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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma coincidência reuniu mineiros ilustres em Diamantina em julho de 1971. Músicos do Clube da Esquina estavam na cidade com o fotógrafo Juvenal Pereira para retratos que seriam publicados na revista O Cruzeiro. De repente, encontraram Juscelino Kubitschek, que voltava à sua terra natal para uma reportagem de outra revista influente naquele período, a Manchete.

JK tinha deixado a Presidência havia mais de uma década e, persona non grata para a ditadura militar, não exercia cargo público àquela altura. Continuava, entretanto, com a popularidade em alta e era visto com admiração pelos jovens Milton Nascimento, Fernando Brant, Lô e Márcio Borges, a parte do Clube da Esquina que passava por Diamantina.

Juntaram-se em torno do violão e um deles começou a cantar “Beco do Mota”, composição de Milton e Brant sobre uma antiga área de prostituição da cidade. Foi uma tremenda saia-justa: JK, que conhecia o lugar, ficou constrangido. Mas o jogo de cintura do político veterano logo devolveu o clima descontraído ao encontro.

Juvenal Pereira e os irmãos Lô e Márcio revivem essa história no quarto e último episódio da série “JK – O Reinventor do Brasil”, que estreia na TV Cultura em 11 de novembro.

A série integra um projeto mais amplo, produzido e bancado pela fundação Padre Anchieta, que comanda a emissora. Inclui ainda o lançamento de uma fotobiografia e uma exposição sobre o presidente que governou o país de janeiro de 1956 a janeiro de 1961 e que esteve à frente da construção de Brasília.

Segundo Fábio Chateaubriand, idealizador e diretor-executivo do projeto, o objetivo era lançar esse pacote em 2022 por ocasião dos 120 anos de nascimento de Juscelino. Mas a pandemia obrigou que ele e sua equipe repensassem o cronograma.

Com cerca de 400 imagens, guardadas pela família Kubitschek e outras tantas pertencentes a acervos de instituições como os arquivos públicos de São Paulo e do Distrito Federal, a Casa de Juscelino, em Diamantina, e o Memorial JK, em Brasília, a fotobiografia será publicada em dezembro.

Nesse primeiro momento, haverá distribuição para bibliotecas, universidades, escolas e museus. Posteriormente, o livro será comercializado.

A exposição vai passar por espaços culturais de pelo menos quatro cidades ao longo do ano que vem: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Diamantina.

Entre as três frentes de homenagem a JK, a série é aquela que deve atingir um público mais abrangente. “Apostamos numa linguagem pop, com narração em estilo de podcast, com o intuito de chamar a atenção dos mais jovens, que ainda não conhecem o Juscelino”, diz Chateaubriand.

Depois das exibições na TV, com um episódio por semana, sempre aos sábados, a série estará na Cultura Play, plataforma de acesso gratuito.

O primeiro episódio, ao qual a Folha de S.Paulo assistiu com exclusividade, lembra a infância em Diamantina, a formação em medicina em Belo Horizonte e os primeiros passos na carreira política. Mostra ainda sua nomeação como prefeito da capital mineira, sua vitória na disputa eleitoral pelo governo do estado e as articulações na corrida pela Presidência da República.

Chamam a atenção as imagens raras do jovem médico nas frentes de batalha da Revolução de 1932 e o registro de um episódio familiar pouco conhecido, a decisão de Juscelino e da sua esposa, Sarah, pela adoção de uma menina, Maria Estela, que se tornaria irmã de Márcia.

“Não defendemos uma tese acadêmica. Estamos, sim, contando uma história, que é cheia de dramas”, afirma Fernando Rodrigues, que assina e narra o roteiro de tom leve e objetivo.

A longa carreira na publicidade de Rodrigues e do diretor da série, Jarbas Agnelli, contribui para o dinamismo e as doses de ironia e até um certo deboche ao longo da produção. “Queríamos evitar um tom professoral”, conta Agnelli.

A segunda parte da série apresenta a chegada de JK à Presidência e a chamada Revolta de Jacareacanga, movimento de oficiais da Aeronáutica no sul do Pará para impedir que o político mineiro assumisse o poder. A reação firme do então ministro da Guerra, Henrique Lott, barrou a ação dos golpistas.

A construção de Brasília domina o terceiro episódio, que aborda também a ebulição cultural e esportiva do país naquele momento, com a bossa nova, o cinema novo e a conquista da Copa do Mundo de 1958. Juscelino soube imprimir sua marca ou, como disse Fernando Henrique Cardoso, “JK alcançou o que poucos estadistas alcançam: criar uma nova identidade nacional”.

No quarto e último episódio, o golpe militar de 1964 o obriga a partir para o exílio, período em que passou por cidades da Europa e dos EUA. Três anos depois, voltou ao Brasil e se uniu a Carlos Lacerda (antes um adversário político) e a João Goulart para montar uma Frente Ampla em oposição ao regime. A iniciativa foi logo sufocada pelos militares.

