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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A renovada crise em Nagorno-Karabakh é apenas o mais recente capítulo de uma disputa que remonta ao início do século 20, quando a Primeira Guerra Mundial (1914-18) desorganizou o arcabouço mundial baseado em impérios.

Os dois que disputavam a região do Cáucaso, o Russo e o Otamano, morreram em decorrência do conflito. A União Soviética emergiu dos escombros russos em 1922, dois anos após a Turquia se ver como uma república com a divisão de suas possessões.

Os soviéticos estabeleceram controle sobre a área, vital devido à bacia de hidrocarbonetos do mar Cáspio e pelo controle de navegação no mar Negro. Além disso, historicamente aquela é uma rota de invasão na “barriga macia” da Rússia, não diferente da forma com que Moscou via (e vê) a Ucrânia e a Belarus.

Nagorno-Kabarakh era um pedaço de maioria armênia no Azerbaijão, assim como Nakchevan era uma região azeri entre a Armênia, a Turquia e o Irã. Para Baku, é uma questão de integridade territorial, embora os armênios sejam 99% da população do enclave e estejam por lá há séculos.

Com o progressivo desmantelamento do poder soviético sob Mikhail Gorbatchov, de 1985 à frente, os armênios de Nagorno-Kabarakh buscaram independência enquanto os países da região se preparavam para a vida autônoma.

Isso veio em 1991, e com ela, uma crise grave. Cerca de 17 mil pessoas morreram na guerra civil entre azeris e armênios em torno das fronteiras pós-soviéticas, de 1992 a 1994, resultando numa vitória de Ierevan, que criou uma zona tampão de cidades desocupadas à força em torno de Nagorno-Karabakh.

A ideia era proteger a sua população lá, com contato por terra com a Armênia. Havia, antes da guerra, cerca de 800 moradores na região; hoje são talvez 120 mil.

Para os russos, tanto melhor, dado que os armênios eram seus principal aliados no pós-comunismo no Cáucaso, e Moscou manteve uma grande base militar no país. Ierevan também recebeu material bélico mais avançado, como mísseis balísticos.

Baku nunca aceitou o status quo e voltou-se para os turcos, rivais históricos dos russos por influência na área. Tensões voltaram a aflorar de tempos em tempos, e em 2020 a situação desandou. Em uma guerra com forte apoio de tecnologia militar turca, drones à frente, os azeris retomaram muitos dos territórios perdidos em 1992-94 e cercaram, na prática, o enclave em suas próprias fronteiras.

Há questões outras envolvidas. O genocídio armênio de 1915 colocou o governo de Ierevan automaticamente contrário ao de Ancara, que nega ter havido tal crime por parte dos otomanos, enquanto o de Baku buscou alinhar-se com seus colegas muçulmanos turcos.

Seja como for, o conflito foi focado em Nagorno-Karabakh, não ultrapassando as fronteiras armênias —um sinal de Baku aos russos, que teoricamente são os fiadores militares de Ierevan.

Após 44 dias, a guerra foi congelada por um cessar-fogo mediado por Vladimir Putin. Tropas russas formam uma força de paz que deveria assegurar as fronteiras do enclave e o chamado corredor de Lachin, que o liga à Armênia.

De lá para cá, houve diversas ameaças de rompimento do cessar-fogo, em especial nos últimos meses, quando Ierevan acusou Baku de buscar um genocídio ao fechar o corredor. A situação parecia ter se acalmado na semana passada, só para ser agitada pelos ataques desta terça (19).

Politicamente, a situação é bastante intrincada. Moscou não quer perder influência no Cáucaso, mas está envolvida na Guerra da Ucrânia. Por outro lado, o governo armênio do premiê Nikol Pashinyan tem uma relação instável com Putin, e buscou sinalizar que poderia pedir ajuda aos Estados Unidos ao fazer exercícios militares limitados com Washington.

Na prática, contudo, é difícil que Ierevan consiga se descolar de Moscou. Seu fluxo comercial com a Rússia aumentou brutalmente desde a guerra, dado o trânsito de bens de Moscou pelo país, para driblar sanções ocidentais.

Ainda assim, a posição rápida de apoio a Pashinyan dada por europeus, como a França, mostra que talvez haja uma tentativa de avanço no quintal estratégico de Putin. A coisa complica quando do outro lado está um poderoso membro da mesma Otan que protege a Europa, a Turquia, que apoia Baku.

