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TAIPÉ, TAIWAN (FOLHAPRESS) – Em 21 de fevereiro de 1972, em Pequim, Richard Nixon se encontrou com o líder Mao Tse-tung por uma hora. Pouco falaram de novidade. Nos dias seguintes, o presidente americano viajou pela China, no que ele próprio descreveria como “a semana que mudou o mundo”.

Pelo que se acompanha na própria mídia chinesa desde a morte de Henry Kissinger, na verdade, o dia que mudou o mundo havia sido no ano anterior, em 9 de julho de 1971. Foi quando o então assessor de Segurança Nacional de Nixon fez sua histórica visita secreta a Pequim.

A rede chinesa CCTV reproduziu agora registros da reunião, naquele dia, entre Kissinger e o primeiro-ministro Zhou Enlai. E outros veículos reapresentaram cenas do encontro, em julho deste ano, entre Kissinger e o líder Xi Jinping, no mesmo local da reunião com Zhou, mais de meio século depois.

É a casa número 5 do complexo Diaoyutai para autoridades visitantes. Para Kissinger chegar até ela, foi montada uma operação sigilosa apelidada de Polo —de Marco Polo (1254-1324), o explorador veneziano que apresentou a China aos europeus do fim da Idade Média, depois de cruzar a Rota da Seda.

O roteiro de 1971 foi rocambolesco. Após meses de aproximação, os primeiros passos práticos foram dados em abril daquele ano, quando a equipe de pingue-pongue dos Estados Unidos foi jogar em Pequim —e Zhou enviou mensagem a Washington sobre a “vontade de receber um enviado dos EUA (talvez Mr. Kissinger)”.

A carta foi entregue na Casa Branca pelo embaixador do Paquistão, país que foi o principal intermediário entre Pequim e Washington. O Departamento de Estado dos EUA, que havia mostrado resistência, não foi nem sequer informado do verdadeiro objetivo da viagem que o assessor de Segurança Nacional iniciou depois, em 1º de julho.

Kissinger passou por Tailândia e Índia, entre outros, até chegar à capital paquistanesa. Lá, ao jantar com o presidente do país, supostamente passou mal e foi enviado para um retiro nas montanhas, com três assessores e dois agentes. Na verdade, foram para a base aérea de Chaklala.

Kissinger desceu do carro de terno e chapéu pretos e óculos escuros, partiu às quatro da manhã, num avião paquistanês, e desembarcou em Pequim no dia 9, iniciando as negociações com Zhou às 16h e terminando às 23h30. Uma semana depois, Nixon anunciava na TV a viagem à China.

Kissinger e Zhou, de acordo com o historiador americano James Carter, “discutiram União Soviética e Guerra do Vietnã, mas o mais crucial, para que a visita de Nixon pudesse ir adiante, foi que o lado americano afirmou ‘não apoiar nem duas Chinas nem uma China-uma Taiwan'”.

Foi o que veio à tona, décadas depois, em documentos do Conselho de Segurança Nacional desclassificados pelo National Security Archive, da Universidade George Washington. Ainda assim, dada a resistência política, o reconhecimento diplomático só aconteceria em 1979, com Nixon e Kissinger já longe do poder.

Com ou sem Kissinger, Nixon projetava a aproximação desde 1969, visando isolar Moscou, e o pensamento de Mao na mesma direção também vinha de longa data. Seus movimentos podem até ter precedido os americanos, de acordo com documentos chineses citados pelo Archive.

A China havia iniciado a abertura de sua economia um ano antes do reconhecimento americano, 1978, e a média de crescimento do PIB a partir daí foi de 9% ao ano, segundo relatório do Banco Mundial datado de abril último, que acrescenta: “Mais de 800 milhões de pessoas saíram da pobreza”.

Não que isso se deva a Kissinger. Nos próprios EUA, o ex-presidente do Banco Mundial Robert Zoellick afirmou há poucos meses que “isso de que os Estados Unidos permitiram a ascensão da China ignora a história: a China iria crescer de um jeito ou de outro”.

Zoellick argumentava contra a dissociação econômica dos dois países, iniciada por Donald Trump e ampliada por Biden. Em diversas entrevistas desde a virada do ano, voltadas aos lançamento de um novo livro, Kissinger também expressou contrariedade, mas não por razões econômicas.

Numa delas, à revista The Economist, revelou temer pelo que considerava ter sido o foco de sua vida —evitar conflito de grandes potências. “Estamos na clássica situação anterior à Primeira Guerra Mundial, em que qualquer perturbação do equilíbrio pode levar a consequências catastróficas”, avaliou.

Uma questão a enfrentar seria, de novo, Taiwan. Kissinger disse que Mao teria falado que a China poderia “esperar 100 anos”. Mas que ele, Kissinger, considerava que o entendimento obtido então por China e EUA foi derrubado após 50 anos, metade do esperado, por Trump e Biden.