No dia 22 de agosto de 1976, JK morreu na via Dutra, na altura de Resende (RJ), quando o Opala em que estava bateu em uma carreta –o motorista Geraldo Ribeiro também faleceu. É o momento mais controverso da série porque as avaliações sobre o fato se dividiram na época e assim persistem.

Entre os entrevistados da produção, há quem acredite ter sido um acidente, como a filha Maria Estela e historiadores como Lilia Schwarcz; outros creem que tenha sido um evento proposital, ou seja, um assassinato, como o político Gilberto Natalini e o jornalista Ivo Patarra, ligados a uma comissão que, entre outras atribuições, investigou o episódio.

“Como diz o biógrafo Ronaldo Costa Couto, a morte do Juscelino é um capítulo em aberto. E provavelmente continuará assim”, diz Chateaubriand.

A equipe da série encontrou um Opala 1971 muito parecido com o veículo em que JK estava e reproduziu os instantes que antecederam a colisão. Como seria muito difícil fazer essa simulação na Dutra, a produção filmou esse momento em uma rodovia em Sorocaba (SP) em trecho semelhante àquele onde ocorreu o choque em 1976.

“Não capotamos o carro, mas fizemos manobras que permitem que se tenha uma visão geral do acidente”, afirma o idealizador do projeto.

“Eu trouxe para a série a ideia de filmar algumas passagens, não ficar apenas nos registros de arquivos. Há, por exemplo, esse momento do Opala e cenas com um menino de Diamantina que interpreta JK quando criança”, diz o diretor Agnelli.

Embora contemple pontos em que o líder mineiro costuma ser criticado, como a inflação alta deixada pela sua Presidência, o projeto é abertamente simpático ao personagem que retrata. Ressalvas que volta e meia retornam ao debate sobre o legado de JK –por que construir tantas rodovias em detrimento das ferrovias?– são vistas ao lado de outras perspectivas.

De acordo com Chateaubriand, “Juscelino tinha pretensões de concorrer à Presidência em 1965, quando apostaria fortemente no desenvolvimento da agricultura. Nessa volta ao governo, ele se concentraria na construção de ferrovias para escoar a produção agrícola”.

E o que presidente bossa nova, como cantou Juca Chaves, teria a dizer ao Brasil de 2023? Para o diretor-executivo do projeto, “Juscelino foi prova de que é possível fazer política e governar por meio do diálogo e do respeito, considerando a pluralidade do povo brasileiro”.

NAIEF HADDAD / Folhapress

JK é tema de série de TV, fotobiografia e exposição

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma coincidência reuniu mineiros ilustres em Diamantina em julho de 1971. Músicos do Clube da Esquina estavam na cidade com o fotógrafo Juvenal Pereira para retratos que seriam publicados na revista O Cruzeiro. De repente, encontraram Juscelino Kubitschek, que voltava à sua terra natal para uma reportagem de outra revista influente naquele período, a Manchete.

JK tinha deixado a Presidência havia mais de uma década e, persona non grata para a ditadura militar, não exercia cargo público àquela altura. Continuava, entretanto, com a popularidade em alta e era visto com admiração pelos jovens Milton Nascimento, Fernando Brant, Lô e Márcio Borges, a parte do Clube da Esquina que passava por Diamantina.

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Juntaram-se em torno do violão e um deles começou a cantar “Beco do Mota”, composição de Milton e Brant sobre uma antiga área de prostituição da cidade. Foi uma tremenda saia-justa: JK, que conhecia o lugar, ficou constrangido. Mas o jogo de cintura do político veterano logo devolveu o clima descontraído ao encontro.

Juvenal Pereira e os irmãos Lô e Márcio revivem essa história no quarto e último episódio da série “JK – O Reinventor do Brasil”, que estreia na TV Cultura em 11 de novembro.

A série integra um projeto mais amplo, produzido e bancado pela fundação Padre Anchieta, que comanda a emissora. Inclui ainda o lançamento de uma fotobiografia e uma exposição sobre o presidente que governou o país de janeiro de 1956 a janeiro de 1961 e que esteve à frente da construção de Brasília.

Segundo Fábio Chateaubriand, idealizador e diretor-executivo do projeto, o objetivo era lançar esse pacote em 2022 por ocasião dos 120 anos de nascimento de Juscelino. Mas a pandemia obrigou que ele e sua equipe repensassem o cronograma.

Com cerca de 400 imagens, guardadas pela família Kubitschek e outras tantas pertencentes a acervos de instituições como os arquivos públicos de São Paulo e do Distrito Federal, a Casa de Juscelino, em Diamantina, e o Memorial JK, em Brasília, a fotobiografia será publicada em dezembro.

Nesse primeiro momento, haverá distribuição para bibliotecas, universidades, escolas e museus. Posteriormente, o livro será comercializado.

A exposição vai passar por espaços culturais de pelo menos quatro cidades ao longo do ano que vem: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Diamantina.

