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BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Há 80 anos, em 1943, Belo Horizonte recebia da gestão de seu então prefeito, Juscelino Kubitschek (1902-1976), o Conjunto Moderno da Pampulha, projetado por Oscar Niemeyer.

Pouco depois da inauguração, fatores políticos, religiosos e naturais descaracterizaram a proposta modernista e lançaram a Pampulha a um destino incerto, com períodos de decadência. Na linha do tempo, foi apenas nas últimas décadas que o lugar retomou seu prestígio, inclusi ve com reconhecimento da Unesco como Patrimônio Cultural Mundial, em 2016.

O Cassino se tornou o Museu de Arte da Pampulha (MAP), em 1957. A Casa do Baile funciona, desde 2002, como Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design. O Iate Tênis Clube mantém as atividades para associados. A Igrejinha se tornou o Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis. O paisagismo de Burle Marx (1909-1994), presente em todos os jardins do conjunto, está preservado.

A relação direta da população com esse patrimônio, no entanto, impõe desafios ambientais, urbanísticos e turísticos constantes. Ainda mais quando se considera que o lugar está dentro de um conjunto urbano com demandas próprias.

Por isso –e para marcar os 80 anos– a prefeitura criou uma comissão multidisciplinar de gestão integrada do complexo. Ainda dentro da programação de aniversário, está aberta na Casa do Baile uma exposição com curadoria de Guilherme Wisnik e Marina Frúgoli, com obras relacionadas à história da Pampulha.

Tudo começou em 1940. A capital mineira já existia há quase meio século e ainda não tinha um lugar para o lazer aquático de moradores e turistas. Um lago recém-inaugurado na região da antiga fazenda Santo Antônio da Pampulha foi uma oportunidade para JK marcar a política modernizadora de seu mandato iniciado naquele ano.

O “prefeito furacão” conheceu Oscar Niemeyer (1907-2012) depois de uma conversa com Gustavo Capanema (1900-1985), ministro da Educação e Saúde do governo Vargas. O jovem arquiteto era integrante da equipe que projetava o prédio do ministério de Capanema, no Rio de Janeiro.

Para Belo Horizonte, Niemeyer criou um projeto que se relacionava formalmente com a paisagem. Nas porções da orla mais para dentro do espelho d’água, distribuíram-se os prédios do Cassino, de um hotel que não chegou a ser construído, da Igreja São Francisco de Assis, do Iate Golfe Clube e da Casa do Baile.

“A arquitetura do Niemeyer é feita de formas livres. Para uma leitura formal, elas têm de estar autônomas e relacionadas com a linha do horizonte. Essa poética dele nasceu na Pampulha”, afirma Guilherme Wisnik, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

A proposta era de integração da população com a natureza. Além de fomento a novas formas de sociabilidade, com o estímulo à convivência entre diferentes classes sociais. O que não aconteceu.

Com a ligação do conjunto ao centro da capital por linhas de bonde, a prefeitura até incentivou o acesso. Mas, ao mesmo tempo, as residências de luxo que logo se instalaram ali e as condições socioeconômicas esperadas dos frequentadores do Iate e do Cassino consolidaram uma imagem elitista da região.

Apenas a Casa do Baile foi planejada para jantares dançantes mais populares. Com seu pequeno formato circular ligado a uma marquise ondulante, tudo nela sugere movimento, sensualidade.

Para Wisnik, a forma leve e sinuosa da marquise caracteriza o “hedonismo tropical” da arquitetura moderna brasileira, um desvio dos dogmas do funcionalismo. “Não é só a função que está sendo atendida, tem alguma coisa de prazer.”

Liberdade que se vê também na icônica Igreja São Francisco de Assis. “É a primeira obra que já é moderna. Você não sabe se aquelas cascas da igreja são telhado ou são paredes. A diferença é dissolvida, vira um volume plástico”, diz Wisnik.

Mas nada a livrou de esperar até 1959 para ser consagrada e acolher a primeira missa. Tudo porque autoridades religiosas da época consideravam o conjunto “pecaminoso”.

Em 1946, o governo Dutra decretou a proibição dos jogos de azar no país. O Cassino, com apenas três anos de funcionamento, foi fechado. Sem o público que atraía movimentação e recursos, a dinâmica da Pampulha foi abalada.

O rompimento da barragem, em 1954, representou outro golpe na concepção idílica do lugar. O aeroporto foi atingido e muitas casas, destruídas. O Iate foi privatizado na década de 1960. Um pouco antes, no entanto, já havia perdido sua área reservada para o golfe. O lago começou a sofrer processos de assoreamento e poluição.

