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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tão celebrada nos últimos anos, em especial pelos eventos da CPLP –a Comunidade de Países de Língua Portuguesa–, a lusofonia saiu arranhada de um debates da Flip nesta quinta-feira (23).

A mesa das 17h reuniu o romancista moçambicano Manuel Mutimucuio, autor do recém-lançado “Moçambique com Z de Zarolho”, e a poeta carioca Tatiana Pequeno, de obras como “Onde Estão as Bombas”.

Foi, sobretudo, Mutimucuio quem questionou os consensos em torno da lusofonia. “Quando se fala em lusofonia, são mencionados o português de Portugal e o português do Brasil. E o de Moçambique? E o de Angola? E o de Cabo Verde? E os outros também na África”, afirmou o autor.

Ele apontou ainda uma outra fragilidade em torno desse tema. “A comunidade lusófona será mais interessante se reconhecer que há outras línguas que a enriquecem. A lusofonia é um bocadinho mais do que a língua portuguesa” disse, referindo-se às línguas originais africanas, que tiveram muitas palavras incorporadas ao idioma português.

Mutimucuio deu o exemplo da palavra “machamba”, que significa terreno destinado para a agricultura. Hoje assimilada pelos dicionários de língua portuguesa, o vocábulo tem origem em um dos idiomas ancestrais da África.

O romancista também colocou em xeque a ideia do português como uma língua-mãe para seus conterrâneos. “Há cerca de 30 idiomas no território de Moçambique [além do português]. Conheço pessoas que falam até quatro, cinco, seis línguas”, disse. “Se eu falo que o português é minha língua-mãe, eu ofendo meus pais [que se expressam em changana, um dos idiomas mais populares na região].”

Quando Moçambique declarou sua independência em relação a Portugal, em 1974, lembrou o romancista, a elite política decidiu que o português seria um elemento de unificação dos diferentes povos que formam o país.

“Mas também se tornou um símbolo de exclusão. Uma metade do país fala o idioma, a outra não. E é justamente essa parte que não fala que tem menos acesso a educação, a informação”.

Poeta de obras como “Aceno” e “Tocar o Terror” e professora de literatura da UFF, a Universidade Federal Fluminense, Tatiana Pequeno também se mostrou reticente com o conceito de língua materna, mas sob outro viés.

“Me interessa algo além da língua materna ou paterna. Me interessa a língua poética, do estranhamento”, afirmou. Ela ressaltou a importância do “atrito” na linguagem, que se distancia “do que é considerado normativo”.

Com a medição da livreira e curadora Nanni Rios, o debate foi acompanhado por cerca de metade da capacidade total da tenda principal da Flip.

NAIEF HADDAD / Folhapress

Autor moçambicano Manuel Mutimucuio critica a lusofonia em debate da Flip

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tão celebrada nos últimos anos, em especial pelos eventos da CPLP –a Comunidade de Países de Língua Portuguesa–, a lusofonia saiu arranhada de um debates da Flip nesta quinta-feira (23).

A mesa das 17h reuniu o romancista moçambicano Manuel Mutimucuio, autor do recém-lançado “Moçambique com Z de Zarolho”, e a poeta carioca Tatiana Pequeno, de obras como “Onde Estão as Bombas”.

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Foi, sobretudo, Mutimucuio quem questionou os consensos em torno da lusofonia. “Quando se fala em lusofonia, são mencionados o português de Portugal e o português do Brasil. E o de Moçambique? E o de Angola? E o de Cabo Verde? E os outros também na África”, afirmou o autor.

Ele apontou ainda uma outra fragilidade em torno desse tema. “A comunidade lusófona será mais interessante se reconhecer que há outras línguas que a enriquecem. A lusofonia é um bocadinho mais do que a língua portuguesa” disse, referindo-se às línguas originais africanas, que tiveram muitas palavras incorporadas ao idioma português.

Mutimucuio deu o exemplo da palavra “machamba”, que significa terreno destinado para a agricultura. Hoje assimilada pelos dicionários de língua portuguesa, o vocábulo tem origem em um dos idiomas ancestrais da África.

O romancista também colocou em xeque a ideia do português como uma língua-mãe para seus conterrâneos. “Há cerca de 30 idiomas no território de Moçambique [além do português]. Conheço pessoas que falam até quatro, cinco, seis línguas”, disse. “Se eu falo que o português é minha língua-mãe, eu ofendo meus pais [que se expressam em changana, um dos idiomas mais populares na região].”

Quando Moçambique declarou sua independência em relação a Portugal, em 1974, lembrou o romancista, a elite política decidiu que o português seria um elemento de unificação dos diferentes povos que formam o país.

“Mas também se tornou um símbolo de exclusão. Uma metade do país fala o idioma, a outra não. E é justamente essa parte que não fala que tem menos acesso a educação, a informação”.

Poeta de obras como “Aceno” e “Tocar o Terror” e professora de literatura da UFF, a Universidade Federal Fluminense, Tatiana Pequeno também se mostrou reticente com o conceito de língua materna, mas sob outro viés.

“Me interessa algo além da língua materna ou paterna. Me interessa a língua poética, do estranhamento”, afirmou. Ela ressaltou a importância do “atrito” na linguagem, que se distancia “do que é considerado normativo”.

Com a medição da livreira e curadora Nanni Rios, o debate foi acompanhado por cerca de metade da capacidade total da tenda principal da Flip.

NAIEF HADDAD / Folhapress

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