Entre as três frentes de homenagem a JK, a série é aquela que deve atingir um público mais abrangente. “Apostamos numa linguagem pop, com narração em estilo de podcast, com o intuito de chamar a atenção dos mais jovens, que ainda não conhecem o Juscelino”, diz Chateaubriand.

Depois das exibições na TV, com um episódio por semana, sempre aos sábados, a série estará na Cultura Play, plataforma de acesso gratuito.

O primeiro episódio, ao qual a Folha de S.Paulo assistiu com exclusividade, lembra a infância em Diamantina, a formação em medicina em Belo Horizonte e os primeiros passos na carreira política. Mostra ainda sua nomeação como prefeito da capital mineira, sua vitória na disputa eleitoral pelo governo do estado e as articulações na corrida pela Presidência da República.

Chamam a atenção as imagens raras do jovem médico nas frentes de batalha da Revolução de 1932 e o registro de um episódio familiar pouco conhecido, a decisão de Juscelino e da sua esposa, Sarah, pela adoção de uma menina, Maria Estela, que se tornaria irmã de Márcia.

“Não defendemos uma tese acadêmica. Estamos, sim, contando uma história, que é cheia de dramas”, afirma Fernando Rodrigues, que assina e narra o roteiro de tom leve e objetivo.

A longa carreira na publicidade de Rodrigues e do diretor da série, Jarbas Agnelli, contribui para o dinamismo e as doses de ironia e até um certo deboche ao longo da produção. “Queríamos evitar um tom professoral”, conta Agnelli.

A segunda parte da série apresenta a chegada de JK à Presidência e a chamada Revolta de Jacareacanga, movimento de oficiais da Aeronáutica no sul do Pará para impedir que o político mineiro assumisse o poder. A reação firme do então ministro da Guerra, Henrique Lott, barrou a ação dos golpistas.

A construção de Brasília domina o terceiro episódio, que aborda também a ebulição cultural e esportiva do país naquele momento, com a bossa nova, o cinema novo e a conquista da Copa do Mundo de 1958. Juscelino soube imprimir sua marca ou, como disse Fernando Henrique Cardoso, “JK alcançou o que poucos estadistas alcançam: criar uma nova identidade nacional”.

No quarto e último episódio, o golpe militar de 1964 o obriga a partir para o exílio, período em que passou por cidades da Europa e dos EUA. Três anos depois, voltou ao Brasil e se uniu a Carlos Lacerda (antes um adversário político) e a João Goulart para montar uma Frente Ampla em oposição ao regime. A iniciativa foi logo sufocada pelos militares.

No dia 22 de agosto de 1976, JK morreu na via Dutra, na altura de Resende (RJ), quando o Opala em que estava bateu em uma carreta –o motorista Geraldo Ribeiro também faleceu. É o momento mais controverso da série porque as avaliações sobre o fato se dividiram na época e assim persistem.

Entre os entrevistados da produção, há quem acredite ter sido um acidente, como a filha Maria Estela e historiadores como Lilia Schwarcz; outros creem que tenha sido um evento proposital, ou seja, um assassinato, como o político Gilberto Natalini e o jornalista Ivo Patarra, ligados a uma comissão que, entre outras atribuições, investigou o episódio.

“Como diz o biógrafo Ronaldo Costa Couto, a morte do Juscelino é um capítulo em aberto. E provavelmente continuará assim”, diz Chateaubriand.

A equipe da série encontrou um Opala 1971 muito parecido com o veículo em que JK estava e reproduziu os instantes que antecederam a colisão. Como seria muito difícil fazer essa simulação na Dutra, a produção filmou esse momento em uma rodovia em Sorocaba (SP) em trecho semelhante àquele onde ocorreu o choque em 1976.

“Não capotamos o carro, mas fizemos manobras que permitem que se tenha uma visão geral do acidente”, afirma o idealizador do projeto.

“Eu trouxe para a série a ideia de filmar algumas passagens, não ficar apenas nos registros de arquivos. Há, por exemplo, esse momento do Opala e cenas com um menino de Diamantina que interpreta JK quando criança”, diz o diretor Agnelli.

Embora contemple pontos em que o líder mineiro costuma ser criticado, como a inflação alta deixada pela sua Presidência, o projeto é abertamente simpático ao personagem que retrata. Ressalvas que volta e meia retornam ao debate sobre o legado de JK –por que construir tantas rodovias em detrimento das ferrovias?– são vistas ao lado de outras perspectivas.

De acordo com Chateaubriand, “Juscelino tinha pretensões de concorrer à Presidência em 1965, quando apostaria fortemente no desenvolvimento da agricultura. Nessa volta ao governo, ele se concentraria na construção de ferrovias para escoar a produção agrícola”.

E o que presidente bossa nova, como cantou Juca Chaves, teria a dizer ao Brasil de 2023? Para o diretor-executivo do projeto, “Juscelino foi prova de que é possível fazer política e governar por meio do diálogo e do respeito, considerando a pluralidade do povo brasileiro”.

NAIEF HADDAD / Folhapress

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