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MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Este domingo (23) pode ser decisivo para que a Espanha se inscreva na onda conservadora que vem varrendo o continente europeu nos últimos anos. O cenário ainda é incerto, mas são grandes as chances de que o conservador Partido Popular (PP) vença as eleições –e precise do partido de ultradireita Vox para formar maioria no Parlamento.

Desde 2019, o país é liderado pelo PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de Pedro Sánchez. O governo atua em uma coligação formada por diversos partidos de esquerda, a Unidas Podemos, o que significou empossar ministros desses partidos e encampar leis como a “Solo Sí Es Sí” (só sim é sim), que se propôs a mudar a forma como agressões sexuais são punidas.

O Vox, por sua vez, é acusado de negar a violência causada pelo machismo. Alberto Feijóo, presidente do PP que está à frente das pesquisas para o cargo de primeiro-ministro, não poupa críticas ao partido de ultradireita. Ao mesmo tempo, sua legenda não teve escrúpulos ao se juntar a ele para ganhar maioria em quatro comunidades autônomas (Extremadura, Ilhas Baleares, Aragão e Comunidade Valenciana) e diversos municípios nos quais venceu as eleições regionais, ocorridas no final de maio.

“Ninguém quer governar ao lado do Vox, nem o PP”, diz à Folha o professor de teoria social e política Jesús Gamero Rus, da Universidade Carlos 3º. “O papel do Feijóo é dizer que não quer dividir o governo. Muitos eleitores do PP não aceitam o Vox. Mas são discursos eleitorais. Se o PP vencer as eleições, sem dúvida alguma haverá um governo de direita ou ultradireita na Espanha.”

Ou, como resumiu o analista político Carlos Cué em outra ocasião, Feijóo pode até não gostar do Vox –mas gosta mais do poder do que desgosta do partido.

A maioria das pesquisas eleitorais da Espanha apontam que o conservador está perto de concretizar suas ambições. O PP aparece, em média, com 34% dos votos, e o PSOE, com 28%. Em terceiro lugar, empatados em 13%, estão o Vox e o Sumar, coligação de esquerda que reúne seis partidos nacionais e outros 14 regionais.

Diferentemente do Brasil, o sistema parlamentarista da Espanha não prevê um segundo turno no qual o vencedor leva tudo. O xis da questão são as 350 cadeiras do parlamento. Quem conseguir a maioria mais uma, ou 176, indicará o premiê.

Um modelo estatístico do El País que agrega dezenas de pesquisas diferentes e pondera o peso dado a cada uma delas indica que há 55% de chances de que o PP e o Vox consigam, juntos, os 176 deputados necessários. E há 15% de chances de que, juntos, o PSOE, o Sumar e os partidos separatistas catalão e basco, alcancem uma maioria neste domingo.

“Se PSOE e Sumar alcançarem cerca de 155 votos, e Vox e PP, 165, ainda restaria uma possibilidade a Sánchez. Ele se alia novamente aos separatistas catalães e bascos, consegue mais 20 cadeiras e refaz o que foi seu governo desde 2009”, diz Rus, o acadêmico. “Mas também é possível que ninguém alcance a maioria e, em um cenário de ingovernabilidade, novas eleições sejam convocadas para o fim do ano.”

O certo é que o Vox já está causando arrepios nas esquerdas das comunidades autônomas (o equivalente a estados) que passou a governar ao lado do PP. Na cidade de Valdemorillo, próxima a Madrid, uma peça baseada em “Orlando”, de Virginia Woolf, foi cancelada porque as autoridades consideraram inapropriado a presença de um homem que se converte em mulher, de acordo com a companhia de teatro responsável pela montagem.

Em outra cidade, a prefeitura retirou do cinema o desenho “Lightyear” porque ele exibia um beijo entre duas mulheres. Em reação, alguns artistas espanhóis lançaram o movimento #StopCensura.

O Vox nasceu há dez anos, fundado por egressos do PP insatisfeitos com o conservadorismo “relativo” de seu partido de origem. Sua criação remete a quando a Espanha era um país bipartidarista, como os Estados Unidos –PP e PSOE se alternaram no poder por décadas até que, por volta de 2010, os nanicos começaram a ganhar força.

