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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Círculos conservadores se reuniram em torno de um novo inimigo público: a Barbie. Ideologia e religião têm motivado pedidos de boicote ao lançamento cinematográfico mais comentado do ano, o filme de Greta Gerwig sobre a linha de boneca.

A saga protagonizada por Margot Robbie é acusada de subverter valores cristãos, fazer propaganda subliminar para a China e, de quebra, ser uma das artimanhas mais bem-sucedidas do marxismo cultural nos últimos anos. Essa teoria conspiratória sustenta que a esquerda se infiltrou nas artes, na imprensa e em outras instituições para destruir a civilização ocidental por dentro.

A grita ultraconservadora também contaminou o Brasil. Ex-ministro da Educação de Jair Bolsonaro (PL), Abraham Weintraub equiparou a obra ao nazismo em tuíte postado na quinta (20), o dia da estreia.

Escreveu acima de uma foto do nazista Klaus Barbie, criminoso de guerra conhecido como o “carniceiro de Lyon”: “Não é a primeira vez que o nome Barbie está a serviço do demônio! Protejam seus filhos de qualquer linha ideológica de Barbie! Da antiga ou da atual!”.

Sites evangélicos também entraram em polvorosa. Eis um artigo publicado no Gospel Mais: “Especialistas cristãos em cinema alertam: ‘Não levem seus filhos para assistir ‘Barbie’”. Segundo o texto, “muitos pais acreditam tratar-se de um filme infantil, mas irão deparar-se com muito conteúdo adulto, incluindo temas LGBT”.

Tanto nos EUA quanto no Brasil, o filme nunca foi dirigido a crianças -a classificação indicativa é de 12 anos aqui e 13 lá.

O Gospel Mais também cita o Movieguide, site comandado pelo crítico Ted Baehr, presidente da americana Comissão Cristã de Filme e TV. “O filme esquece seu público principal de famílias e crianças enquanto atende a adultos nostálgicos e promove histórias de personagens lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.”

A escalação de Hari Nef, atriz trans que interpreta a Barbie Médica, absorve boa parte dessa fúria. Charlie Kirk, ativista da extrema direita dos EUA, definiu o trailer do filme como “a coisa mais nojenta” que ele já viu.

Deputada estadual em Minas, a bolsonarista Alê Portela (PL) pediu aos pais que não levem os filhos para ver “Barbie”. Segundo ela, o título a princípio pode enganar. “Podemos pensar que um filme baseado nessa personagem seria voltado para o público infantil e familiar, destacando a feminilidade”, escreveu em uma rede social. Mas, para a parlamentar, não foi isso que aconteceu. A presença de Nef no elenco é um dos incômodos que ela manifesta, junto com a presença de temas como álcool e assédio.

Também repercutiu na internet a decepção de uma influencer cristã carioca com o longa que tanto aguardava para assistir. Vitória Margarida chegou a postar um vídeo dela com a roupa toda rosa que separou para a estreia: “Tô pronta tem um mês!”.

A publicação seguinte, contudo, era um lamento. “Barbie”, em sua opinião, deturpa o conceito de família tradicional e vende uma ideia equivocada de que “ser uma esposa” e “uma mulher grávida casada” não é bom jogo para as mulheres. A estratégia de abusar do uso de rosa é esperta, mas o tom da obra é bem mais sombrio para Margarida.

A influencer acaba dando voz à outra linha de insatisfação com a obra: será que essa imagem de mulher independente e empoderada, que dispensa a companhia masculina, não é danosa para o povo evangélico?

Um templo evangélico em Goiânia, a Igreja Casa, atraiu a ira de irmãos de fé ao usar um frame de “Barbie” para anunciar um culto. Reclama um seguidor: “Será que os líderes dessa igreja não sabe que o filme feminista e traz uma desvalorização da figura masculina?”.

O pastor Pedrão, líder da Comunidade Batista do Rio e responsável por celebrar o casamento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), diz que a produção perdeu uma bela oportunidade de “ser tão somente entretenimento” para “levantar bandeiras ideológicas”.

Pedrão conta à reportagem que a filha e duas netas de 9 e 11 anos já assistiram o filme e saíram com má impressão. “Interessante que você é obrigado a lidar com essas bandeiras de diversidades com absoluta normalidade. Segundo minha filha, ‘Barbie’ é exageradamente feminista, mostrando os homens sem ação.”

