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Redação

É fácil, para quem vive numa bolha progressista, criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por sua insistência nada científica no uso de ivermectina e cloroquina contra a Covid-19. Bem mais difícil é criticar, também como nada científicas, práticas como homeopatia, astrologia, acupuntura e –atenção— psicanálise.

Pois é o que fazem a microbiologista Natalia Pasternak e o jornalista Carlos Orsi no recém-lançado “Que Bobagem! Pseudociências e Outros Absurdos que Não Merecem Ser Levados a Sério” (ed. Contexto).

“A gente sabia que o título ia incomodar”, afirma Pasternak, que é professora de ciência e políticas públicas na Universidade de Colúmbia (EUA) e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC).

“Mas, se não incomoda, não tira ninguém da zona de conforto. E, se não tira ninguém da zona de conforto, não traz para o debate público e não causa mudanças na sociedade”, diz.

Orsi, diretor do IQC, brinca que um título alternativo seria “Crenças Epistêmicas Não Justificadas”, o qual dificilmente despertaria curiosidade no público geral.

No fundo, é disso mesmo que o livro trata: campos do conhecimento que procuram desfrutar da credibilidade e do prestígio típicos da ciência, mas que, segundo os autores, não passam de falsificação ou impostura.

“Pseudociências não são inócuas. Elas são danosas para a sociedade”, diz Pasternak. “A gente tomou o cuidado de não ofender pessoas. A gente discute temas, assuntos. Mas pessoas morrem por acreditar em bobagens”, afirma.

A dupla reúne diversos tipos de estudos acadêmicos já existentes e apresenta contexto histórico (por exemplo, o fato de que a medicina tradicional chinesa nem é tão tradicional assim), evidências empíricas e testes de laboratório para sustentar o argumento.

O resultado está dividido em 12 capítulos. São abordados, além das quatro práticas já citadas, temas como discos voadores, deuses astronautas, constelação familiar, paranormalidade, curas energéticas e modismos de dieta, entre outros assuntos não religiosos.

“É uma postura pessoal minha. Acho que crenças religiosas precisam ser respeitadas”, diz Pasternak.

Feita a ressalva, entraram tópicos que os autores classificam como pseudociências populares no Brasil, muitas das quais oferecidas no SUS. Se fosse uma obra voltada para o público dos EUA, onde eles residem, a lista seria diferente. Homeopatia e psicanálise ficariam de fora, por exemplo, mas entraria quiropraxia.

Homeopatia e psicanálise, por sinal, têm sido responsáveis pela maior parte das polêmicas relacionadas ao livro. Sobre a primeira, Pasternak e Orsi afirmam que ela já foi testada exaustivamente e que não funciona; sobre a segunda, escrevem que a pesquisa de Freud é toda baseada em fraudes e distorções.

Diversas entidades médicas publicaram manifestos em prol da homeopatia, inclusive o CFM (Conselho Federal de Medicina), depois de seu primeiro vice-presidente, Jeancarlo Cavalcante, dizer ao jornal O Estado de S. Paulo que o reconhecimento da especialidade poderia ser revisto.

Psicanalistas, por sua vez, defenderam a prática criada por Freud. Ana Cláudia Zuanella, diretora da Febrapsi (Federação Brasileira de Psicanálise), disse à Folha que a área “engloba um conjunto de conhecimentos solidamente estabelecidos através de pesquisas clínicas e infindáveis debates teóricos”.

E as reações não pararam por aí. Nas redes sociais, “Que Bobagem!” tem sido motivo de inúmeras discussões sobre limites da ciência e negacionismo, nem sempre em tom cordial e, na visão dos autores, nem sempre com o alvo certo.

“As pessoas começaram a desenvolver um livro imaginário na cabeça. Esse livro imaginário é raivoso e agressivo, e a Natalia, porque não falam do Carlos  ataca todo mundo, é descontrolada, louca, histérica”, diz Pasternak.

Orsi acrescenta: “A gente não recebeu críticas sobre os dados, sobre as fontes utilizadas, e sim críticas de quem não gostou de ver a sua crença de estimação ao lado de outras coisas que a pessoa acha que são bobagem. ‘Como você colocou a minha cultura/atividade/terapia favorita junto com disco voador?’”.

É um clima diferente do vivenciado pelos autores com o livro anterior, “Contra a Realidade” (ed. Papirus), no qual combatem o negacionismo, definido como a atitude de negar “fatos bem estabelecidos ou um consenso científico, na ausência de evidências contundentes”.

Publicado em 2021, “Contra a Realidade” pegou o caminho bem pavimentado por atitudes como a de Bolsonaro diante das vacinas contra a Covid –um despautério evidente para boa parte da sociedade.

“Que Bobagem!” não teve esse mesmo benefício, por assim dizer. Ao criticar práticas tão populares, o livro encontrou adversários bem mais numerosos. Mas, segundo Orsi, isso também faz parte do pacote.

