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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O físico norte-americano Robert Oppenheimer (1904-1967) não foi apenas o chefe do laboratório de Los Alamos, que produziu em 1945 as bombas de Hiroshima e Nagasaki.

Ele foi também um partidário de negociações internacionais que limitassem a produção da bomba e direcionassem a energia atômica apenas para fins pacíficos, como a medicina ou a produção de eletricidade.

Nascido em Nova York de pais judeus alemães, Oppenheimer é o mesmo personagem do filme homônimo, dirigido por Christopher Nolan e que estreou no mês passado.

Diplomado em Harvard, o chamado “pai da bomba atômica” escreveu um longo texto para a edição de 1º de janeiro de 1948 da Foreign Affairs, em que explicava suas convicções pacifistas. A revista republica agora o mesmo texto. Oppenheimer daria sucessivos murros em pontas de facas. Nada do que ele pregava deu certo.

Alguns exemplos: era contra a bomba de hidrogênio, que os Estados Unidos construíram para se contrapor à bomba nuclear que a União Soviética havia explodido em 1949, e queria que a ONU se tornasse um centro de compartilhamento de informações sobre a energia atômica, de maneira a impedir que existissem segredos, para que os progressos chegassem a toda a humanidade.

Com essas heterodoxias, o físico renunciou ao seu posto na agência do governo americano que tratava do programa nuclear. E pior do que isso: passou a ser investigado por supostas atividades antiamericanas. Sem perder sua reputação acadêmica, Oppenheimer terminou seus dias como professor da Universidade de Princeton.

Mas voltemos a seu artigo para a Foreign Affairs. Em nenhum momento ele se arrepende por ter liderado a fabricação das duas bombas que, ao serem lançadas, provocaram a morte imediata de 110 mil japoneses. E tampouco se orgulha de seu papel fundamental no chamado Projeto Manhattan, que transformou o átomo em arma de destruição em massa.

Mas Oppenheimer era uma celebridade internacional, e suas opiniões, levadas a sério. É provável que muitos concordassem com seu projeto de democratizar o saber envolvido na energia nuclear. Mas prevaleceu, no campo diplomático e militar, a lógica de Estado que forçava ao mesmo tempo o segredo em torno das pesquisas e a multiplicação dos arsenais atômicos para alimentar a tensão entre as superpotências.

A Guerra Fria estava nascendo. Ela codificou diplomaticamente o medo. E o fez com competência, tanto que até o início dos anos 1990 nenhuma das potências nucleares explodiu uma só bomba, e as guerras foram todas circunscritas geograficamente —não houve um conflito mundial depois de 1945— e disputadas com armas convencionais.

Mas o físico americano não sabia disso no início de 1948. Tanto que escreveu em seu artigo que “depois da bomba atômica as guerras poderão abandonar os velhos armamentos”.

É comovente a maneira pela qual Oppenheimer se refere à Comissão de Energia Atômica das Nações Unidas —que depois passaria a se chamar AIEA, Agência Internacional de Energia Atômica. O físico sabia o que era trabalhar num projeto altamente secreto, como o fez no laboratório localizado no estado americano do Novo México. Mas a partir de agosto de 1945 a bomba atômica já era conhecida. Ele então se propunha a compartilhar esse tipo de conhecimento com quem se interessasse, desde que a fissão nuclear não ocorresse com fins bélicos.

O problema era evitar que a bomba se proliferasse, como finalmente ocorreu. A proliferação, disse Oppenheimer, “com países comprometidos com esse tipo de armamento, levará à produção de armas ainda mais terríveis que aquelas que já acabamos de construir”.

Em certo momento de seu longo texto, o físico recapitula a troca de ideias preocupantes que ocorreu pouco antes da explosão do Trinity, o primeiro teste do artefato que em seguida explodiria em Hiroshima.

“Éramos um grupo de pessoas bem informadas e parte de uma pequena comunidade fraternal. E discutíamos confidencialmente quais os problemas que estávamos a ponto de gerar e de que maneira resolvê-los num futuro que estava bem próximo.”

Em outro momento, Oppenheimer afirma que os entraves colocados pela diplomacia, russa e americana, impediram que a ONU levasse a outros países os conhecimentos científicos e tecnológicos que permitiriam a expansão do progresso da energia atômica.

O fato, no entanto, é que Robert Oppenheimer não se tornou um personagem místico do pacifismo e nem um militante enfadonho. Dele é possível guardar a imagem que ele próprio evocou com frequência ao relatar como foi seu encontro com o presidente Harry Truman, pouco depois de Hiroshima.

“Senhor presidente, eu trago as mãos sujas de sangue”, ele teria afirmado.

