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FOLHAPRESS – O programa não fora anunciado. Apenas uma pista –em seu recital na quarta à noite, na Sala São Paulo, o pianista András Schiff supostamente tocaria obras de Bach, Mendelssohn, Schumann e Brahms.

Sem dizer nada, o músico húngaro-britânico atacou a “Ária” das “Variações Goldberg”, de Bach. Não haver programa informado mexe com a expectativa do público. E se agora ele seguir em frente na obra de Bach, percorrendo as 30 variações que se sucedem?

Não seria impossível. Atração aguardada da temporada, esta é a terceira aparição de Schiff em São Paulo ao longo de uma década. Em 2012, ele interpretou as derradeiras sonatas para piano escritas por Haydn, Schubert e Beethoven.

Mas em 2017 um de seus programas foi tocar todo o primeiro volume de “O Cravo Bem Temperado” de Bach, conjunto de 24 prelúdios e 24 fugas, o que levou cerca de uma hora e meia sem intervalo.

A “Ária” de Bach, entretanto, serviu apenas como abertura. Nada que Schiff toca é muito lento, mas nada também é excessivamente rápido. Os ornamentos deslizavam apoiados por frases sóbrias e claras.

A peça seguinte foi uma obra de juventude de Bach, o “Capricho sobre a Partida de um Irmão Amado” (BWV 992), obra em seis movimentos raramente escutada em concertos e que termina com uma fuga cujo tema imita a trompa antigamente usada nas entregas dos correios.

O segundo bloco trouxe quatro “Intermezzi” de Brahms, extraídos de dois conjuntos de suas pequenas obras finais –os três itens que integram o opus 117 mais o nº 2 do op. 118, em andamentos ligeiramente mais rápidos do que o usual.

Brahms, tal como os demais compositores anunciados, combina com o estilo apolíneo de Schiff. O repertório do pianista segue deliberadamente uma linha fina da história, em que a escrita coral, com sua estrutura clara e enxuta, se sobrepõe aos efeitos instrumentais.

A arte de Schiff é oposta a Chopin, Rachmaninov e mesmo Liszt, o patrono da famosa academia de Budapeste onde ele realizou seus estudos.

Mas, ao contrário de seus outros favoritos –Bach, Beethoven, Schubert e Bartók–, há poucas gravações de obras para piano solo de Brahms na discografia de Schiff.

Fecharam a primeira parte as “Danças da Liga de David”, de Robert Schumann, 18 peças em que os afetos da personalidade do compositor, nomeados pelos heterônimos Eusebius e Florestan se sucedem, se encontram e se afastam.

No intervalo, um aficionado que havia viajado quase 3.000 quilômetros para o espetáculo pressentia que Schiff poderia tocar as “Variações Sérias” de Mendelssohn. Será? E mais o quê? Talvez mais Bach.

Ao voltar ao palco, o pianista anunciou que traria apenas mais três obras, todas em ré menor, a começar pela “Fantasia Cromática e Fuga” BWV 903 de Bach, composição densa que a inteligência austera de Schiff pontuou e clarificou.

Vieram mesmo, então, as “Variações Sérias” op. 54, tema seguido por 17 variações escritas por Mendelssohn com os ouvidos em Bach e o coração em Beethoven –já que o trabalho foi realizado com propósito de arrecadar fundos para uma estátua em homenagem ao próprio Beethoven.

Até a geografia ordenava e amarrava o programa da noite, pois Mendelssohn e Schumann escreveram suas obras em Leipzig, cidade onde Bach viveu e está sepultado.

Para encerrar, Schiff pôs um quinto compositor aos quatro previstos e tocou os três movimentos da “Sonata Tempestade” op. 31 nº 2 de Beethoven.

Antes mesmo de começar, avisou que o andamento indicado para o movimento final é “Allegretto”, portanto não tão rápido quanto a maioria dos pianistas costuma executar.

Findo o “Allegretto” se seguiram muitos aplausos, claro, e mais um item para o círculo do programa se fechar –o primeiro movimento do “Concerto Italiano”, de Bach, composto em 1735 na mesma Leipzig.

O jogo com as expectativas do público, aliado à sua condução segura e performance impecável, imprimiu vida e leveza a um programa que, se anunciado previamente, poderia parecer denso e pesado. Não foi.

ANDRÁS SCHIFF

Quando SP: Qui. (14), às 20h30. RJ: Sáb. (16), às 20h

Onde: São Paulo: Sala São Paulo – pça. Júlio Prestes, 16. Rio de Janeiro: Theatro Municipal – pça. Floriano, s/n

Preço SP: De R$280 a R$560. RJ: De R$ 50 a R$ 500

Classificação 10 anos

Avaliação: ótimo

SIDNEY MOLINA / Folhapress

András Schiff imprimiu vida e leveza a um programa surpreendente

FOLHAPRESS – O programa não fora anunciado. Apenas uma pista –em seu recital na quarta à noite, na Sala São Paulo, o pianista András Schiff supostamente tocaria obras de Bach, Mendelssohn, Schumann e Brahms.

