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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A coroação do rei Charles 3º é um sacramento, ou seja, um ato religioso da Igreja Anglicana. Por isso, é correto chamar de liturgia essa coleção de símbolos e gestos cuidadosamente estudados e coerentes com uma tradição, ainda que também respondam às necessidades de atualização das duas instituições –igreja e realeza– que apresentarão seu supremo governante neste sábado (6), na Abadia de Westminster.

Editor-chefe da revista The Economist no século 19 e um dos principais tradutores do espírito da monarquia constitucionalista, o jornalista Walter Bagehot (1826-1877) foi preciso ao estabelecer o caráter de entretenimento que injeta magnetismo na monarquia. Para Bagehot, a monarquia é um sistema de governo “que se concentra em uma pessoa fazendo ações interessantes, enquanto a República dissolve a atenção da nação entre várias pessoas, cada uma delas atuando de forma desinteressante”.

Assim, a força da monarquia seria a capacidade de oferecer teatralidade e gestos de enorme amplitude que falam diretamente ao coração. Fascistas perseguem sentimentos parecidos, e os nazistas também fizeram sua aposta na estética para conquistar as massas, com retórica simples e música opulenta.

No entanto, o grande trunfo da monarquia é que sua “ópera” não propõe rupturas, mas uma conciliação entre o tempo presente e a tradição. De reis e rainhas espera-se que sejam árbitros da honra e representação física do Estado e da história. Assim, o mundo assistirá neste sábado à dramatização de como um personagem é ungido para desempenhar essa utopia: um príncipe que se torna Estado.

É até apropriado que o regente dessa ópera seja o italiano Antonio Pappano, titular da Royal Opera House e acostumado a imprimir tensão musical às dramaturgias em cena. Os músicos são extraídos de variadas orquestras, como a Royal Philharmonic e a English Chamber Orchestra, das quais Charles é patrono.

Historicamente, a coroação britânica buscou seus significados no Velho Testamento, que narra como o profeta Samuel promoveu a unção divina dos reis de Israel, a partir de Saul e Davi, com óleo perfumado.

No entanto, como aponta a teóloga Margaret Barker, é no relato do rei Salomão que a Igreja da Inglaterra busca seu paradigma para o momento mais crucial da cerimônia. Charles 3º será ungido ao som de “Zadok the Priest”, estridente hino composto pelo mestre barroco George Frederick Handel. Seus ouvidos não vão se enganar: a obra serviu de modelo para o popíssimo tema da Champions League.

Zadoque (Zadok) foi, segundo os Salmos, o sacerdote que, ao lado do profeta Natã (Nathan) l, derramou óleo perfumado sobre a testa do rei Salomão, que leva na Bíblia hebraica a fama de sua sabedoria. Nesse que é o momento mais central (e discreto) do sacramento, Charles receberá a unção diante do arcebispo da Cantuária, Justin Welby, e do arcebispo anglicano de Jerusalém, que abençoou o líquido na Basílica do Santo Sepulcro. É da Terra Santa que vem o óleo de unção, um preparado de azeite com mirra, canela, jasmim e outros óleos essenciais. Desta vez, será uma versão sustentável –Charles exigiu a retirada do âmbar, colhido da baleia cachalote e usado na cerimônia de sua mãe.

Musicalmente, a cerimônia começará com certa estridência: “I Was Glad”, hino de Hubert Parry (1848-1918), já executado no casamento de Kate e William, usa letra do Salmo 122 para convocar a entrada da procissão. O efeito dos trompetes marciais dialogando com as cordas e submergindo no peso do órgão da abadia é imediato, comunicando alegria e majestade com os coros de Westminster e da Capela Real.

Quintessencialmente inglesa, a marcha “Pompa e Circunstância nº 4”, de Elgar, está programada para as partes derradeiras do evento. Representarão o passado o renascentista William Byrd, com “Missa a Quatro Vozes” e “Prevent us, O Lord”, e o barroco Orlando Gibbons, enquanto a música do presente fica a cargo de 12 compositores comissionados pelo Palácio de Buckingham, dos quais cinco são mulheres.

O mais famoso deles é Andrew Lloyd Webber, autor do musical “O Fantasma da Ópera”, que responde por “Make a Joyful Noise”, hino que entronizará Camilla Parker Bowles como rainha, finalmente alçada ao protagonismo na maior forma de entretenimento da Inglaterra.