Apesar da classificação de 12 anos, que a princípio deveria barrar as netas no cinema, o pastor critica a participação da intérprete transgênero, “uma informação passada para crianças que ainda nem entendem a sua própria sexualidade”.

“O respeito é para todos e com todos, mas creio que tudo deve acontecer no tempo certo e de forma natural, e não goela abaixo, como tem acontecido.”

“A (famigerada) pauta de costumes é a ponta de lança do projeto autoritário e fundamentalista da extrema direita transnacional”, afirma João Cezar de Castro Rocha, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e estudioso das guerras culturais. “É a cartilha, o manual de procedimentos. Por quê? Porque ela incide no que há de mais imediato e importante no cotidiano das pessoas: educação das crianças, sexualidade, formas de convívio

A extrema direita, segundo Rocha, ganha adeptos se consegue gerar “medo”. “E, para haver medo, é preciso que haja um agente que ‘ameace’ aqueles fatores. Aqui vale tudo: Hollywood, Netflix e a indústria cultural ‘esquerdista’, professores doutrinadores, identitarismo progressista, etc. O que importa é criar inimigos imaginários para produzir o ódio que estrutura a extrema direita.”

À agenda moral soma-se a tese de que, com a produção, Hollywood faz propaganda cifrada à China. Tudo por conta de uma cena que traz o mapa de uma região que a superpotência clama para si, não sem detonar conflitos territoriais com vizinhos. Chamada de Linha das Nove Raias, a demarcação no mar da China Meridional é alvo de disputa entre países como Vietnã -que decidiu vetar a estreia comercial do longa.

Senadores americanos como Ted Cruz e Marsha Blackburn apontaram uma agenda oculta na trama sobre a boneca fã de cor-de-rosa. Colega de partido do ex-presidente Donald Trump, Blackburn acusou a “Hollywood esquerdista” de se “dobrar a Pequim para faturar uma grana rápida”.

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER / Folhapress

‘Barbie’ desperta fúria conservadora contra atriz trans e feminismo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Círculos conservadores se reuniram em torno de um novo inimigo público: a Barbie. Ideologia e religião têm motivado pedidos de boicote ao lançamento cinematográfico mais comentado do ano, o filme de Greta Gerwig sobre a linha de boneca.

A saga protagonizada por Margot Robbie é acusada de subverter valores cristãos, fazer propaganda subliminar para a China e, de quebra, ser uma das artimanhas mais bem-sucedidas do marxismo cultural nos últimos anos. Essa teoria conspiratória sustenta que a esquerda se infiltrou nas artes, na imprensa e em outras instituições para destruir a civilização ocidental por dentro.

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A grita ultraconservadora também contaminou o Brasil. Ex-ministro da Educação de Jair Bolsonaro (PL), Abraham Weintraub equiparou a obra ao nazismo em tuíte postado na quinta (20), o dia da estreia.

Escreveu acima de uma foto do nazista Klaus Barbie, criminoso de guerra conhecido como o “carniceiro de Lyon”: “Não é a primeira vez que o nome Barbie está a serviço do demônio! Protejam seus filhos de qualquer linha ideológica de Barbie! Da antiga ou da atual!”.

Sites evangélicos também entraram em polvorosa. Eis um artigo publicado no Gospel Mais: “Especialistas cristãos em cinema alertam: ‘Não levem seus filhos para assistir ‘Barbie’”. Segundo o texto, “muitos pais acreditam tratar-se de um filme infantil, mas irão deparar-se com muito conteúdo adulto, incluindo temas LGBT”.

Tanto nos EUA quanto no Brasil, o filme nunca foi dirigido a crianças -a classificação indicativa é de 12 anos aqui e 13 lá.

O Gospel Mais também cita o Movieguide, site comandado pelo crítico Ted Baehr, presidente da americana Comissão Cristã de Filme e TV. “O filme esquece seu público principal de famílias e crianças enquanto atende a adultos nostálgicos e promove histórias de personagens lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.”