Sem dizer nada, o músico húngaro-britânico atacou a “Ária” das “Variações Goldberg”, de Bach. Não haver programa informado mexe com a expectativa do público. E se agora ele seguir em frente na obra de Bach, percorrendo as 30 variações que se sucedem?

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Não seria impossível. Atração aguardada da temporada, esta é a terceira aparição de Schiff em São Paulo ao longo de uma década. Em 2012, ele interpretou as derradeiras sonatas para piano escritas por Haydn, Schubert e Beethoven.

Mas em 2017 um de seus programas foi tocar todo o primeiro volume de “O Cravo Bem Temperado” de Bach, conjunto de 24 prelúdios e 24 fugas, o que levou cerca de uma hora e meia sem intervalo.

A “Ária” de Bach, entretanto, serviu apenas como abertura. Nada que Schiff toca é muito lento, mas nada também é excessivamente rápido. Os ornamentos deslizavam apoiados por frases sóbrias e claras.

A peça seguinte foi uma obra de juventude de Bach, o “Capricho sobre a Partida de um Irmão Amado” (BWV 992), obra em seis movimentos raramente escutada em concertos e que termina com uma fuga cujo tema imita a trompa antigamente usada nas entregas dos correios.

O segundo bloco trouxe quatro “Intermezzi” de Brahms, extraídos de dois conjuntos de suas pequenas obras finais –os três itens que integram o opus 117 mais o nº 2 do op. 118, em andamentos ligeiramente mais rápidos do que o usual.

Brahms, tal como os demais compositores anunciados, combina com o estilo apolíneo de Schiff. O repertório do pianista segue deliberadamente uma linha fina da história, em que a escrita coral, com sua estrutura clara e enxuta, se sobrepõe aos efeitos instrumentais.

A arte de Schiff é oposta a Chopin, Rachmaninov e mesmo Liszt, o patrono da famosa academia de Budapeste onde ele realizou seus estudos.

Mas, ao contrário de seus outros favoritos –Bach, Beethoven, Schubert e Bartók–, há poucas gravações de obras para piano solo de Brahms na discografia de Schiff.

Fecharam a primeira parte as “Danças da Liga de David”, de Robert Schumann, 18 peças em que os afetos da personalidade do compositor, nomeados pelos heterônimos Eusebius e Florestan se sucedem, se encontram e se afastam.

No intervalo, um aficionado que havia viajado quase 3.000 quilômetros para o espetáculo pressentia que Schiff poderia tocar as “Variações Sérias” de Mendelssohn. Será? E mais o quê? Talvez mais Bach.

Ao voltar ao palco, o pianista anunciou que traria apenas mais três obras, todas em ré menor, a começar pela “Fantasia Cromática e Fuga” BWV 903 de Bach, composição densa que a inteligência austera de Schiff pontuou e clarificou.

Vieram mesmo, então, as “Variações Sérias” op. 54, tema seguido por 17 variações escritas por Mendelssohn com os ouvidos em Bach e o coração em Beethoven –já que o trabalho foi realizado com propósito de arrecadar fundos para uma estátua em homenagem ao próprio Beethoven.

Até a geografia ordenava e amarrava o programa da noite, pois Mendelssohn e Schumann escreveram suas obras em Leipzig, cidade onde Bach viveu e está sepultado.

Para encerrar, Schiff pôs um quinto compositor aos quatro previstos e tocou os três movimentos da “Sonata Tempestade” op. 31 nº 2 de Beethoven.

Antes mesmo de começar, avisou que o andamento indicado para o movimento final é “Allegretto”, portanto não tão rápido quanto a maioria dos pianistas costuma executar.

Findo o “Allegretto” se seguiram muitos aplausos, claro, e mais um item para o círculo do programa se fechar –o primeiro movimento do “Concerto Italiano”, de Bach, composto em 1735 na mesma Leipzig.

O jogo com as expectativas do público, aliado à sua condução segura e performance impecável, imprimiu vida e leveza a um programa que, se anunciado previamente, poderia parecer denso e pesado. Não foi.

ANDRÁS SCHIFF

Quando SP: Qui. (14), às 20h30. RJ: Sáb. (16), às 20h

Onde: São Paulo: Sala São Paulo – pça. Júlio Prestes, 16. Rio de Janeiro: Theatro Municipal – pça. Floriano, s/n

Preço SP: De R$280 a R$560. RJ: De R$ 50 a R$ 500

Classificação 10 anos

Avaliação: ótimo

SIDNEY MOLINA / Folhapress

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