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VALE DO TAQUARI, RS (FOLHAPRESS) – A partir da entrada de Lajeado, no Rio Grande do Sul, vai se revelando, aos poucos, o cenário de destruição no Vale do Taquari após as chuvas dos últimos dias. A vegetação retorcida e campos marrons de lama seca denunciam os impactos da cheia do rio Taquari no município de 93,6 mil habitantes, polo econômico regional.

Na cidade seguinte, a pequena Arroio do Meio, de pouco mais de 21 mil habitantes, os impactos ficam ainda mais evidentes. Com sua casa ao lado da rodovia toda aberta para arejar, o aposentado Vitor Schmitt divide com a esposa a limpeza do espaço. A água quase cobriu todo o piso inferior, assim como o carro estacionado.

Ele perdeu suas plantações de aipim e batata-doce em terra baixa à beira do rio, mas conseguiu salvar seus dois bois. “Tenho 74 anos e nunca vi coisa igual”, conta. Agora, Schmitt e a esposa tentam se resignar com o ocorrido e retomar a rotina. “Tem que ir com calma”, diz. “Langsam”, repete, em alemão, sorrindo.

A situação piora no município seguinte, Roca Sales, que está com entrada restrita e controlada pelas forças policiais gaúchas. A cidade de 10,4 mil habitantes, a primeira visitada pela comitiva federal liderada pelo presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), teve 11 óbitos confirmados.

Em frente a um restaurante, funcionários lavavam louças na rua com mangueira. Em diferentes pontos da cidade, montes de móveis empilhados e entulho apontam o tamanho do prejuízo.

Ao longo do percurso da comitiva federal que esteve na região neste domingo (10), alguns moradores criticavam a visita, que gerou grande movimentação nas ruas degradadas. Um deles gritou que, se quisessem ajudar, que pegassem uma vassoura e se juntassem a ele. A visita durou em torno de meia hora.

Não foram apenas críticas: Alckmin, acompanhado do ministro Paulo Pimenta (PT) e do governador Eduardo Leite (PSDB), ouviu e consolou moradoras que choravam contando as noites de terror durante a enchente. Elas, por sua vez, ouviram a promessa de que a situação vai melhorar o mais rápido possível.

A cidade seguinte visitada pela comitiva foi Muçum, que tem 4.601 habitantes e registra o maior número de mortos (16) e desaparecidos (30). Lá, houve um atrito entre forças de segurança e médicos que precisavam cruzar uma estrada interrompida pela equipe federal.

Uma equipe que seguia a uma região afastada da cidade com remédios como captopril e insulina, além de produtos de higiene, precisou esperar a visita acabar. A médica Natália Werner, que trabalha com estratégia de saúde na cidade de Espumoso, lamenta que a comitiva tenha interrompido a missão do grupo.

“É difícil, porque a gente madrugou para ajudar as pessoas que estão precisando. O hospital é uma zona de guerra”, conta. Questionada sobre como conheceu as colegas de voluntariado, Natália não sabia responder. “Não faço ideia. Simplesmente me juntaram no meio da rua e eu vim.”

Na hora da formação de equipes, quem está disponível apenas sobe no carro. A técnica de enfermagem Ivone Gasparotto, que saiu de Gramado Xavier para ajudar, confirma. “Eu estava lá no hospital aguardando e chegaram precisando de uma técnica porque iam para o interior. Eu me prontifiquei e já conheci todo mundo.”

Entre as pessoas que atendeu, Ivone destaca o caso de uma idosa hipertensa e diabética que ficou ilhada no terceiro andar de um prédio após a inundação do segundo piso. Agora, uma das prioridades é cuidar de quem se machuca durante o processo de faxina das casas.

“O que a gente vai fazer?”, pergunta o morador Jorge Baldasso sobre a situação caótica do município e respondendo à própria pergunta com um movimento de ombros. A água atingiu mais de 1,5 metro dentro do seu prédio de esquina, o que nunca havia acontecido antes.

Apesar de ainda chocado, ele apontou para uma malharia da cidade, uma quadra abaixo, que foi inundada até metade do segundo andar. A fábrica empregava dezenas de funcionários e perdeu todo o maquinário de costura. O curtume local, maior empregadora de Muçum, também foi parcialmente destruído.

Além do impacto das enchentes nas agricultura, indústria e comércio, a enxurrada desestabilizou a principal aposta de Muçum: a expansão das atividades turísticas.

Com uma linha férrea ativa e planos de hotelaria e outras atrações para diversificar a economia local, a população e a administração municipal se dedicavam para pôr a aposta em prática. Com a devastação, o futuro desse plano, e da cidade, está em aberto.

Entretanto, em meio ao choque, há otimismo vindo do próprio setor. A empresária hoteleira Juliana Pereira diz acreditar que o turismo na cidade possa voltar. “As pessoas vão querer vir nos ajudar”, afirma. “Vão querer conhecer a cidade e ajudar a nos reerguer.”

