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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando recebeu o convite para estrelar “Dias Felizes”, clássico do repertório do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, Lavínia Pannunzio já havia decidido se retirar dos palcos. Influenciada pelas pautas identitárias que passaram a ditar as novas produções e pelos efeitos da pandemia de Covid-19 no mercado, a atriz já não via sentido em entrar em cena.

“O que uma mulher branca, classe média e privilegiada como eu teria a dizer? Não achava que eu deveria continuar ocupando esse espaço, meu plano era dirigir”, diz. Contudo, não foi preciso esforço para que o diretor César Ribeiro a convencesse a dar vida a Winnie, a mulher eloquente que quanto mais fala, mais é tragada e engolida por uma montanha.

A montagem, que fica em cartaz no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo, até 30 de julho, marca o início da parceria entre a atriz e diretora e a companhia Garagem 21, comandada por Ribeiro, e acalentada por Pannunzio desde que assistiu, por acaso, a montagem do grupo para “Esperando Godot”, outro clássico de Beckett.

Em “Dias Felizes”, Winnie é engolida aos poucos enquanto relembra passagens alegres de sua vida e do encontro com seu marido Willie, vivido por Hélio Cícero, um homem calado e trágico, que assiste ao processo de desaparecimento da mulher de forma plácida, embora seu único esboço fora da apatia seja para lembrar de quando se apaixonaram.

“Eu a interpreto com doçura, mas também com brutalidade, porque ao mesmo tempo que ela insiste em manter a vida nesse padrão horroroso judaico-cristão patriarcal, fazendo isso ser bom, mesmo sabendo que é horroroso, ela vê a brutalidade disso”, diz a atriz.

Todas essas características estão no texto de Beckett, mas, na visão de Pannunzio, surgem acentuadas na encenação de Ribeiro, apresentada como “uma versão feminista” da obra. Isso porque a personagem se desenvolve entre lembranças de outros amores e momentos de felicidade, mesmo que seu final trágico costume ser uma frustração para o público, que, não raro, se afeiçoa à personagem.

“Temos a leitura dessa mulher que resiste até onde puder. Porque o fato de ser uma versão feminista, não significa necessariamente que é sobre uma vitória. O feminismo não significa sempre uma vitória, é mais complexo”, afirma o diretor, que vê na obra uma forma de analisar o movimento bolsonarista através da catarse de Willie, o homem que lê matérias trágicas de jornal sem se conectar com o drama da esposa.

Velada, a análise crítica talvez seja um dos motivos de o espetáculo ter atrasado ao menos quatro anos desde sua idealização. Isso porque, aprovado no edital do Centro Cultural do Banco do Brasil, em 2019, a produção nunca foi contatada. Com a pandemia, a estreia foi ficando cada vez mais distante.

Agora, chegar à cena quatro anos depois e em um cenário completamente diferente daquele de quando iniciaram os projetos ainda anima Ribeiro. Mesmo que o ex-presidente Jair Bolsonaro tenha sido declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral e o governo Lula venha enfileirando ações de retomada para o setor cultural, o diretor está longe do otimismo das redes sociais.

“A peça segue muito contemporânea nessa área crítica. Não é porque Jair Bolsonaro está inelegível que estamos fora de perigo. Ele precisa ser preso e, mesmo assim, ainda precisaremos lidar com o bolsonarismo, que é um movimento fascista. Nossa leitura de ‘Dias Felizes’ não envelheceu.”

A montagem vem de encontro a uma série de estudos do diretor com a companhia Garagem 21 sobre a violência urbana e o caráter distópico da sociedade contemporânea a partir de textos clássicos. Nessa seara, além de Beckett, já entraram autores como Gogol e Fernando Arrabal, e deve desaguar ainda em Nelson Rodrigues.

No quesito estético, outra pesquisa tem seguimento com a montagem, que é o mergulho de Ribeiro no universo pop, injetando influências estéticas que bebem das HQs e desenhos animados, com figurinos e maquiagens futuristas e ligadas a movimentos como o cyberpunk, além de uma trilha montada a partir de clássicos do rock internacional.

DIAS FELIZES

Quando Qui. a sáb., às 21h. Dom., às 19h. Até 30 de julho

Onde Teatro Cacilda Becker – r. Tito, 295, São Paulo

Preço R$ 20Classificação 12 anos

Elenco Lavínia Pannunzio e Helio Cicero

Direção Cesar Ribeiro

BRUNO CAVALCANTI / Folhapress

Peça ‘Dias Felizes’ mistura feminismo, Bolsonaro e estética de quadrinhos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando recebeu o convite para estrelar “Dias Felizes”, clássico do repertório do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, Lavínia Pannunzio já havia decidido se retirar dos palcos. Influenciada pelas pautas identitárias que passaram a ditar as novas produções e pelos efeitos da pandemia de Covid-19 no mercado, a atriz já não via sentido em entrar em cena.