A escalação de Hari Nef, atriz trans que interpreta a Barbie Médica, absorve boa parte dessa fúria. Charlie Kirk, ativista da extrema direita dos EUA, definiu o trailer do filme como “a coisa mais nojenta” que ele já viu.

Deputada estadual em Minas, a bolsonarista Alê Portela (PL) pediu aos pais que não levem os filhos para ver “Barbie”. Segundo ela, o título a princípio pode enganar. “Podemos pensar que um filme baseado nessa personagem seria voltado para o público infantil e familiar, destacando a feminilidade”, escreveu em uma rede social. Mas, para a parlamentar, não foi isso que aconteceu. A presença de Nef no elenco é um dos incômodos que ela manifesta, junto com a presença de temas como álcool e assédio.

Também repercutiu na internet a decepção de uma influencer cristã carioca com o longa que tanto aguardava para assistir. Vitória Margarida chegou a postar um vídeo dela com a roupa toda rosa que separou para a estreia: “Tô pronta tem um mês!”.

A publicação seguinte, contudo, era um lamento. “Barbie”, em sua opinião, deturpa o conceito de família tradicional e vende uma ideia equivocada de que “ser uma esposa” e “uma mulher grávida casada” não é bom jogo para as mulheres. A estratégia de abusar do uso de rosa é esperta, mas o tom da obra é bem mais sombrio para Margarida.

A influencer acaba dando voz à outra linha de insatisfação com a obra: será que essa imagem de mulher independente e empoderada, que dispensa a companhia masculina, não é danosa para o povo evangélico?

Um templo evangélico em Goiânia, a Igreja Casa, atraiu a ira de irmãos de fé ao usar um frame de “Barbie” para anunciar um culto. Reclama um seguidor: “Será que os líderes dessa igreja não sabe que o filme feminista e traz uma desvalorização da figura masculina?”.

O pastor Pedrão, líder da Comunidade Batista do Rio e responsável por celebrar o casamento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), diz que a produção perdeu uma bela oportunidade de “ser tão somente entretenimento” para “levantar bandeiras ideológicas”.

Pedrão conta à reportagem que a filha e duas netas de 9 e 11 anos já assistiram o filme e saíram com má impressão. “Interessante que você é obrigado a lidar com essas bandeiras de diversidades com absoluta normalidade. Segundo minha filha, ‘Barbie’ é exageradamente feminista, mostrando os homens sem ação.”

Apesar da classificação de 12 anos, que a princípio deveria barrar as netas no cinema, o pastor critica a participação da intérprete transgênero, “uma informação passada para crianças que ainda nem entendem a sua própria sexualidade”.

“O respeito é para todos e com todos, mas creio que tudo deve acontecer no tempo certo e de forma natural, e não goela abaixo, como tem acontecido.”

“A (famigerada) pauta de costumes é a ponta de lança do projeto autoritário e fundamentalista da extrema direita transnacional”, afirma João Cezar de Castro Rocha, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e estudioso das guerras culturais. “É a cartilha, o manual de procedimentos. Por quê? Porque ela incide no que há de mais imediato e importante no cotidiano das pessoas: educação das crianças, sexualidade, formas de convívio

A extrema direita, segundo Rocha, ganha adeptos se consegue gerar “medo”. “E, para haver medo, é preciso que haja um agente que ‘ameace’ aqueles fatores. Aqui vale tudo: Hollywood, Netflix e a indústria cultural ‘esquerdista’, professores doutrinadores, identitarismo progressista, etc. O que importa é criar inimigos imaginários para produzir o ódio que estrutura a extrema direita.”

À agenda moral soma-se a tese de que, com a produção, Hollywood faz propaganda cifrada à China. Tudo por conta de uma cena que traz o mapa de uma região que a superpotência clama para si, não sem detonar conflitos territoriais com vizinhos. Chamada de Linha das Nove Raias, a demarcação no mar da China Meridional é alvo de disputa entre países como Vietnã -que decidiu vetar a estreia comercial do longa.

Senadores americanos como Ted Cruz e Marsha Blackburn apontaram uma agenda oculta na trama sobre a boneca fã de cor-de-rosa. Colega de partido do ex-presidente Donald Trump, Blackburn acusou a “Hollywood esquerdista” de se “dobrar a Pequim para faturar uma grana rápida”.

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER / Folhapress

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