NELSON DE SÁ / Folhapress

Kissinger foi ‘Marco Polo’ para reaproximar China do Ocidente

TAIPÉ, TAIWAN (FOLHAPRESS) – Em 21 de fevereiro de 1972, em Pequim, Richard Nixon se encontrou com o líder Mao Tse-tung por uma hora. Pouco falaram de novidade. Nos dias seguintes, o presidente americano viajou pela China, no que ele próprio descreveria como “a semana que mudou o mundo”.

Pelo que se acompanha na própria mídia chinesa desde a morte de Henry Kissinger, na verdade, o dia que mudou o mundo havia sido no ano anterior, em 9 de julho de 1971. Foi quando o então assessor de Segurança Nacional de Nixon fez sua histórica visita secreta a Pequim.

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A rede chinesa CCTV reproduziu agora registros da reunião, naquele dia, entre Kissinger e o primeiro-ministro Zhou Enlai. E outros veículos reapresentaram cenas do encontro, em julho deste ano, entre Kissinger e o líder Xi Jinping, no mesmo local da reunião com Zhou, mais de meio século depois.

É a casa número 5 do complexo Diaoyutai para autoridades visitantes. Para Kissinger chegar até ela, foi montada uma operação sigilosa apelidada de Polo —de Marco Polo (1254-1324), o explorador veneziano que apresentou a China aos europeus do fim da Idade Média, depois de cruzar a Rota da Seda.

O roteiro de 1971 foi rocambolesco. Após meses de aproximação, os primeiros passos práticos foram dados em abril daquele ano, quando a equipe de pingue-pongue dos Estados Unidos foi jogar em Pequim —e Zhou enviou mensagem a Washington sobre a “vontade de receber um enviado dos EUA (talvez Mr. Kissinger)”.

A carta foi entregue na Casa Branca pelo embaixador do Paquistão, país que foi o principal intermediário entre Pequim e Washington. O Departamento de Estado dos EUA, que havia mostrado resistência, não foi nem sequer informado do verdadeiro objetivo da viagem que o assessor de Segurança Nacional iniciou depois, em 1º de julho.

Kissinger passou por Tailândia e Índia, entre outros, até chegar à capital paquistanesa. Lá, ao jantar com o presidente do país, supostamente passou mal e foi enviado para um retiro nas montanhas, com três assessores e dois agentes. Na verdade, foram para a base aérea de Chaklala.

Kissinger desceu do carro de terno e chapéu pretos e óculos escuros, partiu às quatro da manhã, num avião paquistanês, e desembarcou em Pequim no dia 9, iniciando as negociações com Zhou às 16h e terminando às 23h30. Uma semana depois, Nixon anunciava na TV a viagem à China.

Kissinger e Zhou, de acordo com o historiador americano James Carter, “discutiram União Soviética e Guerra do Vietnã, mas o mais crucial, para que a visita de Nixon pudesse ir adiante, foi que o lado americano afirmou ‘não apoiar nem duas Chinas nem uma China-uma Taiwan'”.

Foi o que veio à tona, décadas depois, em documentos do Conselho de Segurança Nacional desclassificados pelo National Security Archive, da Universidade George Washington. Ainda assim, dada a resistência política, o reconhecimento diplomático só aconteceria em 1979, com Nixon e Kissinger já longe do poder.

Com ou sem Kissinger, Nixon projetava a aproximação desde 1969, visando isolar Moscou, e o pensamento de Mao na mesma direção também vinha de longa data. Seus movimentos podem até ter precedido os americanos, de acordo com documentos chineses citados pelo Archive.

A China havia iniciado a abertura de sua economia um ano antes do reconhecimento americano, 1978, e a média de crescimento do PIB a partir daí foi de 9% ao ano, segundo relatório do Banco Mundial datado de abril último, que acrescenta: “Mais de 800 milhões de pessoas saíram da pobreza”.

Não que isso se deva a Kissinger. Nos próprios EUA, o ex-presidente do Banco Mundial Robert Zoellick afirmou há poucos meses que “isso de que os Estados Unidos permitiram a ascensão da China ignora a história: a China iria crescer de um jeito ou de outro”.

Zoellick argumentava contra a dissociação econômica dos dois países, iniciada por Donald Trump e ampliada por Biden. Em diversas entrevistas desde a virada do ano, voltadas aos lançamento de um novo livro, Kissinger também expressou contrariedade, mas não por razões econômicas.

Numa delas, à revista The Economist, revelou temer pelo que considerava ter sido o foco de sua vida —evitar conflito de grandes potências. “Estamos na clássica situação anterior à Primeira Guerra Mundial, em que qualquer perturbação do equilíbrio pode levar a consequências catastróficas”, avaliou.

Uma questão a enfrentar seria, de novo, Taiwan. Kissinger disse que Mao teria falado que a China poderia “esperar 100 anos”. Mas que ele, Kissinger, considerava que o entendimento obtido então por China e EUA foi derrubado após 50 anos, metade do esperado, por Trump e Biden.

NELSON DE SÁ / Folhapress

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