CARLOS VILLELA / Folhapress

‘Tenho 74 anos e nunca vi coisa igual’, diz morador de cidade gaúcha atingida por chuvas

VALE DO TAQUARI, RS (FOLHAPRESS) – A partir da entrada de Lajeado, no Rio Grande do Sul, vai se revelando, aos poucos, o cenário de destruição no Vale do Taquari após as chuvas dos últimos dias. A vegetação retorcida e campos marrons de lama seca denunciam os impactos da cheia do rio Taquari no município de 93,6 mil habitantes, polo econômico regional.

Na cidade seguinte, a pequena Arroio do Meio, de pouco mais de 21 mil habitantes, os impactos ficam ainda mais evidentes. Com sua casa ao lado da rodovia toda aberta para arejar, o aposentado Vitor Schmitt divide com a esposa a limpeza do espaço. A água quase cobriu todo o piso inferior, assim como o carro estacionado.

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Ele perdeu suas plantações de aipim e batata-doce em terra baixa à beira do rio, mas conseguiu salvar seus dois bois. “Tenho 74 anos e nunca vi coisa igual”, conta. Agora, Schmitt e a esposa tentam se resignar com o ocorrido e retomar a rotina. “Tem que ir com calma”, diz. “Langsam”, repete, em alemão, sorrindo.

A situação piora no município seguinte, Roca Sales, que está com entrada restrita e controlada pelas forças policiais gaúchas. A cidade de 10,4 mil habitantes, a primeira visitada pela comitiva federal liderada pelo presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), teve 11 óbitos confirmados.

Em frente a um restaurante, funcionários lavavam louças na rua com mangueira. Em diferentes pontos da cidade, montes de móveis empilhados e entulho apontam o tamanho do prejuízo.

Ao longo do percurso da comitiva federal que esteve na região neste domingo (10), alguns moradores criticavam a visita, que gerou grande movimentação nas ruas degradadas. Um deles gritou que, se quisessem ajudar, que pegassem uma vassoura e se juntassem a ele. A visita durou em torno de meia hora.

Não foram apenas críticas: Alckmin, acompanhado do ministro Paulo Pimenta (PT) e do governador Eduardo Leite (PSDB), ouviu e consolou moradoras que choravam contando as noites de terror durante a enchente. Elas, por sua vez, ouviram a promessa de que a situação vai melhorar o mais rápido possível.

A cidade seguinte visitada pela comitiva foi Muçum, que tem 4.601 habitantes e registra o maior número de mortos (16) e desaparecidos (30). Lá, houve um atrito entre forças de segurança e médicos que precisavam cruzar uma estrada interrompida pela equipe federal.

Uma equipe que seguia a uma região afastada da cidade com remédios como captopril e insulina, além de produtos de higiene, precisou esperar a visita acabar. A médica Natália Werner, que trabalha com estratégia de saúde na cidade de Espumoso, lamenta que a comitiva tenha interrompido a missão do grupo.

“É difícil, porque a gente madrugou para ajudar as pessoas que estão precisando. O hospital é uma zona de guerra”, conta. Questionada sobre como conheceu as colegas de voluntariado, Natália não sabia responder. “Não faço ideia. Simplesmente me juntaram no meio da rua e eu vim.”

Na hora da formação de equipes, quem está disponível apenas sobe no carro. A técnica de enfermagem Ivone Gasparotto, que saiu de Gramado Xavier para ajudar, confirma. “Eu estava lá no hospital aguardando e chegaram precisando de uma técnica porque iam para o interior. Eu me prontifiquei e já conheci todo mundo.”

Entre as pessoas que atendeu, Ivone destaca o caso de uma idosa hipertensa e diabética que ficou ilhada no terceiro andar de um prédio após a inundação do segundo piso. Agora, uma das prioridades é cuidar de quem se machuca durante o processo de faxina das casas.

“O que a gente vai fazer?”, pergunta o morador Jorge Baldasso sobre a situação caótica do município e respondendo à própria pergunta com um movimento de ombros. A água atingiu mais de 1,5 metro dentro do seu prédio de esquina, o que nunca havia acontecido antes.

Apesar de ainda chocado, ele apontou para uma malharia da cidade, uma quadra abaixo, que foi inundada até metade do segundo andar. A fábrica empregava dezenas de funcionários e perdeu todo o maquinário de costura. O curtume local, maior empregadora de Muçum, também foi parcialmente destruído.

Além do impacto das enchentes nas agricultura, indústria e comércio, a enxurrada desestabilizou a principal aposta de Muçum: a expansão das atividades turísticas.

Com uma linha férrea ativa e planos de hotelaria e outras atrações para diversificar a economia local, a população e a administração municipal se dedicavam para pôr a aposta em prática. Com a devastação, o futuro desse plano, e da cidade, está em aberto.

Entretanto, em meio ao choque, há otimismo vindo do próprio setor. A empresária hoteleira Juliana Pereira diz acreditar que o turismo na cidade possa voltar. “As pessoas vão querer vir nos ajudar”, afirma. “Vão querer conhecer a cidade e ajudar a nos reerguer.”

CARLOS VILLELA / Folhapress

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