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WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – João Pinheiro estava com saudades. Sentia falta de ir à banca e comprar um gibi barato, desses grampeados e com lombada canoa. Queria algo como as HQs de aventura dos anos 1970 ou a revista underground Chiclete com Banana, dos 1980.

Conseguiu por fim o que buscava, mas só porque o criou. Esse quadrinista de 42 anos está lançando o gibi “Mil Grau” com outros artistas nacionais de renome. O lançamento oficial ocorre durante a Perifacon, feira de quadrinhos na periferia paulistana.

A ideia do projeto surgiu em 2019, na primeira edição deste mesmo evento, que Pinheiro descreve como a melhor feira de que já participou.

“Por acontecer na periferia, ela traz um público que em geral está excluído”, afirma o autor de quadrinhos celebrados, como “Depois Que o Brasil Acabou” e “Carolina”. “Queria trazer um produto sobre esse universo periférico que fosse acessível.”

A primeira proposta era uma fanzine, algo mais artesanal. O projeto foi crescendo no meio-tempo, outros artistas se envolveram e eles conseguiram uma gráfica. A edição de número zero, que serve como protótipo, tem 52 páginas e sai por R$ 35.

O preço está mesmo abaixo do corriqueiro do mercado de quadrinhos no Brasil, onde os lançamentos costumam ter lombada quadrada e páginas coloridas. Para comparação: dos cinco finalistas do prêmio Jabuti de 2022 na categoria de quadrinhos, três custam mais de R$ 100. O “Mil Grau” tem miolo branco e preto e lombada canoa. Foi planejado assim para reduzir os gastos ajustáveis, Pinheiro diz.

A primeira edição tem nomes de peso, além de Pinheiro. Participam, por exemplo, os veteranos Luiz Gê, de “Ah, Como Era Boa a Ditadura…”, e André Toral, de “O Negócio do Sertão”. Está ali também Marcelo D’Salete, que em 2018 ganhou o prêmio Jabuti na categoria quadrinhos e o troféu americano Eisner, considerado o Oscar dos quadrinhos.

“A ideia é reunir histórias curtas com temas diversos”, diz Pinheiro. Ele fala em “histórias brasileiras com personagens reais, gente comum”. Mesmo o capítulo de ficção científica de Álvaro Maia que está nesta edição de “Mil Grau” se encaixa nesse marco, diz, porque tem “sotaque brasileiro” e traz “uma cultura periférica”.

A revista tem uma atualidade óbvia, tratando de assuntos da pauta. Na história “A Mesma Língua”, por exemplo, André Toral toma emprestada a personagem Preta Maravilha, de Pinheiro, para lutar contra a invasão de uma terra indígena. Enquanto ela bate em garimpeiros, a heroína aproveita para explicar: “Não é ‘índio’ que se fala! Essa palavra é pejorativa e se liga ao atraso e a estereótipos!”

Pinheiro insiste, porém, em que a “Mil Grau” não é uma revista utilitária, didática. Em outras palavras, não tem a intenção de forçar os temas sociais nos leitores.

“A gente queria um gibi mesmo, com histórias para ler do começo ao fim”, afirma. “Acaba tendo o contexto social porque é inevitável quando a gente fala do povo. No Brasil, falar de mulheres, de negros e da população LGBT já é um ato político.”

Há também política nesse resgate de um formato de narrativa associado ao mercado nacional: o gibi curto, barato, grampeado, compilando diversas histórias. “Estamos defendendo o quadrinho nacional, resgatando uma tradição”, afirma Pinheiro, citando os nomes de veteranos como Julio Shimamoto, Angeli e Laerte.

Muitas das grandes obras que têm saído no Brasil contam histórias longas, equivalentes a romances. Pinheiro e seus parceiros, porém, querem mais contos, como os que liam quando eram mais jovens. “Narrar uma história em oito páginas não é uma coisa fácil”, diz. Exige o domínio de um formato pouco explorado hoje.

A revista “Mil Grau” deve ser semestral, a princípio. A equipe estuda um formato de assinaturas para tentar reduzir a periodicidade, talvez para que seja trimestral. Mas tudo vai depender, agora, da recepção do projeto.

Em um mercado competitivo com boas opções, tanto comerciais quanto autorais, a aposta é que haja mais leitores como Pinheiro e seus colegas, saudosos das revistinhas grampeadas.

MIL GRAU

Preço: R$ 40 (48 págs.)