Nesse contexto, o Vox surgiu como herdeiro do ditador Francisco Franco, que reinou no país entre 1939 e 1975. Seus membros lutam contra o aborto ou a eutanásia, são anti-imigração e festejam as cores da bandeira espanhola, assim como sua cultura mais tradicional, como as touradas.

Rus afirma que um novo perfil de eleitores do Vox surgiu recentemente. “É o que chamam de ‘fascista pobre’, ou seja, pessoas de classe baixa que consideram o estado de bem-estar e as políticas sociais do governo de esquerda como uma ameaça.”

As eleições deste domingo serão a primeira na história recente da Espanha a serem realizadas durante o verão. O pleito estava previsto para o final do ano, mas Pedro Sánchez o adiantou em seis meses, uma estratégia para tentar conter o desgaste da esquerda frente o crescimento da direita evidenciado nas eleições regionais de maio, das quais o PP (Partido Popular) saiu como grande vencedor.

Uma das críticas da direita feitas a Sánchez no momento é que esta teria sido uma tática para ganhar votos, uma vez que, no verão, as pessoas mais abastadas –perfil que correspondente a muitos dos eleitores do PP–, estariam de férias em outros locais e impedidos de votar.

De fato, a Espanha muda em julho e agosto. Restaurantes, mercados, padarias, escritórios, lojas e muitos outros serviços simplesmente fecham suas portas para que seus proprietários e funcionários viajem para a praia.

Nesse sentido, não é de se estranhar que o voto por correio tenha atingido um recorde este ano, com cerca de 2,6 milhões de pessoas utilizando o serviço contra 1,4 milhão em 2019. O número corresponde a mais de 6% do universo eleitoral da Espanha.

Se essa tiver realmente sido a aposta de Sánchez, assim, é provável que não tenha funcionado. Mas o analista Carlos Cué faz uma ressalva à ideia. “A Espanha é um país rico e todos os extratos da população saem de férias em julho e agosto. Essa ideia não faz sentido.”

IVAN FINOTTI / Folhapress

Eleições na Espanha abrem caminho para chegada da ultradireita ao poder

MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Este domingo (23) pode ser decisivo para que a Espanha se inscreva na onda conservadora que vem varrendo o continente europeu nos últimos anos. O cenário ainda é incerto, mas são grandes as chances de que o conservador Partido Popular (PP) vença as eleições –e precise do partido de ultradireita Vox para formar maioria no Parlamento.

Desde 2019, o país é liderado pelo PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de Pedro Sánchez. O governo atua em uma coligação formada por diversos partidos de esquerda, a Unidas Podemos, o que significou empossar ministros desses partidos e encampar leis como a “Solo Sí Es Sí” (só sim é sim), que se propôs a mudar a forma como agressões sexuais são punidas.

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O Vox, por sua vez, é acusado de negar a violência causada pelo machismo. Alberto Feijóo, presidente do PP que está à frente das pesquisas para o cargo de primeiro-ministro, não poupa críticas ao partido de ultradireita. Ao mesmo tempo, sua legenda não teve escrúpulos ao se juntar a ele para ganhar maioria em quatro comunidades autônomas (Extremadura, Ilhas Baleares, Aragão e Comunidade Valenciana) e diversos municípios nos quais venceu as eleições regionais, ocorridas no final de maio.

“Ninguém quer governar ao lado do Vox, nem o PP”, diz à Folha o professor de teoria social e política Jesús Gamero Rus, da Universidade Carlos 3º. “O papel do Feijóo é dizer que não quer dividir o governo. Muitos eleitores do PP não aceitam o Vox. Mas são discursos eleitorais. Se o PP vencer as eleições, sem dúvida alguma haverá um governo de direita ou ultradireita na Espanha.”

Ou, como resumiu o analista político Carlos Cué em outra ocasião, Feijóo pode até não gostar do Vox –mas gosta mais do poder do que desgosta do partido.

A maioria das pesquisas eleitorais da Espanha apontam que o conservador está perto de concretizar suas ambições. O PP aparece, em média, com 34% dos votos, e o PSOE, com 28%. Em terceiro lugar, empatados em 13%, estão o Vox e o Sumar, coligação de esquerda que reúne seis partidos nacionais e outros 14 regionais.

