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SÃO CARLOS, SP (FOLHAPRESS) – Cortar preventivamente os chifres dos rinocerontes, uma medida drástica para evitar que os animais sejam alvos da caça ilegal, está relacionada a uma diminuição das mortes dos paquidermes -mas também está alterando o comportamento deles, com consequências que são difíceis de prever, alerta um novo estudo.

Os dados vêm de um levantamento realizado com populações de rinocerontes-negros (Diceros bicornis) que vivem em dez reservas da África do Sul. O trabalho, coordenado por Vanessa Duthé, da Universidade de Neuchâtel (Suíça), acaba de sair no periódico científico americano PNAS.

Com uma população total que hoje não ultrapassa os 5.000 indivíduos, os rinocerontes-negros, a exemplo de outras espécies de seu grupo, correm risco de extinção por diversos fatores, entre os quais se destaca o alto valor atribuído a seus chifres na medicina tradicional e outras práticas culturais do Sudeste Asiático. Estima-se que 1 kg de chifre de rinoceronte valha cerca de R$ 300 mil no mercado ilegal de produtos derivados da biodiversidade -mais do que ouro ou diamante.

Diante disso, conservacionistas têm adotado a remoção preventiva dos chifres, feita após anestesiar os animais na natureza, com a intenção de tirar de cena o incentivo econômico que os caçadores têm para matar os paquidermes. Nos locais estudados por Duthé e seus colegas na África do Sul, por exemplo, a proporção de rinocerontes cujos chifres foram retirados aumentou de 0% em 2013 para 63% em 2020.

Para verificar se a medida trouxe resultados do ponto de vista da conservação da espécie, a pesquisadora e seus colaboradores compilaram dados sobre 368 rinocerontes dessas reservas, recolhidos entre 2005 e 2020, correspondendo a mais de 24 mil avistamentos dos bichos.

A primeira conclusão é que tanto as mortes causadas por caçadores quanto as ligadas a outros fatores, como confrontos entre membros da espécie, caíram depois que as campanhas de “deschiframento” começaram. Embora a caça tenha diminuído em todo o território sul-africano nesse período, a queda foi mais significativa nos territórios em que a retirada dos chifres se popularizou.

Ainda não é possível afirmar que há uma relação de causa e efeito, porém, já que o espalhamento da prática de serrar os chifres coincidiu com o endurecimento das punições aos caçadores, tanto na África do Sul quanto no Zimbábue, dizem os pesquisadores. De qualquer maneira, não há indícios de que a perda do chifre aumente o risco de mortalidade para os animais mutilados.

O problema, por enquanto, parece ser outro. Como os chifres são armas importantes para os confrontos entre machos da espécie e também com outros animais de grande porte, como os elefantes, tudo indica que a ausência deles está levando os rinocerontes-negros a recuar diante de ameaças.

Isso porque, no período após a introdução do “deschiframento”, o território ocupado por cada indivíduo ficou, em média, 45% menor. Além disso, os indivíduos sem chifre reduziram em 37% as interações sociais com outros rinocerontes.

“As interações entre machos são as mais afetadas”, explicou Duthé à Folha. Por outro lado, ela diz que não é provável que as fêmeas acabem escolhendo apenas machos com chifres. “No geral, não vimos uma mudança no crescimento populacional, e isso também não apareceu num estudo feito na Namíbia”, diz ela.

“No entanto, a redução das interações, por causa da queda no comportamento exploratório, pode afetar o sucesso reprodutivo dos indivíduos. Machos dominantes que costumavam ter territórios muito grandes, com muita sobreposição com territórios de fêmeas, agora podem acabar gerando menos filhotes”, pondera. O efeito exato só poderá ser elucidado com mais monitoramento de longo prazo, mas os dados iniciais indicam que não é possível depender da retirada dos chifres como solução mágica para o problema do declínio populacional dos animais.