IGOR GIELOW / Folhapress

Entenda o conflito entre Azerbaijão e Armênia no Cáucaso

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A renovada crise em Nagorno-Karabakh é apenas o mais recente capítulo de uma disputa que remonta ao início do século 20, quando a Primeira Guerra Mundial (1914-18) desorganizou o arcabouço mundial baseado em impérios.

Os dois que disputavam a região do Cáucaso, o Russo e o Otamano, morreram em decorrência do conflito. A União Soviética emergiu dos escombros russos em 1922, dois anos após a Turquia se ver como uma república com a divisão de suas possessões.

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Os soviéticos estabeleceram controle sobre a área, vital devido à bacia de hidrocarbonetos do mar Cáspio e pelo controle de navegação no mar Negro. Além disso, historicamente aquela é uma rota de invasão na “barriga macia” da Rússia, não diferente da forma com que Moscou via (e vê) a Ucrânia e a Belarus.

Nagorno-Kabarakh era um pedaço de maioria armênia no Azerbaijão, assim como Nakchevan era uma região azeri entre a Armênia, a Turquia e o Irã. Para Baku, é uma questão de integridade territorial, embora os armênios sejam 99% da população do enclave e estejam por lá há séculos.

Com o progressivo desmantelamento do poder soviético sob Mikhail Gorbatchov, de 1985 à frente, os armênios de Nagorno-Kabarakh buscaram independência enquanto os países da região se preparavam para a vida autônoma.

Isso veio em 1991, e com ela, uma crise grave. Cerca de 17 mil pessoas morreram na guerra civil entre azeris e armênios em torno das fronteiras pós-soviéticas, de 1992 a 1994, resultando numa vitória de Ierevan, que criou uma zona tampão de cidades desocupadas à força em torno de Nagorno-Karabakh.

A ideia era proteger a sua população lá, com contato por terra com a Armênia. Havia, antes da guerra, cerca de 800 moradores na região; hoje são talvez 120 mil.

Para os russos, tanto melhor, dado que os armênios eram seus principal aliados no pós-comunismo no Cáucaso, e Moscou manteve uma grande base militar no país. Ierevan também recebeu material bélico mais avançado, como mísseis balísticos.

Baku nunca aceitou o status quo e voltou-se para os turcos, rivais históricos dos russos por influência na área. Tensões voltaram a aflorar de tempos em tempos, e em 2020 a situação desandou. Em uma guerra com forte apoio de tecnologia militar turca, drones à frente, os azeris retomaram muitos dos territórios perdidos em 1992-94 e cercaram, na prática, o enclave em suas próprias fronteiras.

Há questões outras envolvidas. O genocídio armênio de 1915 colocou o governo de Ierevan automaticamente contrário ao de Ancara, que nega ter havido tal crime por parte dos otomanos, enquanto o de Baku buscou alinhar-se com seus colegas muçulmanos turcos.

Seja como for, o conflito foi focado em Nagorno-Karabakh, não ultrapassando as fronteiras armênias —um sinal de Baku aos russos, que teoricamente são os fiadores militares de Ierevan.

Após 44 dias, a guerra foi congelada por um cessar-fogo mediado por Vladimir Putin. Tropas russas formam uma força de paz que deveria assegurar as fronteiras do enclave e o chamado corredor de Lachin, que o liga à Armênia.

De lá para cá, houve diversas ameaças de rompimento do cessar-fogo, em especial nos últimos meses, quando Ierevan acusou Baku de buscar um genocídio ao fechar o corredor. A situação parecia ter se acalmado na semana passada, só para ser agitada pelos ataques desta terça (19).

Politicamente, a situação é bastante intrincada. Moscou não quer perder influência no Cáucaso, mas está envolvida na Guerra da Ucrânia. Por outro lado, o governo armênio do premiê Nikol Pashinyan tem uma relação instável com Putin, e buscou sinalizar que poderia pedir ajuda aos Estados Unidos ao fazer exercícios militares limitados com Washington.

Na prática, contudo, é difícil que Ierevan consiga se descolar de Moscou. Seu fluxo comercial com a Rússia aumentou brutalmente desde a guerra, dado o trânsito de bens de Moscou pelo país, para driblar sanções ocidentais.

Ainda assim, a posição rápida de apoio a Pashinyan dada por europeus, como a França, mostra que talvez haja uma tentativa de avanço no quintal estratégico de Putin. A coisa complica quando do outro lado está um poderoso membro da mesma Otan que protege a Europa, a Turquia, que apoia Baku.

IGOR GIELOW / Folhapress

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