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(FOLHAPRESS) – Quem trata de um tema como o suicídio deve saber que nesse terreno é muito mais fácil errar do que acertar, tais e tantas são as armadilhas que encontrará pelo caminho. Flavio Botelho, diretor que estreia em longas com este “A Metade de Nós”, aceitou o risco e, modesto diante do assunto, conseguiu contornar os obstáculos que se apresentavam, sobretudo porque no caso de que se ocupa trata-se do suicídio de um filho.

Diante da morte do jovem, e da evidente tragédia que os atinge, os pais veem a sua vida desabar. O filme poderia desabar junto, o que não acontece em boa parte graças ao casal de atores que interpreta Francisca (Denise Weinberg) e Carlos (Cacá Amaral).

São dois atores que desconhecem o vício, infelizmente tão frequente, de piscar os olhos para a plateia depois de fazer uma cena difícil, como a dizer “viu do que eu sou capaz?”. Talvez por isso não frequentem as galerias de atores mais falados e badalados, com fãs nas redes sociais e tal e coisa.

São, em contrapartida, bastante eficientes e conhecem seus personagens muito bem. Dizer que o conjunto os ajuda é uma meia-verdade: afinal, estão os dois, todo o tempo, diante da câmera, numa produção de baixo orçamento. Mas, ok, o dinheiro magro de que dispunha a produção bastou para o filme.

Desde o início lá estão eles, atônitos, tentando saber o que afinal levou o filho ao suicídio. Qual a culpa que teriam no acontecimento? Seria possível transferi-la para o psiquiatra que atendia o rapaz? Será que isso aconteceu por que o menino era gay? Mas ele era gay?

Eis uma boa providência tomada por Botelho: evitar que a sexualidade tomasse conta da cena. Nada desse hábito que consiste em ver qualquer tipo de orientação sexual menos ortodoxa como inferno ou paraíso. Aliás, o filme mantém uma prudente (ou esperta) ambiguidade sobre o assunto: seria o rapaz gay ou não? Nem Hugo, rapaz que foi vizinho dele, responde.

A atitude do homem e da mulher são diferentes diante do luto. Enquanto ela se fecha, não fala, chega mesmo a se demitir da faculdade em que dá aulas, o marido tenta se arranjar como pode. Eles se separam silenciosamente. Ela segue na casa em que moravam. Não há “vida que segue”. É preciso sair do nada, do bem menos que nada. O pai se instala no apartamento do filho. Ele se dedica a, de algum modo, recomeçar a vida: todos os atalhos são permitidos; alguns, veremos, nem são tão atalhos assim. Ela, ao contrário, evita qualquer diálogo, mesmo com a irmã, e segue ensimesmada (tem por único suporte é seu cachorro).

Falei de armadilhas que podem afetar tremendamente um filme sobre tal assunto. A obviedade é um deles. O filme abdica de coisas como mostrar velório e enterro, com a decorrente choradeira, ou a separação do casal e eventuais brigas: tudo isso o espectador pode muito bem adivinhar que aconteceu (ou não), mas nada acrescenta à questão, a saber: a dor dos pais.

Também se evitam coisas como o pieguismo ou a dispersão por subplots (nem haveria dinheiro na produção para isso, mas tudo bem). Quase se cai na armadilha do ato extremado, quando a mãe encontra um revólver e pensa em utilizá-lo contra o psiquiatra. O uso de elipses ajuda, no mais, a transitar pelo enredo sem explicar obviedades que devem ser transmitidas pela imagem.

Em nenhum momento se trata a morte do filho como acontecimento a superar. Os protagonistas têm plena noção de que essa dor não é eliminável (é assim que a transmitem a nós, em todo caso). Pode se transformar, não desaparece. Nem por isso é possível arrastar o luto pela eternidade. E seguir adiante é uma questão. A questão do filme, precisamente.

Quase tanto quanto dos atores e da firmeza da direção em manejar seus poucos recursos, o filme deve muito a uma banda de ruídos presente, que substitui com vantagem o recurso à música como elemento dramático (e que dispersa o espectador de eventuais falhas).

Flavio Botelho faz uma estreia modesta e eficiente, num filme típico do chamado “baixo orçamento”, marcado pela enorme crise do cinema brasileiro, que ainda estamos longe de superar -e que ao menos tem a vantagem de evitar tolices infladas nas telas). É alguém de quem se pode esperar o próximo trabalho pensando que dali não sairá nenhuma besteira. É muito mais do que nada.

