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MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – Ao meio-dia desta quarta-feira (6), o bairro do Pontal, em Maceió, parecia parado. Quase não se ouvia barulho algum. Nas ruas algumas pessoas caminhavam, e as rendeiras todas trabalhavam em suas lojas, à espera de clientes cada vez mais escassos.

A área é dividida do restante da cidade pela Braskem. São quase 7 km de distância do Mutange, bairro onde uma das minas da petroquímica corre o risco de colapsar, conforme alerta emitido há uma semana pela Defesa Civil da capital de Alagoas. O solo no local já afundou 1,92 metro desde o dia 20 de novembro, segundo o órgão.

O Pontal fica à beira da lagoa Mundaú, onde está a mina 18, e perto da sede da Braskem. De acordo com Carmen Valéria Vianna de Sá, presidente da associação dos artesãos do Pontal, o movimento de clientes caiu cerca de 80% no bairro.

“As nossas lojas são nossas casas e estão abertas pela misericórdia. A gente está sem perspectiva de nada”, diz a artesã. “Enquanto [o problema] não for resolvido, estamos sem ninguém nas ruas, com poucos turistas e visitantes. Acham que nosso bairro vai entrar em um buraco. Isso não é verdade. Não podemos deixar as rendeiras do Pontal passando necessidade.”

O movimento tímido, conta a artesã Tereza Laura Oliveira Vianna, da associação de rendeiras, já persiste há alguns anos, especialmente desde a pandemia de Covid-19, mas foi acentuado com a crise recente.

Toda a sua família, ela diz, é de rendeiras e está há cem anos no bairro. Segundo ela, é possível dizer que este é um dos momentos mais difíceis por que já passaram.

“Criei três filhos com o que vendia aqui e agora acho que isso seria impossível. A gente quer vender, vender o nosso trabalho, conquistar as nossas coisas. A Braskem nos prejudica desde a implantação aqui na cidade, e agora, mesmo indiretamente, dificulta as coisas para nós também”, lamenta.

Tereza diz que os poucos turistas que passam pelas lojas questionam sobre o impacto do possível colapso da mina e afirmam temer que Maceió esteja afundando.

“Isso é algo que precisa ser desmistificado, porque os pontos turísticos são distantes. Um colapso da mina não atingiria a região aqui do Pontal”, afirma.

O afundamento do solo atinge cinco bairros de Maceió —Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. O problema começou em março de 2018 e até hoje não foi solucionado. O Serviço Geológico do Brasil, órgão do governo federal, concluiu que as atividades de mineração da Braskem causaram o problema.

Em viagem de turismo a Maceió, o casal baiano Hilda Ferreira e Carlos Sena, donos de uma página de viagem nas redes sociais, conta que com frequência recebe mensagens de gente que não entende o que eles estão fazendo na cidade.

“As pessoas realmente não sabem que o problema é distante e ficam preocupadas. Fomos questionados por familiares sobre o que estamos fazendo aqui, mas logo tratamos de desmistificar isso”, disse Hilda. “Chegamos aqui no domingo e conseguimos fazer tudo. Maceió é bonita, acolhedora, vale a pena.”

Após conversar com a Folha, o casal entrou em um catamarã uma volta pela lagoa Mundaú —o passeio é liberado, mas não é permitido chegar nas proximidades da mina, segundo orientação da Defesa Civil Municipal. Por ali as atividades seguem normais, inclusive a pesca. A reportagem identificou barcos pesqueiros e também uma lancha da Marinha do Brasil no local.

Guia de turismo e artesã, Samara Rose Bastos dos Santos, 35, conta que clientes que têm pacotes comprados costumam questioná-la sobre a veracidade das informações a respeito dos riscos de colapso e afundamento.

“Pessoas com hotéis reservados, passeios certos, me perguntaram sobre isso. É uma viagem que se planeja, que se sonha, e Alagoas oferece muito. Consegui explicar a eles que tudo isso acontece muito distante dos pontos turísticos, e felizmente não tive pacotes cancelados. Agora temos que torcer para o movimento melhorar”, disse.

Perto das 14h, um restaurante da região tinha suas mesas mais próximas à lagoa ocupadas, mas o restante estava vazio. Pelas ruas, a loja de José Francisco da Silva Filho, 58, artesão no bairro há 40 anos, tem pouco movimento.

“Acho que nos falta a divulgação de que este problema não nos atinge. São momentos difíceis aqui no Pontal da Barra. É preciso que se olhe mais para cá, para fomentar o turismo novamente, para que recebamos as pessoas e possamos mostrar a nossa arte. Isso é o ideal”.

Maria Ligia Minin de Lins, conhecida como Ligia do Pontal e famosa por seus bordados do tipo filé, se queixa do mesmo problema. E afirma que seu faturamento caiu cerca de 70%.

“O que mais amedronta as pessoas é não saber o que de fato está acontecendo. Quem mais sofre com isso, claro, são aqueles que estão na área de risco, mas também todos os que dependem do comércio e do turismo da cidade. Estamos à beira da alta temporada e não temos certeza se o movimento vai melhorar.”

No trajeto para o Pontal, a reportagem da Folha passou por outros pontos turísticos de Maceió, como a praia de Ponta Verde (a 9 km do bairro do Mutange) e de Pajuçara (a 8 km do Mutange) e o movimento parecia normal para uma quarta-feira, com bares pé na areia aparentemente cheios, além de guarda-sol e cadeiras ocupadas perto do mar.