Diferentemente do Brasil, o sistema parlamentarista da Espanha não prevê um segundo turno no qual o vencedor leva tudo. O xis da questão são as 350 cadeiras do parlamento. Quem conseguir a maioria mais uma, ou 176, indicará o premiê.

Um modelo estatístico do El País que agrega dezenas de pesquisas diferentes e pondera o peso dado a cada uma delas indica que há 55% de chances de que o PP e o Vox consigam, juntos, os 176 deputados necessários. E há 15% de chances de que, juntos, o PSOE, o Sumar e os partidos separatistas catalão e basco, alcancem uma maioria neste domingo.

“Se PSOE e Sumar alcançarem cerca de 155 votos, e Vox e PP, 165, ainda restaria uma possibilidade a Sánchez. Ele se alia novamente aos separatistas catalães e bascos, consegue mais 20 cadeiras e refaz o que foi seu governo desde 2009”, diz Rus, o acadêmico. “Mas também é possível que ninguém alcance a maioria e, em um cenário de ingovernabilidade, novas eleições sejam convocadas para o fim do ano.”

O certo é que o Vox já está causando arrepios nas esquerdas das comunidades autônomas (o equivalente a estados) que passou a governar ao lado do PP. Na cidade de Valdemorillo, próxima a Madrid, uma peça baseada em “Orlando”, de Virginia Woolf, foi cancelada porque as autoridades consideraram inapropriado a presença de um homem que se converte em mulher, de acordo com a companhia de teatro responsável pela montagem.

Em outra cidade, a prefeitura retirou do cinema o desenho “Lightyear” porque ele exibia um beijo entre duas mulheres. Em reação, alguns artistas espanhóis lançaram o movimento #StopCensura.

O Vox nasceu há dez anos, fundado por egressos do PP insatisfeitos com o conservadorismo “relativo” de seu partido de origem. Sua criação remete a quando a Espanha era um país bipartidarista, como os Estados Unidos –PP e PSOE se alternaram no poder por décadas até que, por volta de 2010, os nanicos começaram a ganhar força.

Nesse contexto, o Vox surgiu como herdeiro do ditador Francisco Franco, que reinou no país entre 1939 e 1975. Seus membros lutam contra o aborto ou a eutanásia, são anti-imigração e festejam as cores da bandeira espanhola, assim como sua cultura mais tradicional, como as touradas.

Rus afirma que um novo perfil de eleitores do Vox surgiu recentemente. “É o que chamam de ‘fascista pobre’, ou seja, pessoas de classe baixa que consideram o estado de bem-estar e as políticas sociais do governo de esquerda como uma ameaça.”

As eleições deste domingo serão a primeira na história recente da Espanha a serem realizadas durante o verão. O pleito estava previsto para o final do ano, mas Pedro Sánchez o adiantou em seis meses, uma estratégia para tentar conter o desgaste da esquerda frente o crescimento da direita evidenciado nas eleições regionais de maio, das quais o PP (Partido Popular) saiu como grande vencedor.

Uma das críticas da direita feitas a Sánchez no momento é que esta teria sido uma tática para ganhar votos, uma vez que, no verão, as pessoas mais abastadas –perfil que correspondente a muitos dos eleitores do PP–, estariam de férias em outros locais e impedidos de votar.

De fato, a Espanha muda em julho e agosto. Restaurantes, mercados, padarias, escritórios, lojas e muitos outros serviços simplesmente fecham suas portas para que seus proprietários e funcionários viajem para a praia.

Nesse sentido, não é de se estranhar que o voto por correio tenha atingido um recorde este ano, com cerca de 2,6 milhões de pessoas utilizando o serviço contra 1,4 milhão em 2019. O número corresponde a mais de 6% do universo eleitoral da Espanha.

Se essa tiver realmente sido a aposta de Sánchez, assim, é provável que não tenha funcionado. Mas o analista Carlos Cué faz uma ressalva à ideia. “A Espanha é um país rico e todos os extratos da população saem de férias em julho e agosto. Essa ideia não faz sentido.”

IVAN FINOTTI / Folhapress

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