A METADE DE NÓS

Avaliação Bom

Quando Qui. (9), 20h30, e qui. (16), 16h

Onde Festival Mix Brasil

Classificação 14 anos

Elenco Denise Weinberg e Cacá Amaral

Produção Brasil, 2023

Direção Flávio Botelho

INÁCIO ARAUJO / Folhapress

Festival MixBrasil traz ‘A Metade de Nós’, filme modesto sobre luto

(FOLHAPRESS) – Quem trata de um tema como o suicídio deve saber que nesse terreno é muito mais fácil errar do que acertar, tais e tantas são as armadilhas que encontrará pelo caminho. Flavio Botelho, diretor que estreia em longas com este “A Metade de Nós”, aceitou o risco e, modesto diante do assunto, conseguiu contornar os obstáculos que se apresentavam, sobretudo porque no caso de que se ocupa trata-se do suicídio de um filho.

Diante da morte do jovem, e da evidente tragédia que os atinge, os pais veem a sua vida desabar. O filme poderia desabar junto, o que não acontece em boa parte graças ao casal de atores que interpreta Francisca (Denise Weinberg) e Carlos (Cacá Amaral).

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São dois atores que desconhecem o vício, infelizmente tão frequente, de piscar os olhos para a plateia depois de fazer uma cena difícil, como a dizer “viu do que eu sou capaz?”. Talvez por isso não frequentem as galerias de atores mais falados e badalados, com fãs nas redes sociais e tal e coisa.

São, em contrapartida, bastante eficientes e conhecem seus personagens muito bem. Dizer que o conjunto os ajuda é uma meia-verdade: afinal, estão os dois, todo o tempo, diante da câmera, numa produção de baixo orçamento. Mas, ok, o dinheiro magro de que dispunha a produção bastou para o filme.

Desde o início lá estão eles, atônitos, tentando saber o que afinal levou o filho ao suicídio. Qual a culpa que teriam no acontecimento? Seria possível transferi-la para o psiquiatra que atendia o rapaz? Será que isso aconteceu por que o menino era gay? Mas ele era gay?

Eis uma boa providência tomada por Botelho: evitar que a sexualidade tomasse conta da cena. Nada desse hábito que consiste em ver qualquer tipo de orientação sexual menos ortodoxa como inferno ou paraíso. Aliás, o filme mantém uma prudente (ou esperta) ambiguidade sobre o assunto: seria o rapaz gay ou não? Nem Hugo, rapaz que foi vizinho dele, responde.

A atitude do homem e da mulher são diferentes diante do luto. Enquanto ela se fecha, não fala, chega mesmo a se demitir da faculdade em que dá aulas, o marido tenta se arranjar como pode. Eles se separam silenciosamente. Ela segue na casa em que moravam. Não há “vida que segue”. É preciso sair do nada, do bem menos que nada. O pai se instala no apartamento do filho. Ele se dedica a, de algum modo, recomeçar a vida: todos os atalhos são permitidos; alguns, veremos, nem são tão atalhos assim. Ela, ao contrário, evita qualquer diálogo, mesmo com a irmã, e segue ensimesmada (tem por único suporte é seu cachorro).

Falei de armadilhas que podem afetar tremendamente um filme sobre tal assunto. A obviedade é um deles. O filme abdica de coisas como mostrar velório e enterro, com a decorrente choradeira, ou a separação do casal e eventuais brigas: tudo isso o espectador pode muito bem adivinhar que aconteceu (ou não), mas nada acrescenta à questão, a saber: a dor dos pais.

Também se evitam coisas como o pieguismo ou a dispersão por subplots (nem haveria dinheiro na produção para isso, mas tudo bem). Quase se cai na armadilha do ato extremado, quando a mãe encontra um revólver e pensa em utilizá-lo contra o psiquiatra. O uso de elipses ajuda, no mais, a transitar pelo enredo sem explicar obviedades que devem ser transmitidas pela imagem.

Em nenhum momento se trata a morte do filho como acontecimento a superar. Os protagonistas têm plena noção de que essa dor não é eliminável (é assim que a transmitem a nós, em todo caso). Pode se transformar, não desaparece. Nem por isso é possível arrastar o luto pela eternidade. E seguir adiante é uma questão. A questão do filme, precisamente.

Quase tanto quanto dos atores e da firmeza da direção em manejar seus poucos recursos, o filme deve muito a uma banda de ruídos presente, que substitui com vantagem o recurso à música como elemento dramático (e que dispersa o espectador de eventuais falhas).

Flavio Botelho faz uma estreia modesta e eficiente, num filme típico do chamado “baixo orçamento”, marcado pela enorme crise do cinema brasileiro, que ainda estamos longe de superar -e que ao menos tem a vantagem de evitar tolices infladas nas telas). É alguém de quem se pode esperar o próximo trabalho pensando que dali não sairá nenhuma besteira. É muito mais do que nada.

A METADE DE NÓS

Avaliação Bom

Quando Qui. (9), 20h30, e qui. (16), 16h

Onde Festival Mix Brasil

Classificação 14 anos

Elenco Denise Weinberg e Cacá Amaral

Produção Brasil, 2023

Direção Flávio Botelho

INÁCIO ARAUJO / Folhapress

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