JOSUÉ SEIXAS / Folhapress

Comércio definha em bairro vizinho à Braskem em Maceió

MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – Ao meio-dia desta quarta-feira (6), o bairro do Pontal, em Maceió, parecia parado. Quase não se ouvia barulho algum. Nas ruas algumas pessoas caminhavam, e as rendeiras todas trabalhavam em suas lojas, à espera de clientes cada vez mais escassos.

A área é dividida do restante da cidade pela Braskem. São quase 7 km de distância do Mutange, bairro onde uma das minas da petroquímica corre o risco de colapsar, conforme alerta emitido há uma semana pela Defesa Civil da capital de Alagoas. O solo no local já afundou 1,92 metro desde o dia 20 de novembro, segundo o órgão.

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O Pontal fica à beira da lagoa Mundaú, onde está a mina 18, e perto da sede da Braskem. De acordo com Carmen Valéria Vianna de Sá, presidente da associação dos artesãos do Pontal, o movimento de clientes caiu cerca de 80% no bairro.

“As nossas lojas são nossas casas e estão abertas pela misericórdia. A gente está sem perspectiva de nada”, diz a artesã. “Enquanto [o problema] não for resolvido, estamos sem ninguém nas ruas, com poucos turistas e visitantes. Acham que nosso bairro vai entrar em um buraco. Isso não é verdade. Não podemos deixar as rendeiras do Pontal passando necessidade.”

O movimento tímido, conta a artesã Tereza Laura Oliveira Vianna, da associação de rendeiras, já persiste há alguns anos, especialmente desde a pandemia de Covid-19, mas foi acentuado com a crise recente.

Toda a sua família, ela diz, é de rendeiras e está há cem anos no bairro. Segundo ela, é possível dizer que este é um dos momentos mais difíceis por que já passaram.

“Criei três filhos com o que vendia aqui e agora acho que isso seria impossível. A gente quer vender, vender o nosso trabalho, conquistar as nossas coisas. A Braskem nos prejudica desde a implantação aqui na cidade, e agora, mesmo indiretamente, dificulta as coisas para nós também”, lamenta.

Tereza diz que os poucos turistas que passam pelas lojas questionam sobre o impacto do possível colapso da mina e afirmam temer que Maceió esteja afundando.

“Isso é algo que precisa ser desmistificado, porque os pontos turísticos são distantes. Um colapso da mina não atingiria a região aqui do Pontal”, afirma.

O afundamento do solo atinge cinco bairros de Maceió —Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. O problema começou em março de 2018 e até hoje não foi solucionado. O Serviço Geológico do Brasil, órgão do governo federal, concluiu que as atividades de mineração da Braskem causaram o problema.

Em viagem de turismo a Maceió, o casal baiano Hilda Ferreira e Carlos Sena, donos de uma página de viagem nas redes sociais, conta que com frequência recebe mensagens de gente que não entende o que eles estão fazendo na cidade.

“As pessoas realmente não sabem que o problema é distante e ficam preocupadas. Fomos questionados por familiares sobre o que estamos fazendo aqui, mas logo tratamos de desmistificar isso”, disse Hilda. “Chegamos aqui no domingo e conseguimos fazer tudo. Maceió é bonita, acolhedora, vale a pena.”

Após conversar com a Folha, o casal entrou em um catamarã uma volta pela lagoa Mundaú —o passeio é liberado, mas não é permitido chegar nas proximidades da mina, segundo orientação da Defesa Civil Municipal. Por ali as atividades seguem normais, inclusive a pesca. A reportagem identificou barcos pesqueiros e também uma lancha da Marinha do Brasil no local.

Guia de turismo e artesã, Samara Rose Bastos dos Santos, 35, conta que clientes que têm pacotes comprados costumam questioná-la sobre a veracidade das informações a respeito dos riscos de colapso e afundamento.

“Pessoas com hotéis reservados, passeios certos, me perguntaram sobre isso. É uma viagem que se planeja, que se sonha, e Alagoas oferece muito. Consegui explicar a eles que tudo isso acontece muito distante dos pontos turísticos, e felizmente não tive pacotes cancelados. Agora temos que torcer para o movimento melhorar”, disse.

Perto das 14h, um restaurante da região tinha suas mesas mais próximas à lagoa ocupadas, mas o restante estava vazio. Pelas ruas, a loja de José Francisco da Silva Filho, 58, artesão no bairro há 40 anos, tem pouco movimento.

“Acho que nos falta a divulgação de que este problema não nos atinge. São momentos difíceis aqui no Pontal da Barra. É preciso que se olhe mais para cá, para fomentar o turismo novamente, para que recebamos as pessoas e possamos mostrar a nossa arte. Isso é o ideal”.

Maria Ligia Minin de Lins, conhecida como Ligia do Pontal e famosa por seus bordados do tipo filé, se queixa do mesmo problema. E afirma que seu faturamento caiu cerca de 70%.

“O que mais amedronta as pessoas é não saber o que de fato está acontecendo. Quem mais sofre com isso, claro, são aqueles que estão na área de risco, mas também todos os que dependem do comércio e do turismo da cidade. Estamos à beira da alta temporada e não temos certeza se o movimento vai melhorar.”

No trajeto para o Pontal, a reportagem da Folha passou por outros pontos turísticos de Maceió, como a praia de Ponta Verde (a 9 km do bairro do Mutange) e de Pajuçara (a 8 km do Mutange) e o movimento parecia normal para uma quarta-feira, com bares pé na areia aparentemente cheios, além de guarda-sol e cadeiras ocupadas perto do mar.

JOSUÉ SEIXAS / Folhapress

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