“O mau uso da ciência não ocorreu só na pandemia”, diz o jornalista. “O mundo sempre foi irracional, e a gente queria mostrar que essas coisas estão em estado de latência o tempo todo.”

Daí por que, no novo livro, a introdução é dedicada a uma explicação sobre o que é o método científico e como ele serve para nos proteger de erros humanos durante o processo de conhecimento.

Exemplos de erros são, entre outros, a ilusão de causalidade (tendência de achar que o que veio depois é necessariamente causado pelo que veio antes) e o viés de confirmação (tendência de prestar mais atenção no que confirma uma crença do que em algo que a contraria).

E, segundo Pasternak e Orsi, é sobretudo na ausência do método científico que as “pseudociências e outros absurdos” ganham terreno.

Se uma pessoa recorre a uma terapia –homeopatia, psicanálise, acupuntura ou qualquer outra— e depois se sente melhor, o cérebro vai se deixar levar pela ilusão de causalidade, mas nada impede que a melhora tenha outra causa.

O método científico tem a função de filtrar a nossa percepção e eliminar, tanto quanto possível, essas fontes de erros, para identificar se a pessoa de fato melhorou devido à terapêutica ou se foi por outro motivo.

Outro motivo que pode até ser o efeito placebo, que eles explicam assim: “mudanças no estado de um paciente causadas pela percepção ou crença de que existe um tratamento em curso, mesmo que tudo não passe de simulação”.

O efeito placebo produz alterações fisiológicas reais, inclusive em animais não humanos, e a própria consulta médica, se for bem conduzida, tem a capacidade de provocá-lo.

“Sempre podemos nos beneficiar do efeito placebo em qualquer consulta médica ou tratamento, se o médico ou profissional de saúde for atencioso e carinhoso. Talvez esta seja a única grande lição que a medicina alternativa tem mesmo a ensinar”, escrevem Pasternak e Orsi.

“QUE BOBAGEM! PSEUDOCIÊNCIAS E OUTROS ABSURDOS QUE NÃO MERECEM SER LEVADOS A SÉRIO”

Preço R$ 79,90 (R$ 49,90 ebook)

Autoria Natalia Pasternak e Carlos Orsi

Editora Contexto

Págs. 336

UIRÁ MACHADO / Folhapress

Homeopatia, acupuntura e psicanálise são falsificações da ciência, diz Natalia Pasternak

Redação

É fácil, para quem vive numa bolha progressista, criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por sua insistência nada científica no uso de ivermectina e cloroquina contra a Covid-19. Bem mais difícil é criticar, também como nada científicas, práticas como homeopatia, astrologia, acupuntura e –atenção— psicanálise.

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Pois é o que fazem a microbiologista Natalia Pasternak e o jornalista Carlos Orsi no recém-lançado “Que Bobagem! Pseudociências e Outros Absurdos que Não Merecem Ser Levados a Sério” (ed. Contexto).

“A gente sabia que o título ia incomodar”, afirma Pasternak, que é professora de ciência e políticas públicas na Universidade de Colúmbia (EUA) e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC).

“Mas, se não incomoda, não tira ninguém da zona de conforto. E, se não tira ninguém da zona de conforto, não traz para o debate público e não causa mudanças na sociedade”, diz.

Orsi, diretor do IQC, brinca que um título alternativo seria “Crenças Epistêmicas Não Justificadas”, o qual dificilmente despertaria curiosidade no público geral.

No fundo, é disso mesmo que o livro trata: campos do conhecimento que procuram desfrutar da credibilidade e do prestígio típicos da ciência, mas que, segundo os autores, não passam de falsificação ou impostura.

“Pseudociências não são inócuas. Elas são danosas para a sociedade”, diz Pasternak. “A gente tomou o cuidado de não ofender pessoas. A gente discute temas, assuntos. Mas pessoas morrem por acreditar em bobagens”, afirma.

A dupla reúne diversos tipos de estudos acadêmicos já existentes e apresenta contexto histórico (por exemplo, o fato de que a medicina tradicional chinesa nem é tão tradicional assim), evidências empíricas e testes de laboratório para sustentar o argumento.

O resultado está dividido em 12 capítulos. São abordados, além das quatro práticas já citadas, temas como discos voadores, deuses astronautas, constelação familiar, paranormalidade, curas energéticas e modismos de dieta, entre outros assuntos não religiosos.

“É uma postura pessoal minha. Acho que crenças religiosas precisam ser respeitadas”, diz Pasternak.

Feita a ressalva, entraram tópicos que os autores classificam como pseudociências populares no Brasil, muitas das quais oferecidas no SUS. Se fosse uma obra voltada para o público dos EUA, onde eles residem, a lista seria diferente. Homeopatia e psicanálise ficariam de fora, por exemplo, mas entraria quiropraxia.