JOÃO BATISTA NATALI / Folhapress

Oppenheimer codificou o medo na diplomacia e viu bomba nuclear proliferar

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O físico norte-americano Robert Oppenheimer (1904-1967) não foi apenas o chefe do laboratório de Los Alamos, que produziu em 1945 as bombas de Hiroshima e Nagasaki.

Ele foi também um partidário de negociações internacionais que limitassem a produção da bomba e direcionassem a energia atômica apenas para fins pacíficos, como a medicina ou a produção de eletricidade.

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Nascido em Nova York de pais judeus alemães, Oppenheimer é o mesmo personagem do filme homônimo, dirigido por Christopher Nolan e que estreou no mês passado.

Diplomado em Harvard, o chamado “pai da bomba atômica” escreveu um longo texto para a edição de 1º de janeiro de 1948 da Foreign Affairs, em que explicava suas convicções pacifistas. A revista republica agora o mesmo texto. Oppenheimer daria sucessivos murros em pontas de facas. Nada do que ele pregava deu certo.

Alguns exemplos: era contra a bomba de hidrogênio, que os Estados Unidos construíram para se contrapor à bomba nuclear que a União Soviética havia explodido em 1949, e queria que a ONU se tornasse um centro de compartilhamento de informações sobre a energia atômica, de maneira a impedir que existissem segredos, para que os progressos chegassem a toda a humanidade.

Com essas heterodoxias, o físico renunciou ao seu posto na agência do governo americano que tratava do programa nuclear. E pior do que isso: passou a ser investigado por supostas atividades antiamericanas. Sem perder sua reputação acadêmica, Oppenheimer terminou seus dias como professor da Universidade de Princeton.

Mas voltemos a seu artigo para a Foreign Affairs. Em nenhum momento ele se arrepende por ter liderado a fabricação das duas bombas que, ao serem lançadas, provocaram a morte imediata de 110 mil japoneses. E tampouco se orgulha de seu papel fundamental no chamado Projeto Manhattan, que transformou o átomo em arma de destruição em massa.

Mas Oppenheimer era uma celebridade internacional, e suas opiniões, levadas a sério. É provável que muitos concordassem com seu projeto de democratizar o saber envolvido na energia nuclear. Mas prevaleceu, no campo diplomático e militar, a lógica de Estado que forçava ao mesmo tempo o segredo em torno das pesquisas e a multiplicação dos arsenais atômicos para alimentar a tensão entre as superpotências.

A Guerra Fria estava nascendo. Ela codificou diplomaticamente o medo. E o fez com competência, tanto que até o início dos anos 1990 nenhuma das potências nucleares explodiu uma só bomba, e as guerras foram todas circunscritas geograficamente —não houve um conflito mundial depois de 1945— e disputadas com armas convencionais.

Mas o físico americano não sabia disso no início de 1948. Tanto que escreveu em seu artigo que “depois da bomba atômica as guerras poderão abandonar os velhos armamentos”.

É comovente a maneira pela qual Oppenheimer se refere à Comissão de Energia Atômica das Nações Unidas —que depois passaria a se chamar AIEA, Agência Internacional de Energia Atômica. O físico sabia o que era trabalhar num projeto altamente secreto, como o fez no laboratório localizado no estado americano do Novo México. Mas a partir de agosto de 1945 a bomba atômica já era conhecida. Ele então se propunha a compartilhar esse tipo de conhecimento com quem se interessasse, desde que a fissão nuclear não ocorresse com fins bélicos.

O problema era evitar que a bomba se proliferasse, como finalmente ocorreu. A proliferação, disse Oppenheimer, “com países comprometidos com esse tipo de armamento, levará à produção de armas ainda mais terríveis que aquelas que já acabamos de construir”.

Em certo momento de seu longo texto, o físico recapitula a troca de ideias preocupantes que ocorreu pouco antes da explosão do Trinity, o primeiro teste do artefato que em seguida explodiria em Hiroshima.

“Éramos um grupo de pessoas bem informadas e parte de uma pequena comunidade fraternal. E discutíamos confidencialmente quais os problemas que estávamos a ponto de gerar e de que maneira resolvê-los num futuro que estava bem próximo.”

Em outro momento, Oppenheimer afirma que os entraves colocados pela diplomacia, russa e americana, impediram que a ONU levasse a outros países os conhecimentos científicos e tecnológicos que permitiriam a expansão do progresso da energia atômica.

O fato, no entanto, é que Robert Oppenheimer não se tornou um personagem místico do pacifismo e nem um militante enfadonho. Dele é possível guardar a imagem que ele próprio evocou com frequência ao relatar como foi seu encontro com o presidente Harry Truman, pouco depois de Hiroshima.

“Senhor presidente, eu trago as mãos sujas de sangue”, ele teria afirmado.

JOÃO BATISTA NATALI / Folhapress

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