MÁRVIO DOS ANJOS / Folhapress

Charles 3º aposta na música do passado e do presente na ‘ópera’ da coroação

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A coroação do rei Charles 3º é um sacramento, ou seja, um ato religioso da Igreja Anglicana. Por isso, é correto chamar de liturgia essa coleção de símbolos e gestos cuidadosamente estudados e coerentes com uma tradição, ainda que também respondam às necessidades de atualização das duas instituições –igreja e realeza– que apresentarão seu supremo governante neste sábado (6), na Abadia de Westminster.

Editor-chefe da revista The Economist no século 19 e um dos principais tradutores do espírito da monarquia constitucionalista, o jornalista Walter Bagehot (1826-1877) foi preciso ao estabelecer o caráter de entretenimento que injeta magnetismo na monarquia. Para Bagehot, a monarquia é um sistema de governo “que se concentra em uma pessoa fazendo ações interessantes, enquanto a República dissolve a atenção da nação entre várias pessoas, cada uma delas atuando de forma desinteressante”.

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Assim, a força da monarquia seria a capacidade de oferecer teatralidade e gestos de enorme amplitude que falam diretamente ao coração. Fascistas perseguem sentimentos parecidos, e os nazistas também fizeram sua aposta na estética para conquistar as massas, com retórica simples e música opulenta.

No entanto, o grande trunfo da monarquia é que sua “ópera” não propõe rupturas, mas uma conciliação entre o tempo presente e a tradição. De reis e rainhas espera-se que sejam árbitros da honra e representação física do Estado e da história. Assim, o mundo assistirá neste sábado à dramatização de como um personagem é ungido para desempenhar essa utopia: um príncipe que se torna Estado.

É até apropriado que o regente dessa ópera seja o italiano Antonio Pappano, titular da Royal Opera House e acostumado a imprimir tensão musical às dramaturgias em cena. Os músicos são extraídos de variadas orquestras, como a Royal Philharmonic e a English Chamber Orchestra, das quais Charles é patrono.

Historicamente, a coroação britânica buscou seus significados no Velho Testamento, que narra como o profeta Samuel promoveu a unção divina dos reis de Israel, a partir de Saul e Davi, com óleo perfumado.

No entanto, como aponta a teóloga Margaret Barker, é no relato do rei Salomão que a Igreja da Inglaterra busca seu paradigma para o momento mais crucial da cerimônia. Charles 3º será ungido ao som de “Zadok the Priest”, estridente hino composto pelo mestre barroco George Frederick Handel. Seus ouvidos não vão se enganar: a obra serviu de modelo para o popíssimo tema da Champions League.

Zadoque (Zadok) foi, segundo os Salmos, o sacerdote que, ao lado do profeta Natã (Nathan) l, derramou óleo perfumado sobre a testa do rei Salomão, que leva na Bíblia hebraica a fama de sua sabedoria. Nesse que é o momento mais central (e discreto) do sacramento, Charles receberá a unção diante do arcebispo da Cantuária, Justin Welby, e do arcebispo anglicano de Jerusalém, que abençoou o líquido na Basílica do Santo Sepulcro. É da Terra Santa que vem o óleo de unção, um preparado de azeite com mirra, canela, jasmim e outros óleos essenciais. Desta vez, será uma versão sustentável –Charles exigiu a retirada do âmbar, colhido da baleia cachalote e usado na cerimônia de sua mãe.

Musicalmente, a cerimônia começará com certa estridência: “I Was Glad”, hino de Hubert Parry (1848-1918), já executado no casamento de Kate e William, usa letra do Salmo 122 para convocar a entrada da procissão. O efeito dos trompetes marciais dialogando com as cordas e submergindo no peso do órgão da abadia é imediato, comunicando alegria e majestade com os coros de Westminster e da Capela Real.

Quintessencialmente inglesa, a marcha “Pompa e Circunstância nº 4”, de Elgar, está programada para as partes derradeiras do evento. Representarão o passado o renascentista William Byrd, com “Missa a Quatro Vozes” e “Prevent us, O Lord”, e o barroco Orlando Gibbons, enquanto a música do presente fica a cargo de 12 compositores comissionados pelo Palácio de Buckingham, dos quais cinco são mulheres.

O mais famoso deles é Andrew Lloyd Webber, autor do musical “O Fantasma da Ópera”, que responde por “Make a Joyful Noise”, hino que entronizará Camilla Parker Bowles como rainha, finalmente alçada ao protagonismo na maior forma de entretenimento da Inglaterra.

MÁRVIO DOS ANJOS / Folhapress

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