Homeopatia e psicanálise, por sinal, têm sido responsáveis pela maior parte das polêmicas relacionadas ao livro. Sobre a primeira, Pasternak e Orsi afirmam que ela já foi testada exaustivamente e que não funciona; sobre a segunda, escrevem que a pesquisa de Freud é toda baseada em fraudes e distorções.

Diversas entidades médicas publicaram manifestos em prol da homeopatia, inclusive o CFM (Conselho Federal de Medicina), depois de seu primeiro vice-presidente, Jeancarlo Cavalcante, dizer ao jornal O Estado de S. Paulo que o reconhecimento da especialidade poderia ser revisto.

Psicanalistas, por sua vez, defenderam a prática criada por Freud. Ana Cláudia Zuanella, diretora da Febrapsi (Federação Brasileira de Psicanálise), disse à Folha que a área “engloba um conjunto de conhecimentos solidamente estabelecidos através de pesquisas clínicas e infindáveis debates teóricos”.

E as reações não pararam por aí. Nas redes sociais, “Que Bobagem!” tem sido motivo de inúmeras discussões sobre limites da ciência e negacionismo, nem sempre em tom cordial e, na visão dos autores, nem sempre com o alvo certo.

“As pessoas começaram a desenvolver um livro imaginário na cabeça. Esse livro imaginário é raivoso e agressivo, e a Natalia, porque não falam do Carlos  ataca todo mundo, é descontrolada, louca, histérica”, diz Pasternak.

Orsi acrescenta: “A gente não recebeu críticas sobre os dados, sobre as fontes utilizadas, e sim críticas de quem não gostou de ver a sua crença de estimação ao lado de outras coisas que a pessoa acha que são bobagem. ‘Como você colocou a minha cultura/atividade/terapia favorita junto com disco voador?’”.

É um clima diferente do vivenciado pelos autores com o livro anterior, “Contra a Realidade” (ed. Papirus), no qual combatem o negacionismo, definido como a atitude de negar “fatos bem estabelecidos ou um consenso científico, na ausência de evidências contundentes”.

Publicado em 2021, “Contra a Realidade” pegou o caminho bem pavimentado por atitudes como a de Bolsonaro diante das vacinas contra a Covid –um despautério evidente para boa parte da sociedade.

“Que Bobagem!” não teve esse mesmo benefício, por assim dizer. Ao criticar práticas tão populares, o livro encontrou adversários bem mais numerosos. Mas, segundo Orsi, isso também faz parte do pacote.

“O mau uso da ciência não ocorreu só na pandemia”, diz o jornalista. “O mundo sempre foi irracional, e a gente queria mostrar que essas coisas estão em estado de latência o tempo todo.”

Daí por que, no novo livro, a introdução é dedicada a uma explicação sobre o que é o método científico e como ele serve para nos proteger de erros humanos durante o processo de conhecimento.

Exemplos de erros são, entre outros, a ilusão de causalidade (tendência de achar que o que veio depois é necessariamente causado pelo que veio antes) e o viés de confirmação (tendência de prestar mais atenção no que confirma uma crença do que em algo que a contraria).

E, segundo Pasternak e Orsi, é sobretudo na ausência do método científico que as “pseudociências e outros absurdos” ganham terreno.

Se uma pessoa recorre a uma terapia –homeopatia, psicanálise, acupuntura ou qualquer outra— e depois se sente melhor, o cérebro vai se deixar levar pela ilusão de causalidade, mas nada impede que a melhora tenha outra causa.

O método científico tem a função de filtrar a nossa percepção e eliminar, tanto quanto possível, essas fontes de erros, para identificar se a pessoa de fato melhorou devido à terapêutica ou se foi por outro motivo.

Outro motivo que pode até ser o efeito placebo, que eles explicam assim: “mudanças no estado de um paciente causadas pela percepção ou crença de que existe um tratamento em curso, mesmo que tudo não passe de simulação”.

O efeito placebo produz alterações fisiológicas reais, inclusive em animais não humanos, e a própria consulta médica, se for bem conduzida, tem a capacidade de provocá-lo.

“Sempre podemos nos beneficiar do efeito placebo em qualquer consulta médica ou tratamento, se o médico ou profissional de saúde for atencioso e carinhoso. Talvez esta seja a única grande lição que a medicina alternativa tem mesmo a ensinar”, escrevem Pasternak e Orsi.

“QUE BOBAGEM! PSEUDOCIÊNCIAS E OUTROS ABSURDOS QUE NÃO MERECEM SER LEVADOS A SÉRIO”

Preço R$ 79,90 (R$ 49,90 ebook)

Autoria Natalia Pasternak e Carlos Orsi

Editora Contexto

Págs. 336

UIRÁ MACHADO / Folhapress

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