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MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – “Às vezes jogam ovos, às vezes jogam pedras, xingam. São adolescentes revoltados que ficam o dia inteiro na rua mexendo com todo mundo. Então, os entregadores são um alvo.” Essa é avaliação de Caio Benicio, o herói de Dublin, a respeito da xenofobia que os estrangeiros encaram na Irlanda.

“Comigo nunca aconteceu nada. Talvez porque eu use moto. O pessoal que faz entregas de bicicleta sofre mais, esses estão mais vulneráveis”, disse Benicio, 43, à Folha de S.Paulo. “Mas eu sei que o problema existe e vejo que os outros sofrem. Os entregadores aqui são 99% vindos do Brasil.”

Na quinta-feira passada (23), Benicio interrompeu o ataque a facas de um homem em uma escola na capital irlandesa. No momento em que o brasileiro passou de moto, o agressor estava esfaqueando uma menina de 5 anos em frente ao local, e uma professora tentava proteger a criança.

Benicio pulou da moto e, com seu capacete, desferiu um golpe com toda a força na cabeça do agressor. “Foi muito forte. Ele caiu, e meu capacete também rolou para o lado. Então, me joguei sobre ele e dei três socos no rosto”, conta.

O homem foi preso em seguida e, segundo Benicio, ele se vestia como um irlandês qualquer. Benicio visitou a garotinha há dois dias. “Ela está em estado muito grave. Teve uma lesão na artéria próxima ao coração. Mas está se recuperando bem da cirurgia.”

Rumores de que o agressor era um imigrante fizeram com que, horas depois, uma das principais vias da capital fosse tomada por manifestantes anti-imigração.

Benicio diz não ter vivido casos de preconceito desde o fim do ano passado, quando se mudou de Niterói para Dublin, mas a Irlanda, espelhando o resto da Europa, tem diversos grupos de ultradireita contrários aos estrangeiros, em especial os de países menos desenvolvidos.

Nos últimos 12 meses, o país recebeu 65 mil refugiados e enfrentou centenas de protestos em diversas cidades, muitos deles sob o slogan “Irish is full” (a Irlanda está lotada). Os movimentos anti-imigração alegam representar 90% dos irlandeses.

Paul Darcy não é um desses. No dia seguinte ao ataque à escola, Darcy resolveu por conta própria abrir uma vaquinha online conclamando a população irlandesa a “pagar uma cerveja a Caio Benicio”. O objetivo, de EUR 200 mil (pouco mais de R$ 1 milhão), logo foi ultrapassado e chegou a EUR 366 mil (R$ 1,97 milhão) nesta quarta-feira (29).

“Acho que o povo irlandês quis demonstrar que iria, sim, agradecer a um imigrante. Eu não conhecia esse Paul Darcy”, diz Benicio. “A empresa de vaquinhas já entrou em contato comigo, e cadastramos a minha conta para eu receber o valor quando isso terminar. Quando acabar a vaquinha, vamos tirar uma foto juntos, eu e o Paul.”

Caio Benicio teve um restaurante por 15 anos em Niterói chamado Bar Kana, mas, quando o local pegou fogo em 2019, ele não teve fundos para reerguê-lo. Para sustentar a mulher e o casal de filhos, de 12 e 19 anos, pensou em voltar a Londres, onde já havia vivido por cinco anos após a adolescência.

Mas, com a saída do Reino Unido da União Europeia em 2020, seu passaporte português pouco serviria. Resolveu, então, ir para Dublin, onde falaria o mesmo idioma e viveria uma cultura parecida com a inglesa.

Desde então, trabalha dez horas por dia nos sete dias da semana. “Não folgo. Estou aqui para trabalhar”, diz. A intenção é faturar EUR 200 por dia (R$ 1.074). Nem ele nem os colegas de entrega são contratados por uma firma. Eles apenas ligam um aplicativo quando querem começar a trabalhar e passam a aceitar corridas.

Benicio diz não saber o que fazer com os quase R$ 2 milhões que vai receber da vaquinha. “Não tive tempo para pensar. Vai ajudar muito minha família. Mas com certeza não pararei de trabalhar. Eu planejava ir para o Brasil em janeiro. Talvez agora eu possa adiantar e passar o Natal com eles.”

Só há uma certeza a respeito dos R$ 2 milhões. Apesar de terem sido doados com a intenção de que ele tomasse cervejas, Benicio não vai seguir essa orientação. Pelo menos não totalmente.