Autoria: Diversos artistas

Editora: MMarte

Redação / Folhapress

Revista ‘Mil Grau’ revive coletâneas de contos para resgatar o prazer dos gibis

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – João Pinheiro estava com saudades. Sentia falta de ir à banca e comprar um gibi barato, desses grampeados e com lombada canoa. Queria algo como as HQs de aventura dos anos 1970 ou a revista underground Chiclete com Banana, dos 1980.

Conseguiu por fim o que buscava, mas só porque o criou. Esse quadrinista de 42 anos está lançando o gibi “Mil Grau” com outros artistas nacionais de renome. O lançamento oficial ocorre durante a Perifacon, feira de quadrinhos na periferia paulistana.

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A ideia do projeto surgiu em 2019, na primeira edição deste mesmo evento, que Pinheiro descreve como a melhor feira de que já participou.

“Por acontecer na periferia, ela traz um público que em geral está excluído”, afirma o autor de quadrinhos celebrados, como “Depois Que o Brasil Acabou” e “Carolina”. “Queria trazer um produto sobre esse universo periférico que fosse acessível.”

A primeira proposta era uma fanzine, algo mais artesanal. O projeto foi crescendo no meio-tempo, outros artistas se envolveram e eles conseguiram uma gráfica. A edição de número zero, que serve como protótipo, tem 52 páginas e sai por R$ 35.

O preço está mesmo abaixo do corriqueiro do mercado de quadrinhos no Brasil, onde os lançamentos costumam ter lombada quadrada e páginas coloridas. Para comparação: dos cinco finalistas do prêmio Jabuti de 2022 na categoria de quadrinhos, três custam mais de R$ 100. O “Mil Grau” tem miolo branco e preto e lombada canoa. Foi planejado assim para reduzir os gastos ajustáveis, Pinheiro diz.

A primeira edição tem nomes de peso, além de Pinheiro. Participam, por exemplo, os veteranos Luiz Gê, de “Ah, Como Era Boa a Ditadura…”, e André Toral, de “O Negócio do Sertão”. Está ali também Marcelo D’Salete, que em 2018 ganhou o prêmio Jabuti na categoria quadrinhos e o troféu americano Eisner, considerado o Oscar dos quadrinhos.

“A ideia é reunir histórias curtas com temas diversos”, diz Pinheiro. Ele fala em “histórias brasileiras com personagens reais, gente comum”. Mesmo o capítulo de ficção científica de Álvaro Maia que está nesta edição de “Mil Grau” se encaixa nesse marco, diz, porque tem “sotaque brasileiro” e traz “uma cultura periférica”.

A revista tem uma atualidade óbvia, tratando de assuntos da pauta. Na história “A Mesma Língua”, por exemplo, André Toral toma emprestada a personagem Preta Maravilha, de Pinheiro, para lutar contra a invasão de uma terra indígena. Enquanto ela bate em garimpeiros, a heroína aproveita para explicar: “Não é ‘índio’ que se fala! Essa palavra é pejorativa e se liga ao atraso e a estereótipos!”

Pinheiro insiste, porém, em que a “Mil Grau” não é uma revista utilitária, didática. Em outras palavras, não tem a intenção de forçar os temas sociais nos leitores.

“A gente queria um gibi mesmo, com histórias para ler do começo ao fim”, afirma. “Acaba tendo o contexto social porque é inevitável quando a gente fala do povo. No Brasil, falar de mulheres, de negros e da população LGBT já é um ato político.”

Há também política nesse resgate de um formato de narrativa associado ao mercado nacional: o gibi curto, barato, grampeado, compilando diversas histórias. “Estamos defendendo o quadrinho nacional, resgatando uma tradição”, afirma Pinheiro, citando os nomes de veteranos como Julio Shimamoto, Angeli e Laerte.

Muitas das grandes obras que têm saído no Brasil contam histórias longas, equivalentes a romances. Pinheiro e seus parceiros, porém, querem mais contos, como os que liam quando eram mais jovens. “Narrar uma história em oito páginas não é uma coisa fácil”, diz. Exige o domínio de um formato pouco explorado hoje.

A revista “Mil Grau” deve ser semestral, a princípio. A equipe estuda um formato de assinaturas para tentar reduzir a periodicidade, talvez para que seja trimestral. Mas tudo vai depender, agora, da recepção do projeto.

Em um mercado competitivo com boas opções, tanto comerciais quanto autorais, a aposta é que haja mais leitores como Pinheiro e seus colegas, saudosos das revistinhas grampeadas.

MIL GRAU

Preço: R$ 40 (48 págs.)

Autoria: Diversos artistas

Editora: MMarte

Redação / Folhapress

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