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Tenho medo de ter saudade. É como buscar salvação de afogamento num ramo de grama. Cada tempo tem seu tempo de escolhas e definição. Trazer para o agora a memória do ontem como conceito de verdade e sentido é negar o presente, como se fosse desprezível e errático. O ontem é o caminho, um ser professoral a quem devemos o oxigênio do hoje, e isso é muita coisa.

Admiro os que colecionam o passado, como figurinhas, álbuns, selos, moedas, carros e tantas outras coisas. Vejo neles a dedicação da manutenção da história como alimento. Admiro, mas não cultuo. Prefiro o passado como lição, conjunto de erros e acertos que devam ser observados, jamais revividos.

Falo isso porque ando atônito entre os fatos que aludem esse instante. A morte dos artistas que ontem desenharam a cultura de hoje, tem me feito refletir sobre sua representatividade verdadeira na modernidade líquida, como diria Bauman. Erasmo Carlos e Pablo Milanes se encontram onde na realidade que nos cerca? Foram ícones de um tempo, mas como diria o próprio Milanes, o tempo passa e nos põe velhos, o que ontem era amor, vai se tornando outro sentimento.

Se para mim, eles foram fundamentais na construção do meu acervo cultural e nas minhas aventuras no território da alma, para os que agora estão iniciando a caminhada, eles pouco ou nada representam. São fotos. Podem não saber, mas o mundo que foi construído para os de hoje, teve a argamassa dessas pessoas. Mas o que lhes importa o ontem quando o hoje é tão intenso e próspero?

O saudosismo é a angústia do fracasso. A chamada modernidade é a fabrica de chatos, que vivem a distopia do agora, sonhando com a utopia do futuro. Mas quem reconhece isso? O inegável avanço da tecnologia entregou muito menos do que prometeu. Onde está a sociedade igualitária, meritocrática, capaz de dispor o homem de mais tempo para a família do que para o trabalho? O que se colheu foi exatamente o oposto disso. A máquina substituiu o homem não para o seu conforto, mas para a sua escravidão. O tempo não dispõe de mais tempo. O que se obteve foi um acentuado rigor de desigualdades. Somos divididos entre o que possuem a fortuna do avanço e os que sobraram pela sua falta.

Cultivamos hoje a planta da desilusão. Não é à toa que o número de suicídios aumenta vertiginosamente. Não é à toa que a depressão é o mal do século. Temos tempo de validade. Somos julgados pela predominância do que, fisicamente somos capazes, e não do que intelectualmente podemos entregar.

Exatamente por isso, muita gente ama o passado e quer repô-lo. Impossível. O ar que respiramos tem o perfume da exclusão. O que vem por aí não é o que veio até aqui. O conceito moral do certo e do errado é frágil e descomposto. A expressão “no meu tempo” é risível e insustentável. Resume-se ao encontro fugaz nas varandas das casas, entre talagadas de cerveja e rodelas de salaminho. Nada além disso.

Somos fotos nas paredes, como diria o velho Drummond. E como dói. O que nos resta é abraçar o temos e tentar transformar no que conseguimos ajustar para que a vida doa menos. Abandonar o saudosismo piegas, tentar compreender (não entender) o presente como a mesa posta para o almoço e comer sem olhar para o prato ou escolher a mistura. A vida é arroz com feijão.

A vida como arroz e feijão

Tenho medo de ter saudade. É como buscar salvação de afogamento num ramo de grama. Cada tempo tem seu tempo de escolhas e definição. Trazer para o agora a memória do ontem como conceito de verdade e sentido é negar o presente, como se fosse desprezível e errático. O ontem é o caminho, um ser professoral a quem devemos o oxigênio do hoje, e isso é muita coisa.

Admiro os que colecionam o passado, como figurinhas, álbuns, selos, moedas, carros e tantas outras coisas. Vejo neles a dedicação da manutenção da história como alimento. Admiro, mas não cultuo. Prefiro o passado como lição, conjunto de erros e acertos que devam ser observados, jamais revividos.

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Falo isso porque ando atônito entre os fatos que aludem esse instante. A morte dos artistas que ontem desenharam a cultura de hoje, tem me feito refletir sobre sua representatividade verdadeira na modernidade líquida, como diria Bauman. Erasmo Carlos e Pablo Milanes se encontram onde na realidade que nos cerca? Foram ícones de um tempo, mas como diria o próprio Milanes, o tempo passa e nos põe velhos, o que ontem era amor, vai se tornando outro sentimento.

Se para mim, eles foram fundamentais na construção do meu acervo cultural e nas minhas aventuras no território da alma, para os que agora estão iniciando a caminhada, eles pouco ou nada representam. São fotos. Podem não saber, mas o mundo que foi construído para os de hoje, teve a argamassa dessas pessoas. Mas o que lhes importa o ontem quando o hoje é tão intenso e próspero?

O saudosismo é a angústia do fracasso. A chamada modernidade é a fabrica de chatos, que vivem a distopia do agora, sonhando com a utopia do futuro. Mas quem reconhece isso? O inegável avanço da tecnologia entregou muito menos do que prometeu. Onde está a sociedade igualitária, meritocrática, capaz de dispor o homem de mais tempo para a família do que para o trabalho? O que se colheu foi exatamente o oposto disso. A máquina substituiu o homem não para o seu conforto, mas para a sua escravidão. O tempo não dispõe de mais tempo. O que se obteve foi um acentuado rigor de desigualdades. Somos divididos entre o que possuem a fortuna do avanço e os que sobraram pela sua falta.

Cultivamos hoje a planta da desilusão. Não é à toa que o número de suicídios aumenta vertiginosamente. Não é à toa que a depressão é o mal do século. Temos tempo de validade. Somos julgados pela predominância do que, fisicamente somos capazes, e não do que intelectualmente podemos entregar.

Exatamente por isso, muita gente ama o passado e quer repô-lo. Impossível. O ar que respiramos tem o perfume da exclusão. O que vem por aí não é o que veio até aqui. O conceito moral do certo e do errado é frágil e descomposto. A expressão “no meu tempo” é risível e insustentável. Resume-se ao encontro fugaz nas varandas das casas, entre talagadas de cerveja e rodelas de salaminho. Nada além disso.

Somos fotos nas paredes, como diria o velho Drummond. E como dói. O que nos resta é abraçar o temos e tentar transformar no que conseguimos ajustar para que a vida doa menos. Abandonar o saudosismo piegas, tentar compreender (não entender) o presente como a mesa posta para o almoço e comer sem olhar para o prato ou escolher a mistura. A vida é arroz com feijão.

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