“O que uma mulher branca, classe média e privilegiada como eu teria a dizer? Não achava que eu deveria continuar ocupando esse espaço, meu plano era dirigir”, diz. Contudo, não foi preciso esforço para que o diretor César Ribeiro a convencesse a dar vida a Winnie, a mulher eloquente que quanto mais fala, mais é tragada e engolida por uma montanha.

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A montagem, que fica em cartaz no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo, até 30 de julho, marca o início da parceria entre a atriz e diretora e a companhia Garagem 21, comandada por Ribeiro, e acalentada por Pannunzio desde que assistiu, por acaso, a montagem do grupo para “Esperando Godot”, outro clássico de Beckett.

Em “Dias Felizes”, Winnie é engolida aos poucos enquanto relembra passagens alegres de sua vida e do encontro com seu marido Willie, vivido por Hélio Cícero, um homem calado e trágico, que assiste ao processo de desaparecimento da mulher de forma plácida, embora seu único esboço fora da apatia seja para lembrar de quando se apaixonaram.

“Eu a interpreto com doçura, mas também com brutalidade, porque ao mesmo tempo que ela insiste em manter a vida nesse padrão horroroso judaico-cristão patriarcal, fazendo isso ser bom, mesmo sabendo que é horroroso, ela vê a brutalidade disso”, diz a atriz.

Todas essas características estão no texto de Beckett, mas, na visão de Pannunzio, surgem acentuadas na encenação de Ribeiro, apresentada como “uma versão feminista” da obra. Isso porque a personagem se desenvolve entre lembranças de outros amores e momentos de felicidade, mesmo que seu final trágico costume ser uma frustração para o público, que, não raro, se afeiçoa à personagem.

“Temos a leitura dessa mulher que resiste até onde puder. Porque o fato de ser uma versão feminista, não significa necessariamente que é sobre uma vitória. O feminismo não significa sempre uma vitória, é mais complexo”, afirma o diretor, que vê na obra uma forma de analisar o movimento bolsonarista através da catarse de Willie, o homem que lê matérias trágicas de jornal sem se conectar com o drama da esposa.

Velada, a análise crítica talvez seja um dos motivos de o espetáculo ter atrasado ao menos quatro anos desde sua idealização. Isso porque, aprovado no edital do Centro Cultural do Banco do Brasil, em 2019, a produção nunca foi contatada. Com a pandemia, a estreia foi ficando cada vez mais distante.

Agora, chegar à cena quatro anos depois e em um cenário completamente diferente daquele de quando iniciaram os projetos ainda anima Ribeiro. Mesmo que o ex-presidente Jair Bolsonaro tenha sido declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral e o governo Lula venha enfileirando ações de retomada para o setor cultural, o diretor está longe do otimismo das redes sociais.

“A peça segue muito contemporânea nessa área crítica. Não é porque Jair Bolsonaro está inelegível que estamos fora de perigo. Ele precisa ser preso e, mesmo assim, ainda precisaremos lidar com o bolsonarismo, que é um movimento fascista. Nossa leitura de ‘Dias Felizes’ não envelheceu.”

A montagem vem de encontro a uma série de estudos do diretor com a companhia Garagem 21 sobre a violência urbana e o caráter distópico da sociedade contemporânea a partir de textos clássicos. Nessa seara, além de Beckett, já entraram autores como Gogol e Fernando Arrabal, e deve desaguar ainda em Nelson Rodrigues.

No quesito estético, outra pesquisa tem seguimento com a montagem, que é o mergulho de Ribeiro no universo pop, injetando influências estéticas que bebem das HQs e desenhos animados, com figurinos e maquiagens futuristas e ligadas a movimentos como o cyberpunk, além de uma trilha montada a partir de clássicos do rock internacional.

DIAS FELIZES

Quando Qui. a sáb., às 21h. Dom., às 19h. Até 30 de julho

Onde Teatro Cacilda Becker – r. Tito, 295, São Paulo

Preço R$ 20Classificação 12 anos

Elenco Lavínia Pannunzio e Helio Cicero

Direção Cesar Ribeiro

BRUNO CAVALCANTI / Folhapress

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