JOÃO RABELO / Folhapress

Entenda a Pampulha de Oscar Niemeyer, em Belo Horizonte, 80 anos depois

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Há 80 anos, em 1943, Belo Horizonte recebia da gestão de seu então prefeito, Juscelino Kubitschek (1902-1976), o Conjunto Moderno da Pampulha, projetado por Oscar Niemeyer.

Pouco depois da inauguração, fatores políticos, religiosos e naturais descaracterizaram a proposta modernista e lançaram a Pampulha a um destino incerto, com períodos de decadência. Na linha do tempo, foi apenas nas últimas décadas que o lugar retomou seu prestígio, inclusi ve com reconhecimento da Unesco como Patrimônio Cultural Mundial, em 2016.

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O Cassino se tornou o Museu de Arte da Pampulha (MAP), em 1957. A Casa do Baile funciona, desde 2002, como Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design. O Iate Tênis Clube mantém as atividades para associados. A Igrejinha se tornou o Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis. O paisagismo de Burle Marx (1909-1994), presente em todos os jardins do conjunto, está preservado.

A relação direta da população com esse patrimônio, no entanto, impõe desafios ambientais, urbanísticos e turísticos constantes. Ainda mais quando se considera que o lugar está dentro de um conjunto urbano com demandas próprias.

Por isso –e para marcar os 80 anos– a prefeitura criou uma comissão multidisciplinar de gestão integrada do complexo. Ainda dentro da programação de aniversário, está aberta na Casa do Baile uma exposição com curadoria de Guilherme Wisnik e Marina Frúgoli, com obras relacionadas à história da Pampulha.

Tudo começou em 1940. A capital mineira já existia há quase meio século e ainda não tinha um lugar para o lazer aquático de moradores e turistas. Um lago recém-inaugurado na região da antiga fazenda Santo Antônio da Pampulha foi uma oportunidade para JK marcar a política modernizadora de seu mandato iniciado naquele ano.

O “prefeito furacão” conheceu Oscar Niemeyer (1907-2012) depois de uma conversa com Gustavo Capanema (1900-1985), ministro da Educação e Saúde do governo Vargas. O jovem arquiteto era integrante da equipe que projetava o prédio do ministério de Capanema, no Rio de Janeiro.

Para Belo Horizonte, Niemeyer criou um projeto que se relacionava formalmente com a paisagem. Nas porções da orla mais para dentro do espelho d’água, distribuíram-se os prédios do Cassino, de um hotel que não chegou a ser construído, da Igreja São Francisco de Assis, do Iate Golfe Clube e da Casa do Baile.

“A arquitetura do Niemeyer é feita de formas livres. Para uma leitura formal, elas têm de estar autônomas e relacionadas com a linha do horizonte. Essa poética dele nasceu na Pampulha”, afirma Guilherme Wisnik, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

A proposta era de integração da população com a natureza. Além de fomento a novas formas de sociabilidade, com o estímulo à convivência entre diferentes classes sociais. O que não aconteceu.

Com a ligação do conjunto ao centro da capital por linhas de bonde, a prefeitura até incentivou o acesso. Mas, ao mesmo tempo, as residências de luxo que logo se instalaram ali e as condições socioeconômicas esperadas dos frequentadores do Iate e do Cassino consolidaram uma imagem elitista da região.

Apenas a Casa do Baile foi planejada para jantares dançantes mais populares. Com seu pequeno formato circular ligado a uma marquise ondulante, tudo nela sugere movimento, sensualidade.

Para Wisnik, a forma leve e sinuosa da marquise caracteriza o “hedonismo tropical” da arquitetura moderna brasileira, um desvio dos dogmas do funcionalismo. “Não é só a função que está sendo atendida, tem alguma coisa de prazer.”

Liberdade que se vê também na icônica Igreja São Francisco de Assis. “É a primeira obra que já é moderna. Você não sabe se aquelas cascas da igreja são telhado ou são paredes. A diferença é dissolvida, vira um volume plástico”, diz Wisnik.

Mas nada a livrou de esperar até 1959 para ser consagrada e acolher a primeira missa. Tudo porque autoridades religiosas da época consideravam o conjunto “pecaminoso”.

Em 1946, o governo Dutra decretou a proibição dos jogos de azar no país. O Cassino, com apenas três anos de funcionamento, foi fechado. Sem o público que atraía movimentação e recursos, a dinâmica da Pampulha foi abalada.

O rompimento da barragem, em 1954, representou outro golpe na concepção idílica do lugar. O aeroporto foi atingido e muitas casas, destruídas. O Iate foi privatizado na década de 1960. Um pouco antes, no entanto, já havia perdido sua área reservada para o golfe. O lago começou a sofrer processos de assoreamento e poluição.

JOÃO RABELO / Folhapress

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