IVAN FINOTTI / Folhapress

‘Às vezes jogam ovos, às vezes jogam pedras’, diz ‘herói brasileiro’ sobre xenofobia em Dublin

MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – “Às vezes jogam ovos, às vezes jogam pedras, xingam. São adolescentes revoltados que ficam o dia inteiro na rua mexendo com todo mundo. Então, os entregadores são um alvo.” Essa é avaliação de Caio Benicio, o herói de Dublin, a respeito da xenofobia que os estrangeiros encaram na Irlanda.

“Comigo nunca aconteceu nada. Talvez porque eu use moto. O pessoal que faz entregas de bicicleta sofre mais, esses estão mais vulneráveis”, disse Benicio, 43, à Folha de S.Paulo. “Mas eu sei que o problema existe e vejo que os outros sofrem. Os entregadores aqui são 99% vindos do Brasil.”

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Na quinta-feira passada (23), Benicio interrompeu o ataque a facas de um homem em uma escola na capital irlandesa. No momento em que o brasileiro passou de moto, o agressor estava esfaqueando uma menina de 5 anos em frente ao local, e uma professora tentava proteger a criança.

Benicio pulou da moto e, com seu capacete, desferiu um golpe com toda a força na cabeça do agressor. “Foi muito forte. Ele caiu, e meu capacete também rolou para o lado. Então, me joguei sobre ele e dei três socos no rosto”, conta.

O homem foi preso em seguida e, segundo Benicio, ele se vestia como um irlandês qualquer. Benicio visitou a garotinha há dois dias. “Ela está em estado muito grave. Teve uma lesão na artéria próxima ao coração. Mas está se recuperando bem da cirurgia.”

Rumores de que o agressor era um imigrante fizeram com que, horas depois, uma das principais vias da capital fosse tomada por manifestantes anti-imigração.

Benicio diz não ter vivido casos de preconceito desde o fim do ano passado, quando se mudou de Niterói para Dublin, mas a Irlanda, espelhando o resto da Europa, tem diversos grupos de ultradireita contrários aos estrangeiros, em especial os de países menos desenvolvidos.

Nos últimos 12 meses, o país recebeu 65 mil refugiados e enfrentou centenas de protestos em diversas cidades, muitos deles sob o slogan “Irish is full” (a Irlanda está lotada). Os movimentos anti-imigração alegam representar 90% dos irlandeses.

Paul Darcy não é um desses. No dia seguinte ao ataque à escola, Darcy resolveu por conta própria abrir uma vaquinha online conclamando a população irlandesa a “pagar uma cerveja a Caio Benicio”. O objetivo, de EUR 200 mil (pouco mais de R$ 1 milhão), logo foi ultrapassado e chegou a EUR 366 mil (R$ 1,97 milhão) nesta quarta-feira (29).

“Acho que o povo irlandês quis demonstrar que iria, sim, agradecer a um imigrante. Eu não conhecia esse Paul Darcy”, diz Benicio. “A empresa de vaquinhas já entrou em contato comigo, e cadastramos a minha conta para eu receber o valor quando isso terminar. Quando acabar a vaquinha, vamos tirar uma foto juntos, eu e o Paul.”

Caio Benicio teve um restaurante por 15 anos em Niterói chamado Bar Kana, mas, quando o local pegou fogo em 2019, ele não teve fundos para reerguê-lo. Para sustentar a mulher e o casal de filhos, de 12 e 19 anos, pensou em voltar a Londres, onde já havia vivido por cinco anos após a adolescência.

Mas, com a saída do Reino Unido da União Europeia em 2020, seu passaporte português pouco serviria. Resolveu, então, ir para Dublin, onde falaria o mesmo idioma e viveria uma cultura parecida com a inglesa.

Desde então, trabalha dez horas por dia nos sete dias da semana. “Não folgo. Estou aqui para trabalhar”, diz. A intenção é faturar EUR 200 por dia (R$ 1.074). Nem ele nem os colegas de entrega são contratados por uma firma. Eles apenas ligam um aplicativo quando querem começar a trabalhar e passam a aceitar corridas.

Benicio diz não saber o que fazer com os quase R$ 2 milhões que vai receber da vaquinha. “Não tive tempo para pensar. Vai ajudar muito minha família. Mas com certeza não pararei de trabalhar. Eu planejava ir para o Brasil em janeiro. Talvez agora eu possa adiantar e passar o Natal com eles.”

Só há uma certeza a respeito dos R$ 2 milhões. Apesar de terem sido doados com a intenção de que ele tomasse cervejas, Benicio não vai seguir essa orientação. Pelo menos não totalmente.

IVAN FINOTTI / Folhapress

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