa jurídico da Háttér Society. Ela afirma que embrulhar a retórica anti-LGBTQIA+ em ideias de proteção a crianças tem sido uma estratégia de reacionários a nível global.

Polgari lidera a estratégia de litígio nas cortes europeias contra retrocessos na Hungria. Pela primeira vez, em abril passado, 15 países europeus, entre eles França e Alemanha, juntaram-se em apoio à ação legal contra a lei húngara de 2021 perante a Corte Europeia de Justiça.

A despeito das investidas de Orbán, a aceitação social da comunidade LGBT+ no país nunca foi tão alta. Pesquisas de opinião revelam que 71% dos húngaros rejeitam a ideia de que gays e lésbicas corrompem as crianças.

Mas ver casais LGBTQIA+ de mãos dadas no país ainda é raro, mesmo no centro da “ilha” de Budapeste, como disse o prefeito Gergely Karácson. A figura de linguagem é curiosa para um país sem acesso ao mar, embora seja banhado pelo rio Danúbio.

Questionada sobre como imagina o futuro no país, Zita Hrubi, a porta-voz da parada do orgulho de Budapeste, responde: “Um futuro em que a parada seja tão grande que nossas ruas não serão mais suficientes”.

THIAGO AMPARO / Folhapress

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