REINALDO JOSÉ LOPES / Folhapress

Corte preventivo dos chifres diminui mortes, mas muda comportamento de rinocerontes-negros

SÃO CARLOS, SP (FOLHAPRESS) – Cortar preventivamente os chifres dos rinocerontes, uma medida drástica para evitar que os animais sejam alvos da caça ilegal, está relacionada a uma diminuição das mortes dos paquidermes -mas também está alterando o comportamento deles, com consequências que são difíceis de prever, alerta um novo estudo.

Os dados vêm de um levantamento realizado com populações de rinocerontes-negros (Diceros bicornis) que vivem em dez reservas da África do Sul. O trabalho, coordenado por Vanessa Duthé, da Universidade de Neuchâtel (Suíça), acaba de sair no periódico científico americano PNAS.

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Com uma população total que hoje não ultrapassa os 5.000 indivíduos, os rinocerontes-negros, a exemplo de outras espécies de seu grupo, correm risco de extinção por diversos fatores, entre os quais se destaca o alto valor atribuído a seus chifres na medicina tradicional e outras práticas culturais do Sudeste Asiático. Estima-se que 1 kg de chifre de rinoceronte valha cerca de R$ 300 mil no mercado ilegal de produtos derivados da biodiversidade -mais do que ouro ou diamante.

Diante disso, conservacionistas têm adotado a remoção preventiva dos chifres, feita após anestesiar os animais na natureza, com a intenção de tirar de cena o incentivo econômico que os caçadores têm para matar os paquidermes. Nos locais estudados por Duthé e seus colegas na África do Sul, por exemplo, a proporção de rinocerontes cujos chifres foram retirados aumentou de 0% em 2013 para 63% em 2020.

Para verificar se a medida trouxe resultados do ponto de vista da conservação da espécie, a pesquisadora e seus colaboradores compilaram dados sobre 368 rinocerontes dessas reservas, recolhidos entre 2005 e 2020, correspondendo a mais de 24 mil avistamentos dos bichos.

A primeira conclusão é que tanto as mortes causadas por caçadores quanto as ligadas a outros fatores, como confrontos entre membros da espécie, caíram depois que as campanhas de “deschiframento” começaram. Embora a caça tenha diminuído em todo o território sul-africano nesse período, a queda foi mais significativa nos territórios em que a retirada dos chifres se popularizou.

Ainda não é possível afirmar que há uma relação de causa e efeito, porém, já que o espalhamento da prática de serrar os chifres coincidiu com o endurecimento das punições aos caçadores, tanto na África do Sul quanto no Zimbábue, dizem os pesquisadores. De qualquer maneira, não há indícios de que a perda do chifre aumente o risco de mortalidade para os animais mutilados.

O problema, por enquanto, parece ser outro. Como os chifres são armas importantes para os confrontos entre machos da espécie e também com outros animais de grande porte, como os elefantes, tudo indica que a ausência deles está levando os rinocerontes-negros a recuar diante de ameaças.

Isso porque, no período após a introdução do “deschiframento”, o território ocupado por cada indivíduo ficou, em média, 45% menor. Além disso, os indivíduos sem chifre reduziram em 37% as interações sociais com outros rinocerontes.

“As interações entre machos são as mais afetadas”, explicou Duthé à Folha. Por outro lado, ela diz que não é provável que as fêmeas acabem escolhendo apenas machos com chifres. “No geral, não vimos uma mudança no crescimento populacional, e isso também não apareceu num estudo feito na Namíbia”, diz ela.

“No entanto, a redução das interações, por causa da queda no comportamento exploratório, pode afetar o sucesso reprodutivo dos indivíduos. Machos dominantes que costumavam ter territórios muito grandes, com muita sobreposição com territórios de fêmeas, agora podem acabar gerando menos filhotes”, pondera. O efeito exato só poderá ser elucidado com mais monitoramento de longo prazo, mas os dados iniciais indicam que não é possível depender da retirada dos chifres como solução mágica para o problema do declínio populacional dos animais.

REINALDO JOSÉ LOPES / Folhapress

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